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Agora, Rhys está preocupado não só em reencontrar Maia como também em ajudar o povo hospitaleiro de Rysel que, mesmo entre tantas dificuldades e privações, não lhe negaram auxílio.

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Ela parecia muito com a Mieu, com a exceção de que parte de seu corpo estava com partes sem pele sintética, expondo seu esqueleto de metal. Andando cambaleante de um lado para outro, como que murmurando ruídos mecânicos e de linguagem, mantinha a cabeça baixa. Seus cabelos vermelhos escorriam por diante de sua fronte cobrindo-lhe o rosto.

Seu ombros e perna expostas ao calor de Aridia não lhe afetavam. Cheguei até a questionar-me se o próprio calor teria feito aquilo com sua pele. Estava descaradamente confuso com aquilo que via. Mieu, solícita como sempre, se dispôs a falar contando-me algumas coisas sobre ela.

Contou-me que era um andróide do mesmo modelo que o dela, chamdo Miun e que provavelmente lutara junto com Orakio séculos antes. Eu ainda estava em dúvida sobre a existência real ou não do meu antepassado e, com certa pressa, toquei-lhe o ombro metálico que, como que em chamas, queimou-me a mão nua. Isso serviu para detê-la por um instante.

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Ergueu a cabeça e pude vê-la com clareza. Metade de sua face estava sem sua cobertura cutânea. Um espectro azul servia como gêmeo ao outro olho, castanho e intacto. Perguntou então, com alguma dificuldade onde estava Orakio. Ela também sabia que estava ali há mil anos esperando por ele. Miun então fitou-me de cima abaixo com aquele olhar assustador e imprevisível e disse: “Eu reconheceria sua espada negra em qualquer lugar”. E voltou a caminhar tropegamente como antes fazia como se não estivéssemos lá.

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Vi que seria inútil prosseguir com tentativas de conversação e rumamos para a cidade mais ao Sul que descobrimos, bem depressa, que se chamava Hazatak. Uma cidade habitada somente por andróides dos mais variados tipos que, tentando nos ajudar, informaram que o aparelho de controle de clima ficava a Leste dali. Todavia, informaram que somente o andróide Wren, que estava numa caverna à Oeste, saberia como consertá-lo.

O calor me afetara grandemente e ainda que Mieu não se incomodasse muito com isso, eu precisava descansar um pouco antes de prosseguir… Estava cansado, seco por fora e por dentro… Aquela caminhada no deserto de Aridia tinha sido terrível… Felizmente, aquela cidade outrora devia ter possuído habitantes humanos por ainda possuir grama cuidada pelos seus atuais residentes e ter sido estabelecida próxima a água potável. O que não quer dizer que eram inumanos que ali estavam… Eram solícitos e nos ajudavam. Não deixava de pensar que, um dia, há anos atrás, um antepassado meu teve a oportunidade de estar rodeado de leais companheiros de metal. Que o ajudavam tanto pessoalmente como na guerra contra a bruxa negra Laya… Não pude contemplar isso muito, pois não tardou para rumarmos a Oeste em busca do andróide Wren; uma peça-chave na nossa jornada em busca de Maia…

Deparamo-nos com o problema de qual caverna seria a correta ao vermos duas diante de nós. Todavia, como uma delas possuia aquele mesmo negrume sólido que nos impedia de entrar, arriscamos nossa sorte na outra. Como em todo nosso caminho até então, haviam muitas criaturas furiosas que reivindicavam seu território de nós, seus invasores. O calor que sentíamos do lado de fora estava ainda ali dentro; não no ar, mas em nossos músculos de tanto que os mexíamos para nos defender como podíamos. Após andarmos um pouco, encontramos quem procurávamos.

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Ele tinha uma aparência robótica muito mais evidente que Mieu. Estava coberto de poeira e sugeria estar sem funcionar. Todavia, ele não reagia a mim como ocorrera com minha companheira de viagem. Ela então aproximou-se dele e, com alguns toques rápidos, pude ouvir um barulho estranho que indicava que estava recuperando parte de sua energia.

Mecanicamente, ele nos disse, ainda escorado na parede, que era um ciborgue do tipo Wren programado para servir orakianos. Sua fala era muito menos humana que a de Mieu, mas ainda assim não conseguia olhar para ele e pensar que era um mero objeto como uma cadeira ou uma mesa… Me sentia desconfortável por ter que chamá-lo pelo seu modelo; mas depois, acabou se tornando verdadeiramente o seu nome. Ele tinha algo a mais nele que só se mostrava de maneira diferente. Será que variava de andróide para andróide ou somente por seus modelos?…

Complementou dizendo que era especialista em tecnologia de sistemas e em combate. Perguntamos se poderia soluciona o problema do controle de clima. Respondeu que sim, mas que para ser mais eficiente no caminho, precisaria de algum armamento já que fora abandonado ali há muito tempo e haviam-lhe roubado o que possuía. Na cidade dos ciborgues, encontramos um que pareceu gostar (não posso afirmar com certeza dada a sua sempre séria expressão facial).

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Quando chegamos finalmente ao Centro de Controle de Clima, deparamo-nos com um rosto conhecido. Lyle estava ali com propósito semelhante ao nosso. Disse que tentara consertar o sistema de controle sozinho, mas que não obteve sucesso. Sabia, porém, que Wren poderia ajudá-lo nisso e pediu a mim que salvasse seu mundo que estava sofrendo com frio e fome lembrando que me dera a Safira anteriormente. Eu disse somente que sim. Mas em meu âmago eu sentia que, mesmo que ele não tivesse me ajudado no passado (pois não tinha obrigação de fazê-lo), ainda assim restauraria o clima à sua normalidade. Tinha prometido e devia isso ao povo de Rysel.

Aquele lugar estava habitado por monstros e criaturas estranhas tais como aquelas que vínhamos encontrando durante nossa jornada. O local devia estar vazio há muito tempo dada a quantidade de adversários que tivemos que enfrentar.

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De qualquer modo, Wren conseguiu consertar facilmente o sistema de controle do clima. Lyle nos agradeceu efusivamente e nos convidou a irmos com ele até sua terra. Pensava que fosse Rysel, mas ele me informou que poderíamos pegar um barco desta vila até a sua cidade. O que me preocupou um pouco e me aliviou. Afinal, era para além daquele lago congelado que iria de qualquer forma em busca de Maia… Naquele momento, fiquei confuso, mas achei melhor não dizer nada. E voltamos por onde viemos, em direção à caverna pela qual entramos naquela aridez que corroía minha pele e meu coração.
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Diário de Bordo: Phantasy Star III – A primeira geração (03)
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8 ideias sobre “Diário de Bordo: Phantasy Star III – A primeira geração (03)

  • 03/05/2009 em 9:17 pm
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    Adoro este jogo cara, meu primeiro Phantasy Star que zerei….bons tempos. E agora, muito mais legal ler a estória romanceada. É o que sempre quis fzr ou ler xD Deu até vontade de jogar novamente ^^
    Tá muito bom cara, parabéns.

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  • 03/05/2009 em 9:25 pm
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    @Marcio
    Valeu! hehe Eu comecei algo mais ambicioso anos atrás (fazer um livrão mesmo), mas acabei abandonando a idéia. Esse é mais simples e a idéia de ir contando conforme vou jogando me atraiu mais do que fazer uma coisa absurdamente trabalhosa e que levaria em conta pouco jogo de fato.

    Continue acompanhando porque tem muito chão ainda pela frente. hehe

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  • 03/05/2009 em 10:07 pm
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    @Marcio
    Ainda bem que gosta deles porque eles permanecem as três gerações! huahuahua

    Eu gosto deles também. Principalmente por serem tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. São ciborgues, mas agem e são de formas muito distintas um do outro.

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  • 12/05/2009 em 5:02 pm
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    Estou atrasado para comentar de novo, mas estou acompanhando. Tá dando até vontade de jogar PSIII de novo.

    Vendo essa última foto do labirinto eu me lembrei de como gosto dos gráficos do PSIII. Os monstros e os cenários de batalha são um desastre, mas os gráficos das cidades, labirintos e personagens são fabulosos. Adoro também a forma como as cores foram usadas. PSIII tem um estilo único.

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  • 13/05/2009 em 10:33 pm
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    @Orakio Rob, “O Gagá”
    Cara, eu adoro a arte de Phantasy Star III. Acho o Toyo Ozaki (que criou os personagens) muito criativo. Ele fugiu um pouco do estilão Star Wars dos personagens e criou algo novo. O mesmo se aplica aos cenários das cidades e do mapa de modo geral. E concordo com o que disse: os monstros e os cenários são horríveis.

    Mas tenho algumas ressalvas. A despeito de muitos toscos, acho alguns inimigos aleatórios muito bem pensados e que seriam melhor aproveitados se os movimentos deles fossem melhores. Até mesmo aquela placa de trânsito bizarra. Eu ficaria assustado se uma placa do nada começasse a me atacar. E acho bem feita a grama nas batalhas na planície (fora de dungeons); mas só. Acho o céu meio estranho… Sei lá…

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