Olá crianças!

Tenho muitas resenhas rascunhadas por aqui para divulgar a vocês assim que julgá-las boas o suficiente, mas é engraçado como esta aqui, que é a mais recente de todas, tenha saído antes. Seja como for, fica o alerta de que embora não veja nenhum problema em revelar coisas do enredo, evito isso com afinco porque sei que há pessoas que não gostam de estragar quaisquer surpresas que possam ter.

Radical Dreamers é um text adventure como muitos daqueles que já falei por aqui com vocês. Embora, claro, seja bem mais simples e direcionado do que Snatcher, Policenauts ou os Text Adventures de Phantasy Star II. Isso significa que ele é um tanto minimalista nas opções mesmo que não seja estritamente linear. Explico adiante com mais detalhes.

Nestes exemplos que citei como modelo de comparação, podemos olhar, pegar, falar etc. em todo lugar do cenário através do qual nos movemos livremente. É mais difícil saber exatamente o que fazer e se estamos no caminho certo. Radical Dreamers por sua vez, embora mantenha liberdade de movimento, as opções são mais restritas e pontuais. Quando estamos no Terraço, por exemplo, podemos conversar com um companheiro, ou com outro, ou voltar para dentro da mansão. Nada de “olhar” com dezenas de opções como: lua, floresta, seios (em uma das possibilidades mais presentes nos jogos do Kojima) etc.

Ainda assim, a estrutura é complexa a seu modo. Com foco na história e na ambientação através de efeitos sonoros e músicas, podem descobrir facilmente o que fazer e qual tipo de item precisam se prestarem atenção às dicas (diretas e indiretas) que recebem em cada sala. Embora parece muito simplista em seu modo de jogo, Radical Dreamers exige uma entrega irrestrita a seu universo. E é uma entrega muito proveitosa, devo dizer.

Como alguns de vocês podem já saber, esse jogo faz parte do universo da série Chrono que compreende dois grandes jogos principais: Chrono Trigger e Chrono Cross. Na realidade, foi a primeira tentativa (feita às pressas) de uma continuação lançada após apenas três meses de trabalho intenso para o SatellaView do SNES (um sistema de modem da Nintendo japonesa).

Embora seja, em muitos sentidos, uma continuação de Chrono Trigger, o game possui muito mais elementos similares a Chrono Cross de modo que quem pôde jogar ambos certamente o apreciará melhor em seus detalhes. Contudo, mesmo aqueles não familiarizados poderão se divertir assim mesmo porque não é aquele tipo de jogo aproveitável apenas por fãs, mas por qualquer um que queira entregar-se a ele genuinamente.

Caso gostem de Chrono Trigger e/ou Chrono Cross pela trilha sonora e/ou pela história, certamente irão apreciar Radical Dreamers. Isso porque duas pessoas estão no centro dessa produção: Masato Kato (escritor) e Yasunori Mitsuda (músico). Bons amigos até hoje, ambos trabalham juntos até mesmo fora do âmbito dos videogames tendo lançado o belíssimo projeto intitulado “Kirite” há alguns anos atrás que nada mais é que um livro escrito pelo Kato e ambientado musicalmente pelo Mitsuda. Tanto que não é à toa que ambos apenas consideram a possibilidade de uma continuação dentro da série se trabalharem juntos.

Falemos então sucintamente do enredo do jogo. Evitarei comentar muito sobre as relações de Radical Dreamers com Chrono Cross e Chrono Trigger para que não achem que é necessário saber detalhes de ambos para compreendê-lo. Como falei mais acima, ele é plenamente jogável de forma independente. O personagem principal é Serge, um ex-músico que associou-se a Kid (uma espécie de Robin Hood ligeiramente mais gananciosa) e a Magil (um feiticeiro mascarado e reservado).

Juntos, partem para a missão de invadir a Mansão Viper para encontrarem uma joia chamada “Chama Congelada” (Frozen Flame em inglês). Kid, porém, tem outros planos além desse. Aquele que agora ocupa e controla a mansão é Lynx que, tempos atrás, matou aquela que cuidava dela e que chama de irmã. Assim, há a pretensão de também vingar-se se for possível dele.

Serge (e nós, no caso) vai descobrindo cada vez mais alguns detalhes sobre cada um desses personagens. Alguns mais (como Kid e Lynx) e outros menos (como Magil). E essa descoberta acaba sendo um dos aspectos mais interessantes desse jogo que, curto, termina esplendidamente. Tanto que embora saiba que Chrono Cross é a continuação de fato de Chrono Trigger, fiquei tentado a considerar Radical Dreamers dessa forma e o Chrono Cross como uma “aventura paralela”.

São poucas salas para explorar e, com cuidado, pode ver o primeiro final em poucas horas. Como já é tradição na série, existe mais de um encerramento possível. E, além disso, variações de alguns deles. O final “verdadeiro”, por assim dizer, pode ser diferente dependendo de como Kid enxerga Serge e também da quantidade de dano que ele levou nos combates obrigatórios e aleatórias através da mansão. Os outros apenas mudam de acordo com escolhas diferentes em momentos-chave.

As batalhas, aliás, são interessantes porque não se resumem a opções padrão como “ataque”, “magia”, “defender” etc. Cada inimigo encontrado gera uma lista de opções de ação diferentes. Por exemplo, sendo atacado por um goblin, você acerta a mão dele com sua faca, tenta golpeá-lo no peito, ou arranca uma outra arma que ele carrega na cintura?

Os encerramentos alternativos tendem mais para o cômico e não devem ser levados muito a sério, embora sejam interessantes e valham a leitura toda que exigem.

Eu recomendo muitíssimo esse jogo por uma série de razões. Mas a principal delas, creio eu, é que ele oferece uma atmosfera que dosa mistério, suspense e aventura através de bons textos e boas músicas. O ambiente do game é muito bem construído e isso ajuda a manter toda a ilusão do jogo. Justamente por isso que aconselho, caso o experimentem, o seguinte: não o façam com outras distrações ao redor. Separem um tempo unicamente para ele. Se o fizerem, emocionar-se-ão em muitos momentos. Seja pela ansiedade, pela angústia das escolhas que deverão fazer, ou pelo riso alegre e melancólico ao encontrarem certos personagens, desvendarem certos mistérios ou contemplarem a relação da música principal do jogo com Serge.

É isso que queria trazer hoje para vocês! Até o próximo post!

Radical Dreamers (SNES)

17 ideias sobre “Radical Dreamers (SNES)

  • 12/10/2012 em 9:24 am
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    já ouvi falar de Radical Dreamers a muito tempo Mestre, assim que zerei o fodástico Chrono Cross. mas parece que é impossível de emular. já tentei uma cacetada de vezes sem sucesso, dizem que se tentar outros emuladores de SNES pode até pegar, mas nunca tentei. dizem ser uma história bem bacana, e serve para entender um pouco o Chrono Cross. mas não é obrigatório

    Hee-Hoo Mestre Senil.

    PS:e pena que a Square não quis continuar essa boa franquia, preferindo a sua favorita…

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  • 12/10/2012 em 1:36 pm
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    Eu lembro que joguei esse jogo e até morri numa parte bem inicial dele mesmo, ao ler o post me pareceu bem interessante. Talvez eu volte a jogar ele um dia mas quero fazer isso depois de terminar Chrono Cross(corre o risco de isso nunca acontecer,eheheehehe), como sou um grande fã de Chrono Trigger, ao tentar jogar o Cross muito tempo depois acabei não conseguindo terminar, não sei porque acho que a história não tava empolgante até o momento, o ritmo de jogo do Trigger era muito mais frenético e emocionante a cada descoberta. E pelo visto esse daí tem muito mais a ver com Cross então acho que é jogatina obrigatória pra chegar no Radical Dreamers

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  • 12/10/2012 em 3:40 pm
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    leandro(leon belmont)alves,

    Pena mesmo que a Square não continuou a série. Parece que ela tem certa tendência a deixar de lado as melhores. hehehehe

    Codemastershock,

    É isso daí mesmo! Tinha até um outro “jogo” de Chrono Trigger que nada mais era do que a trilha sonora toda para ouvir. hehehehe

    Juliano,

    huahuahauhauhauhauhauha Sei bem como é esse lance de não terminarmos um game de jeito nenhum! Comigo isso acontece direto. hehe

    Olha, embora ele fale bastante coisa que relacionaríamos com chrono Cross, acho que ele pode ser muito bem aproveitado sozinho (logo depois do Chrono Trigger mesmo). E é bom também porque dessa vez nós realmanete temos o Magus no grupo (já que o Guile não é o Magus mesmo, embora tenha sido criado pensando-se nisso).

    É até divertido jogar o Chrono Cross depois e ir vendo o que se manteve e o que foi mudado do Radical Dreamers.

    Adinan,

    Concordo plenamente! A história é bem bacana mesmo e mesmo os finais alternativos divertem pelo seu alto nível de absurdo. hehehehe Lynx como um robô gigante é impagável! huahuahuahuahuahauhauha

    Abraços também cara!

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  • 12/10/2012 em 10:43 pm
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    É porque, da maneira como o leandro(leon belmont)alves falou, talvez ele ache que era por streaming via satélite, e não era. Se fosse por streaming, aí sim não daria e seria impossível conseguir que alguém dumpasse a ROM pra podermos jogar em emuladores.Só alguns jogos é que usavam áudio por streaming e ficavam indisponíveis em determinados horários, por isso é que o Excitebike fica sem áudio, ou com o relógio travado.

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  • 13/10/2012 em 5:29 pm
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    Parabéns pelo texto sr, Senil! Já tinha lido algo sobre este jogo, mas o senhor fez uma análise mais completa, hehe!

    Só gostaria de saber em que ele se relaciona com Chrono Trigger. Aparece personagens do primeiro game? Algo é dito sobre o reino ou explica algo pós CT?

    Sempre li elogios sobre Chrono Cross também, mas simplesmente nunca parei para jogá-lo. Fico meio triste por não terem feito uma sequela direta de CT até hoje, CC e RD são mais um reset na série e uma história paralela ao que me parece…

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  • 13/10/2012 em 5:58 pm
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    Codemastershock,

    Olha só, nem sabia que alguns dos jogos do Satellaview usavam streaming! Muito bom saber! Valeu pela informação! Sempre pensei que os jogos eram simplesmente baixados e gravados, mas não que dependessem da conexão.

    Isaias Ramos,

    Valeu pelo cumprimento cara!

    Olha, eu vou meio na contramão dessa ideia comum de que Chrono Cross trata de outros temas e tal. Eu acho que a série toda faz sentido (inclusive o próprio Radical Dreamers). Tanto que quando joguei Chrono Cross pela primeira vez, fiquei até feliz pela relação que estabeleceram entre um e outro. É um pouco confuso (como quase toda história que envolve viagens no tempo e dimensões paralelas decorrentes disso), mas dá para entender.

    Mas foquemos nas relações com Chrono Trigger apenas!

    Há uma menção ao exército de Porre durante o game (exército esse que aparece no Chrono Cross também). Se jogou a versão de PSX (ou DS) do Chrono Trigger, sabe que o reino de Guardia foi derrubado pelo povo de Porre. Além disso, um dos personagens que faz parte do grupo (chamado Magil) é, como verá bem depressa caso jogue, um apelido que o Magus deu para ele próprio (uma pessoa dentro da mansão fala algo sobre a masamune e o Magil dá a entender que lutou junto com aquele que a empunhou). A Kid (que também faz parte do grupo) tem uma surpresa ligando-a a Chrono Trigger também, mas é tão descarada que nem vou contar. hehehehe

    Se gosta de adventures baseados em texto, eu acho que é uma boa pedida experimentá-lo! Com calma e tomando cuidado nas opções, termina rapidinho também.

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  • 14/10/2012 em 7:38 pm
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    Senil,

    Rsrsrs, essa tal Kid é o bebê que a Lucca encontra abandonada no final de CT não é mesmo? *chutando pelas cutscenes do fim de CT* =P

    Obrigado pelos esclarecimentos Senil! Quem sabe ainda me animo a jogar RD!

    Cara, só acho que essa estória (A do mundo de CT, RD e CC) merecia mesmo era um anime com pelo menos seus 13 episódios.

    A trama é muito boa, e até hoje CT, mesmo sendo em 16 bits, personagens SD e tudo o mais, foi um dos jogos que mais me emocionou e me envolveu. Merece menções honrosas!

    Rola um boato na internet de que, na época, em 1996, a Toei estava planejando fazer um anime de CT, mas cancelou a ideia para se dedicar à produzir a continuação de Dragon Ball Z, que, como todos sabem, é o entediante Dragon Ball GT.

    Se isso for verdade, perdemos muito, hehe!

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  • 14/10/2012 em 9:15 pm
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    Carrion,

    Tradução para o português você diz? Eu nem me lembro de ter lido algo a respeito de tal projeto para ser sincero…

    Isaias Ramos,

    Isso, é ela mesma. hehehe Mas tem um outro detalhe mais interessante que talvez não saiba e que não quero dar com a língua nos dentes. 🙂

    Concordo que daria um bom anime sim, com certeza! E acho que uma série menor (um OVA mesmo com no máximo treze episódios como falou) seria ainda mais bacana porque dariam prioridade à qualidade e não á enrolação. hehehehe É só ver pelas cenas que tem na versão PSX/DS.

    Desse boato eu não sei… Mas tem um OVA (um único episódio) de Chrono Trigger por aí. Mas nunca assisti… Parece que é meio cômico e nunca me interessei muito. Mas se for verdade, seria bem melhor se tivessem deixado o Dragon Ball GT de lado. Ou não. hehehe Vai que o anime de Chrono Trigger ficasse entediante também? huahuahuahuahuahua

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  • 04/12/2012 em 8:41 pm
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    Muito bom o tópico, sou um admirador da série Chrono… gostaria que um dia fosse lançada uma continuação, mais a Square para ter enterrado o jogo de vez…

    Quanto a história tem várias passagens muito interessantes que ligam CT a CC… eu listaria algumas aqui agora, mais não quero fazer um spoiler, se você analisar bem vai ver que o jogo é como se fosse uma sequência direto um do outro, apesar de nunca ter jogado RD a sério vi só pelo pouco que citou do Serge que a mudanças significativas na história contada em CC, é duro ver um jogo como esse se perder no tempo… uma pena mesmo, quem sabe um dia veremos alguma coisa boa acontecer, no aguardando ansiosamente.

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  • 09/12/2012 em 3:56 pm
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    Gattsu,

    Pois é, uma pena mesmo… Incrível como a Square joga para o limbo as melhores séries que ela tem. hehehe

    Certamente há mudanças mesmo entre a história contada em Chonro Cross e aqui no Radical Dreamers. Tanto que em um computador em Chrono Cross, aparece um trecho de texto de uma dessas bifurcações do radical Dreamers e os personagens dizem algo como “parece que existem mais mundos alternativos”.

    Acaba sendo um outro mundo e não tanto um “interlúdio” entre o Trigger e o Cross. Embora haja ali boa parte do espírito da série Chrono (fora a presença praticamente incontestável de Magus no Radical Dreamers – que não acontece no Chrono Cross).

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  • 02/11/2013 em 8:46 pm
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    poxa , eu achei que fosse um jogo mesmo para jogar e não para ler . eu ja zerei o crono trigger duas vezes em português no emulador ZSNES , e agora eu tentei encontrar a segunda parte só pra tentar zerar essa saga de chrono trigger . mas valeu mesmo assim . eu peguei esse mas não consigo nem achar em inglês nem em português as legendas . mas valeu mesmo assim . gostaria que criassem um outro para poder jogar . no final de chrono trigger com a aeronave de viajar no tempo ainda intacta , a mãe de chrono entra dentro do portal , ai então eu achei , iiiiiiiiii caramba agora a missão é resgatar a mamãe . mas zerando no modo em que você destrói a aeronave se infiltrando no LAVOS o jogo termina com você na cidade sem mais missões pela frente . CRIEM MAIS POR FAVOR GOSTEI PAKAS DESSE JOGO…

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