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Após o falecimento de Lyle, o grupo deve prosseguir sua jornada.
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Não foi fácil perder Lyle. Para nenhum de nós. Todos, de uma forma ou de outra, sabíamos de coisas que ele havia feito que nos faziam amargar a sua perda e, ao memso tempo, honrá-lo pela sua vida e morte dignas. Mas tivemos que segurar a tristeza (e talvez o choro dependendo do caso) e prosseguir. Techna estava bem diante de nós e era lá que poderíamos encontrar uma forma de alcançar Satélite, o mundo de paz de que meu pai tanto falava.

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Fomos bem recebidos na cidade, mas nenhum de seus habitantes evitava nos desencorajar. Diziam que o castelo havia sido tomado por ciborgues e que somente por lá poderíamos alcançar Satélite que, como também ficamos sabendo, tinha um nome próprio: Azura. E, para piorar um rapaz junto à fonte da cidade nos informou que essa praga de robôs por todo o mundo era oriunda justamente deste lugar de paz que procurávamos. Então, pensava, era provável que não houvesse mesmo um lugar de paz para descansarmos… Isso ocupou muito a minha mente durante a noite que passamos na pousada de Techna.

Eu pensava em Thea e em Sari. Em tudo que ambas perderam, a forma peculiar com que lutavam, sem esquivar-se de coisa alguma. Eram muito corajosas, cada uma à sua maneira. Não podia agora simplesmente voltar para a caverna úmida e perigosa em que Wren estava quando meu pai o encontrou e dizer a meu povo que Satélite era ruim e era melhor ficar por ali mesmo. Não era. Eu tinha que honrar não só o desejo de paz de todos que conhecia, mas também e principalmente, o espírito guerreiro das mulheres que me acompanhavam e que muito admirava.

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Após um longo e exaustivo caminho por calabouços no castelo que nos levavam por caminhos metálicos como os das cavernas entre as regiões de nosso mundo, encontramos um homem. Ele tinha a aparência cansada e vestia um robe branco azulado. De início, pensamos ser uma cilada (principalmente quando nos perguntou sobre o Topázio do Poder). Todavia, abaixamos a guarda ao vermos que ele estava tão surpreso quanto nós. A razão era diferente já que ele achava estranho sermos os primeiros do povo de Laya a aparecer por ali. Só que isso não importou para ele já que o Topázio do poder era por si só uma prova de nossa coragem e valor. Disse que hgavíamos, com isso tudo, ganhado o direito de conhecer a verdade, que era hora de vermos como era verdadeiramente nosso mundo. E nos deixou passar.

Encontramos uma nave que Wren afirmou ser simples de operar por estar adequada a funcionar automaticamente com destino certo: Azura. Sem outra opção seguimos sem pestanejar um instante sequer. Após solavancos e trancos causados pela aceleração, ouvimos a voz daquele velho de antes ressoar por toda a cabine dizendo: “Finalmente, conheça a forma verdadeira de seu mundo. É uma espaçonave gigante construída por nossos ancestrais.”

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Sinceramente, não sei descrever muito bem com palavras o que senti naquele momento. Tudo fazia sentido agora, as cavernas de metal, as diferenças climáticas, o controle manual das luas operado por meu pai… Não só eu, mas todos pareciam (com exceção de Wren) estarrecidos. Aposto que nenhuma delas saberia descrever o que sentiram. Tudo estava claro e ofuscado ao mesmo tempo. Naquele instante em que vimos o nosso mundo de cima. Azura havia sumido de minha mente e só voltei a me preocupar com isso quando meus pés tocaram o solo do Satélite. Nem sei se fui por conta própria até lá fora ou se fui empurrado ou carregado por alguém… Antes de sairmos totalmente, a mesma voz nos disse que, como podíamos ver, estávamos em uma outra antiga espaçonave.

Só que ela era muito mais bonita. Muito mais silenciosa que o meu mundo. Haviam inimigos espreitando por todo canto, mas a sensação que tinha ali era totalmente diferente. Os vidros sobre os quais andávamos, as pedras… Até que alcançamos uma porção inferior dessa nave que meu pai com tanto fervor pediu que encontrasse. Uma vez lá, tivemos dificuldade de andar sobre pedaços do chão destruídos até que encontramos um andróide que, parado, parecia esperar que nos aproximássemos dele.
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De longe, era muito parecido com Wren. Somente ao me aproximar pude notar que possuía uma aparência ainda mais robótica. Estranhamente para um robô que deveria ser do mesmo modelo, ele nos cumprimentou sarcasticamente dizendo que se chamava siren e que “finalmente o havíamos encontrado”. Parece que, ao ver que não éramos somente layanos pelos ciborgues que nos acompanhavam, explicou que serviu Orakio durante a guerra contra Laya, mas que ela o havia prendido ali e movido o Satélite para longe. E gritou, avançando com fúria contra nós, que havia esperado mil anos peela sua vingança.

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Essa foi uma luta difícil. A mais dura de todas que vínhamos enfrentando até então. Com cortes e machucados por todo o corpo, tentávamos combatê-lo como podíamos. Ele tinha força e velocidade que eram muito superiores às de Wren e dos outros ciborgues que nos atacaram até ali. E, ao contrário destes ainda, ele me lembrava a Mieu de alguma forma. Ele parecia atacar e ter sentimentos mais humanos a cada grito que dava. Um contraste muito claro à mudez de nosso companheiro robô.

Finalmente, quando ele caiu diante de nossos pés, ele assumiu a derrota. Porém, disse que havia sido somente uma batalha e que a guerra ainda não estava ganha. Desapreceu como que magicamente gritando que retornaria um dia, mais uma vez, e que completaria sua vingança.

E então, retornamos aos sobreviventes de Cille e Shusoran. Sari não nos abandonou durante esse percurso. Acredito que ela sabia que não precisávamos mais do Topázio do Poder e mesmo assim quis continuar nos ajudando. Ou ainda, por não ter a quem ou a que voltar na devastada Landen. Todo nosso povo se mudou para Azura que agora estava livre de ciborgues e andróides e poderia, finalmente, ser o lugar de paz das lendas.

Um pouco depois da mudança, meu pai disse que estava na hora de eu me casar. Minha mãe pontuou que haviam duas lindas moças interessadas em mim. Admito que não dava muita atenção para essas coisas tão imerso que estava das missões que fui tomando durante meu caminho. Mas disse a meu pai que pensaria bem sobre minha escolha. Em resposta, ele me disse que já estava maduro o suficiente para optar bem e que, independentemente da escolha, eu teria o total apoio dele e de minha mãe.

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Naquela noite angustiosa, eu fiquei na minha cama olhando para o teto e ponderando: “Thea ou Sari?…”. Não foi uma escolha puramente racional, como nenhuma que tem a ver conosco é, mas não me arrependo daquela que fiz. Principalmente ao ver pela primeira vez um filho meu como o que me nasceu ontem.

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Aqui termina o registro oral de Ayn acerca de suas aventuras. Pode-se precisar a data de quando ele terminou, mas não quando começou. Foi gravado em áudio e trasncrito depois, sem os vícios de linguagem usuais neste tipo de discurso.

Diário de Bordo: Phantasy Star III – A segunda geração (06) [Final]
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10 ideias sobre “Diário de Bordo: Phantasy Star III – A segunda geração (06) [Final]

  • 06/09/2009 em 3:11 pm
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    @André “Caduco” Breder
    Quase lá mesmo! Nem me fale disso… Estou tão corrido aqui que acho uma pena não poder postar isso ao mesmo tempo que os reviews de Sega CD que vinha fazendo… Nem sei se vou assumir um diário de bordo depois desse.

    Faz um diário do PSI sim! Eu acho ele sensacional. Eu leria com toda certeza. Está com qual versão? Americana/TecToy/japonesa traduzida pelo SMS Power? Quando pego para jogar PSI, sempre me meto a jogar todos de novo. hehehe Nem vou me arriscar a isso dada a minha situação atual. Mas já fiz essa “jornada” várias vezes, com versões diferentes.

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  • 06/09/2009 em 3:44 pm
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    O Senil :

    Faz um diário do PSI sim! Eu acho ele sensacional. Eu leria com toda certeza. Está com qual versão? Americana/TecToy/japonesa traduzida pelo SMS Power?

    Estou jogando a versão pela qual eu fui apresentado ao game, ou seja, a tradução feita pela Tec Toy. Vou pensar se faço este diário, o foda é arrumar tempo hábil para tal…

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  • 12/09/2009 em 8:36 am
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    Eu adoro essa parte do Siren… o diário está ficando ótimo, Senil! Entendo o que você quer dizer quando diz que vai dar uns tempos nos diários, eu pensei em fazer o mesmo quando zerei o SMT — passei MESES jogando! Agora vou acabar o Ultima I, que está muito interessante, e dar um tempo nos diários também.

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  • 12/09/2009 em 8:53 am
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    @Orakio Rob, “O Gagá”
    Sabe o que acho mais legal do Siren? Ele é meio que o “modelo-padrão” para todos os robôs da série Wren (incluindo tanto o 386 do PSIII e os inimigos do PSIV como o 486 do PSIV). Só que ele é diferente: ele tem emoções. Isso é claro nessa parte e em outras do jogo. Será que os orakianos que o criaram mudaram de idéia e resolveram torná-los mais frios? Será que só resolveram deixar andróides “fêmeas” com emoções? Isso dá pano prá manga.

    Agora, acabar o Ultima? Isso é possível? hehehe Eu só vou dar um tempo nos diários não porque esteja chato (eu gosto muito de fazê-los e, principalmente, de redigi-los da forma com que estou fazendo). Mas sinto falta de jogar coisinhas de Sega CD menos pretensiosas e fazer alguns comentários a respeito deles. E até mesmo outros consoles mais antigos, como comentei na Lista esses dias. Vou fazer isso o mais rápido possível; só não sei precisar quando. hehehe

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