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Voltamos com mais uma edição da “Cruzada NES”, onde o doido varrido do Gagá se propôs a jogar todos os jogos de NES e Famicom já lançados! E eis que chegamos ao ano de 1985, quando Super Mario Bros. chegaria para virar o mundo do videogame de pernas para o ar. Mas Mario só saiu perto do fim do ano, vamos começar pelo começo.

balloonfightO Famicom abria o ano com dois jogos ridiculamente viciantes… em Baloon Fight você tem que estourar os balões dos inimigos sem que eles estourem os seus. É divertidão, e tem um modo para dois jogadores simultâneos que rende muitas risadas. Eu jogava direto com o meu amigo que tinha nintendinho (mais precisamente, um Bit System). O outro jogo é Ice Climber, que também é ótimo: o objetivo é levar o sujeito com o martelo até o topo de cada montanha. Divertidíssimo, também tem modo para dois jogadores simultâneos. Mas nesse jogo aí eu era meio prego…

Fevereiro trouxe três jogos curiosos: Exerion é um shoot ‘em up clássico. Na época eu ficava super impressionado com os gráficos e com a forma como o cenário se movimentava. Hoje eu acho o jogo uma droga. Acontece. Por outro lado, Galaga continua viciante, e eu continuo adorando a musiquinha, os gráficos e o gameplay. Isso é que é joguinho style. Adoro deixar a nave ser capturada para depois destruir o inimigo e ficar com duas naves lado a lado.

O terceiro jogo do mês foi Raid on Bungeling Bay, primeiro jogo do Will Wright. Sim, o homem que criou SimCity e The Sims! O objetivo é bombardear as fábricas e disparar contra os inimigos que as guardam. Tem gente que gosta desse jogo, mas não é muito a minha praia não. Ainda assim, embora seja um jogo bem simples, a gente nota algumas coisas que já denunciam a genialidade do sujeito. Para começar, naquele tempo a gente não via muitos jogos de guerra. Hoje o Playstation 3 e o Xbox 360 estão entupidos deles (a edição de fevereiro da “nossa” Edge traz cinco jogos diferentes de guerra lançados no mesmo mês, e falo de guerra “mesmo”, nem estou contando “Halo” e afins). Guerra não casava muito bem com um videogame como o Famicom, então o trabalho do Will foi pioneiro no console.

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À esquerda: notem a gênese do estilo gráfico de SimCite em Raid on Bungeling Bay, primeiro jogo de Will Wright. À direita, Exerion, mostrando que nem todos os jogos envelhecem bem

O segundo detalhe interessante é que o jogo não tem fases. Conforme você vai jogando, o jogo vai criando fábricas novas pelo mapa e tacando inimigos novos (e mais poderosos) para você enfrentar, tudo em tempo real. Você voa por uma região e não tem nada, quando volta já ergueram três fábricas e tem uma galera esperando para derrubar seu helicóptero. Continuo achando meio chato, mas que é interessante, isso é. Curiosidade: Will Wright diz que se divertiu mais criando os prédios do que a ação do jogo em si, e daí veio a ideia de fazer SimCity.

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A navinha sendo capturada em Galaga, umas das cenas mais reprisadas da minha infância. Bom demais esse jogo.

Março passou em brancas nuvens, mas abril trouxe Formation Z, joguinho que chamava muito a minha atenção nos arcades quando eu era moleque. Como sempre fui um borra-botas em arcades, só joguei agora o jogo, no NES mesmo. Fiquei meio decepcionado, porque quando eu era moleque tinha a sensação de que era o melhor jogo do mundo, mas a verdade é que o jogo é legal. Você controla uma navinha que vira robô, tem um lance de consumo de combustível, e assim como em Exerion, o cenário se mexe de um jeito bacana 🙂

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À esquerda, o primeiro futebol do NES. À direita, Formation Z

Pintou também o primeiro futebol de NES, com o criativo título Soccer. Claro, é primitivo pelos padrões modernos, mas deve ter sido divertido na época. Teve também Championship Lode Runner, versão “esses programadores não têm mãe” de Lode Runner, com níveis ridiculamente difíceis. E a partir daí os lançamentos para o NES começam a aumentar, então vou parar de falar de jogo por jogo como vinha fazendo e passar a citar só os mais interessantes, ok?

Dig Dug é bem divertido também, é engraçado encher os inimigos até eles estourarem! E o lance da música só tocar quando o personagem se move é simplesmente genial. Algum outro jogo já copiou essa ideia? O danado é difícil pra caramba, até com save states eu me embolava em algumas fases.

digdug

Fotos com pixels ridiculamente estourados estão na moda, então aí vai mais uma: Dig Dug. É só imprimir, mandar fazer uma moldura e colocar na parede da sala. Se você for casado, o divórcio virá em poucos dias.

Para fechar nossa edição de hoje temos Wrecking Crew. Aqui o lance é quebrar tudo: de posse de um martelão você sai botando paredes abaixo sem dó nem piedade. É tipo um GTA da Nintendo: violência gratuita, só que contra objetos inanimados e sem prostitutas para a gente espancar. Eu adoro essa coisa de sair quebrando tudo, e o jogo funciona muito bem nesse sentido. E ora vejam só, o herói do jogo é o Mario! Só mesmo a Nintendo para limpar a barra dos seus ícones com classe: já que o objetivo aqui é quebrar tudo, vamos colocar o Mario como empregado de uma firma de demolição! Pronto, o jogo ficou politicamente correto em menos de cinco segundos!

wreckingcrew

Se GTA fosse da Nintendo, o protagonista seria o heroico líder de uma equipe de detetização, e Liberty City estaria sendo atacada por insetos humanoides que dirigem veículos

Parece que esse foi o jeito do Miyamoto dizer “lembram desse bigodudo? Em três meses eu vou lançar um jogo com ele pulando na cabeça dos inimigos que vai me deixar trilhardário!” Certamente o Miyamoto teria sido taxado de louco se tivesse dito isso na época, mas sabem como é: a semelhança entre as ideias geniais e as ideias estúpidas é que toda ideia genial nasce estúpida. Aí ela dá certo e vira uma ideia genial.

Semana que vem: Super Mario Bros!

Cruzada NES: quantos empregos o Mario já teve?
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23 ideias sobre “Cruzada NES: quantos empregos o Mario já teve?

  • 09/04/2010 em 8:18 am
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    Excelenete post, Orakio! Curto muito Galaga e Dig Dug.

    Um comentário random: “E o lance da música só tocar quando o personagem se move é simplesmente genial. Algum outro jogo já copiou essa ideia?”

    Jogos anteriores ao Dig Dug usavam essa ARTIMANHA. De cabeça, lembro agora do “””clássico””” Mr. Postal, que a CCE cometia em forma de bundle nos Ataris que vendia, e de um jogo de MSX que convenientemente esqueci o nome.

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  • 09/04/2010 em 8:55 am
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    Gagá… o Raid on Bungeling Bay, pela sua descrição, me pareceu um tio-avô do swiv3d, aquele joguinho que vc vai de helicoptero arrebentando tudo que ve pela frente, e todo mundo tá contra vc… minha impressão tá correta? se tiver, vou correndo jogar essa paradinha no emu… hehehe

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  • 09/04/2010 em 9:26 am
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    Jogos legais!! Eu não acho o Exerion uma droga não, eu gosto, e de vez em quando eu o jogo no MAME.

    Gagá, quando você chegar num futebol com times japoneses você me avisa? É que eu esqueci o nome do título e gostaria de relembrá-lo.

    Abraço!

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  • 09/04/2010 em 11:49 am
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    Ô Gagá, sobre Dig Dug e a moda dos “pixels emoldurados” (e isso existe?): eu tou emoldurando um poster de Enduro (aquele mesmo que veio na Old!) e o folder de divulgação de Swordquest. A idéia é colocar na sala, pertinho do SuperConsole. Como ainda sou noivo e não moro junto, acho que não vai dar problema não uhauhauahuahauh

    Tou adorando a Cruazada NES, criando vontade…….. de jogar……. errr….. Nintendo………. eheheheheheh

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  • 09/04/2010 em 12:27 pm
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    @Cosmonal
    Cara, você é o meu ídolo! 🙂

    Tô pensando em quadro gamer aqui no escritório. Uma das paredes tem um quadro do Elvis, a patroa é fã. Quando o sogrão pendurou o quadro, me perguntou: “vai mesmo deixar tua mulher colocar um quadro desse homem na parede?” E eu respondi: “Mas é claro! Esse aí já está morto há anos!” 🙂

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  • 09/04/2010 em 2:31 pm
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    Putz!
    Jogava muito DigDug e o mais incrível é que consigo me lembrar da música que toca só quando o personagem se movimenta. Fantástico!

    Esse Formation Z não me é estranho, mas acho que o que eu conheço é outro jogo parecido. Você sabe de algum?

    Já estou achando essa a melhor série de posts do mundo.
    O Nintendinho Arrasa!

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  • 09/04/2010 em 2:55 pm
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    Não conhecia nada do Raid on Bungeling Bay, e foi muito bacana saber da história que deu origem ao SimCity. Formation Z ouvi falar talvez por conta da música, nunca joguei.

    Quanto aos outros…

    Baloon Fight: achava legal quando aparecia aquele peixão se você voasse muito rente da água. O mesmo peixe é visto no cenário do Ice Climber no Super Smash Bros. Brawl. E quase infartei quando vi o minigame correspondente ao Baloon Fight no WarioWare: Smooth Moves.

    Ice Climber: clássico supremo! Impagável quando aparecia o urso polar de óculos escuros. Urso este que também estava no Brawl. Sempre quis entender porque os inimigos são focas na versão japa e yetis na americana.

    Galaga: “Adoro deixar a nave ser capturada para depois destruir o inimigo e ficar com duas naves lado a lado.” (2)

    Exerion: não acho ruim não, e na época fiquei impressionado pela perspectiva pseudotridimensional. Não que ache grande coisa hoje.

    Championship Lode Runner: é uma teoria plausível sobre os programadores órfãos. Vou ver se encontro alguém no YouTube que tenha conseguido passar da segunda fase…

    Dig Dug: inesquecível! Há alguns anos joguei o Dig Dug: Digging Strike de DS, que conseguiu capturar bem a essência do original com algumas novidades interessantes. Fiquei de terminar.

    Wrecking Crew: não joguei na época. Na verdade, faz pouco tempo que dei valor ao jogo, antes não dava muita bola, talvez por preconceito com o Mario demolidor. Viciei na BGM do Hirokazu Tanaka.

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  • 09/04/2010 em 2:56 pm
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    @GLStoque
    Vai ver era esse aí mesmo, esse jogo era muito popular nos arcades aqui no Rio de Janeiro, não sei por aí.

    @P.A.
    E é verdade, não é mesmo? Imaginem o cara chegando no escritório da Nintendo e dizendo “vamos lançar um jogo com um encanador bigodudo que pula em cima de tartarugas”, ou na SEGA dizendo “um porco-espinho de tênis vermelho! É disso que precisamos!” 🙂

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  • 09/04/2010 em 3:13 pm
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    Também achei genial a sua frase “Toda idéia genial, nasce estúpida!”! Ah, mas vá, a idéia do Mario não é tão estúpida assim… Videogame é fantasia! 😀
    Ah, e o que seriam dos consoles sem os jogos de futebol? Esse Soccer aí deve ter inspirado muitos outros!

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  • 09/04/2010 em 8:20 pm
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    Orakio, teus posts estão cada vez mehores, cara. Há meses frequento o blog e é a primeira vez que comento. Continue assim, fiquei realmente emocionado com o post do Dragon Quest.

    Ah, uma pequena curiosidade: Will Wright disse numa entrevista que gostou mais de desenhar os cenários de “Raid on Bungeling Bay” durante a programação que de fato destruí-los durante o jogo. Pensou: “Porque não um jogo onde eu CONSTRUA uma cidade ao invés de destrui-la?” O resto é história.

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  • 09/04/2010 em 10:53 pm
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    @Alexei Barros
    Mestre Alexei, estou notando que o NES foi parte importante da sua infância… você tinha NES ou era um pilantra que nem eu que não saía da casa do amigo que tinha famiclone?

    @Zolini
    Pois é, inclusive o primeiro futebol de Master System me parece uma cópia desse aí.

    @Cosmonal
    Se o Elvis não tiver morrido, eu mato ele 🙂 Na verdade eu acabei virando fã também depois de assistir ao DVD do show especial que ele fez para TV em 1968, fabuloso!

    @Retrogamer da Lenda
    Eu acho fascinante como a primeira faísca de grandes clássicos do videogame muitas vezes vem de um pensamento lógico e simples como esse… se desenvolver os cenários é mais divertido do que destruí-los, por que não deixar o jogador criar os cenários, e não o desenvolvedor? Simples assim.

    Valeu pelo apoio, e volte sempre!

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  • 09/04/2010 em 11:25 pm
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    Galaga é o meu favrito no gênero. Balçoon Fight tem no primeiro Wario Ware: Mega Microgame$, joguei bastante lá. Então foi o Raid on Bungeling Bay que inspirou ele a criar o SimCity, ele sempre cita isso ans entrevistas, mas fala q ele tinha desistido do jogo, para mim é uma surpresar saber que ele existe.

    Wrecking Crew deve ser o jogo mais descnhecido do Mari, ainda que tenha ganhado outras versões.

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  • 10/04/2010 em 1:43 pm
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    @Orakio Rob, “O Gagá”

    Hahaha, quase isso. Tive aquele Top Game malandro compatível com cartuchos americanos e japoneses. O principal motivo para conhecer esses jogos mais simples que você comentou até agora é que tive um cartucho Múltiplo 42. Além desses clássicos da Nintendo e de outras produtoras (curioso que os símbolos das desenvolvedoras eram apagados) havia também alguns títulos que não saíram nos EUA, como o Mappy, e outras adaptações de sucessos da Konami para MSX, como Road Fighter, Circus Charlie e Yie-Ar Kung Fu. Fora esse cartucho tive poucos (Tiger Heli, Ghostbusters, Mach Rider, TMNT 2 e outros), mais alguns que alugava (Mario 3, Battletoads, Mega Man 3, Street Fighter 2010 etc.) e poucos que emprestava de colegas da minha classe (DuckTales). E nem joguei na época Zelda, Metroid, Castlevania, Kid Icarus… que vergonha.

    Além disso, em compensação, minha experiência com o Master System é praticamente nula, por isso que acabei me ausentando da jornada anterior. =/

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  • 10/04/2010 em 4:28 pm
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    Orakio Rob, “O Gagá” :
    Fotos com pixels ridiculamente estourados estão na moda, então aí vai mais uma: Dig Dug. É só imprimir, mandar fazer uma moldura e colocar na parede da sala. Se você for casado, o divórcio virá em poucos dias.

    hahahahahahah. Rí de chorar aqui com esse comentário. Fica aí a dica pra quem quiser se livrar da patroa. Ainda não testei!!!

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  • 07/05/2010 em 10:00 am
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    Cara, tenho um PS2, mas tinha um PSX e ele tinha um emulador de NES e MS, jogava Baloon Fight, Formation Z, Dig dug e Exerion, simplesmente são bons demais, viciei! Adoro esses jogos simples do NES, eles viciam!

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