“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Mais uma vez, vou fugir um pouco de questões mais acadêmicas para compartilhar algo em que estive pensando e que, provavelmente, tenha mais importância ao próprio mercado de games do que à pesquisa.

Há diversos nichos importantes a se considerar quando pensamos em mercados de videogames. O primeiro deles é, sem dúvida, o estadunidense; o outro, igualmente óbvio, é o japonês. É também muito fácil de perceber semelhanças e idiossincrasias entre um e outro. Ou seja, assim como vemos diferenças entre um filme como “O Chamado” que foi feito em ambos os países, podemos fazer o mesmo com games.

Acima, pôster da versão americana de “O Chamado”. Um dos vários exemplos que poderia usar.

Embora haja jogos que foram feitos em um mercado e alterado para outro, essa diferença se torna mais evidente mais evidente ao falarmos de gêneros. Por exemplo, o estilo clássico de RPG americano tende a ser muito mais próximo de D&D (e sistemas de RPG variados) do que RPG japoneses. Todavia, não quero explorar estas diferenças.

Existem ainda, embora muitos não estejam atentos, dezenas de empresas européias que fabricam jogos para seu próprio mercado. Pode parecer banal dizer isso, mas empresas européias fazem jogos para a União Européia. Por exemplo, empresas polonesas obscuras com seus jogos de guerra têm como foco toda a União Européia. Seus jogos devem ter um “quê” de polonês (ou polaco como nossos irmãos portugueses dizem). Isso é diferente, por exemplo, de jogos japoneses que não avançam muito para além do Pacífico chegando, no máximo, até a Austrália; mas que são, na maioria das vezes, projetado para um público japonês.

Acima, imagens do jogo de D&D para Mega Drive.

Agora, quero que pensem em um outro mercado que pode passar despercebido também. Não tanto quanto o europeu dependendo do tipo de jogo que gostam, mas igualmente pouco conhecido por nós. Falo da indústria sul-coreana de games. Nos últimos anos têm crescido o interesse pela cultura coreana com suas revistas em quadrinhos (que não devem ser chamadas de mangá por ninguém!), seus filmes e, trazendo para o nosso lado, por seus Massive Multiplayer Online Games (MMOGs). Ragnarok é só um dos vários exemplos que poderíamos citar; mas também, de novo, não queria me deter nisto.

Falo de jogos mais “comuns” e voltados especificamente para o mercado coreano. Afinal de contas, quem cria um jogo multiplayer massivo não pensa em conseguir dinheiro de somente um país (ainda mais um país que nem é um dos maiores do mundo em extensão e/ou população). Ou seja, como acontece com alguns jogos na Europa, a Coreia do Sul faz jogos tendo como foco jogadores do mundo todo (fazendo o game em inglês, por exemplo). Mas não se restringem a isso. Eles não só melhoram (e muito) alguns jogos japoneses como fizeram belissimamente com a série Langrisser para PC como desenvolvem games próprios. Citaria, como exemplo, a série Romance of Package. na verdade, este é o nome de um box lançado pela empresa Sonnori que compreende seis jogos de gêneros diversos: survival horror, RPG (ação e tático), estratégia e adventure. Todos eles foram feitos por seus designers pensando em jogadores coreanos.

Ou seja: nada de tradução oficial em idioma algum. Talvez porque sabem que não venderia muito, talvez porque prefiram manter isso entre eles. E como o fazem bem! lançam caixas lindíssimas com manuais coloridos, cheios de imagens, vários bônus além dos jogos e tudo mais. O que é importante pensar é que eles não só fazem jogos “para todo mundo”, como também fazem jogos “para eles”. Este último parece ser muito semelhante aos designers japoneses e americanos que criam peças para seus próprios mercados e ficam muito felizes quando conseguem alguma projeção mundial; o que, nestes dois últimos casos, não é algo incomum de acontecer.

Aqui no Brasil, encontramo-nos em outro extremo. A Coreia do Sul, mais equilibrada, faz jogos em duas frentes. Nós, aqui em nosso país, fazemos somente games para importação. Cansei de ouvir falar de gente que vai para a Dinamarca (grande centro de estudo e desenvolvimento de games) para trabalhar em empresas que fazem jogos para celular. Ou ainda empresa nacionais que focam sempre a importação, criando jogos exclusivamente em inglês, sem vontade alguma de vender o jogo como um “game genuinamente brasileiro”.

O que quero dizer com isso é simples. Como consumidores de games, nosso gosto é mediado pela importação. E, como designers, nosso trabalho é mediado pela exportação. Não parece haver uma espécie de meio termo. Claro que existe certo ranço (desde a época em que a cultura francesa era mais relevante do que a americana) com relação à produção de nossos próprios compatriotas. Isso por duas razões: sabemos que muita gente ruim é superestimada; sabemos que muita gente boa não é sequer conhecida além de seu círculo restrito de amigos. Um ou outro capaz que consegue uma congruência bela e instigante de eventos que o leva a ser reconhecido (nem que seja tardiamente). Por exemplo, temos grandes poetas como Augusto dos Anjos, grandes quadrinistas como Maurício de Sousa etc. Mas estes nomes nunca vem à nossa mente antes de Milton ou Tezuka. Não que isso seja ruim (pois são artistas excelentes), mas não há mercado, em nosso país, para coisas que façamos, vejam só, em nosso país.

E nem falo aqui daquela “brasilidade” supostamente enraizada na mulata, no samba, no índio e no carnaval que é muito mais propaganda de governos populistas do que algo essencial à nossa cultura. Não estou dizendo que jogos nacionais, para que tenham mercado em nosso próprio país, tenham que ter obrigatoriamente uma temática relacionada com o nosso folclore ou algo do tipo. É preciso lembrar que os Estados Unidos não viveram uma época medieval como a que imaginamos e brincamos quando jogamos D&D de mesa ou em versões eletrônicas. Nem mesmo o Japão possui dragões como os europeus em seu folclore, mesmo aparecendo a exaustão nos mais diversos jogos nipônicos. Do mesmo modo, os jogos coreanos, feitos para coreanos, não são propaganda da Igreja Presbiteriana. E, ainda assim, vemos sempre algo de “americano”, “japonês” e “coreano” nestes jogos. Quando abrirmos nossos olhos e pararmos de pensar o Brasil como uma mera “mistura” como muitos acreditam que sejamos e tomemos maior consciência de nossa própria história, de nossas próprias origens e heranças culturais (afinal, não fomos criados em 1500, mas fundados nesse ano), aí sim poderemos criar um game e dizer “tem algo de brasileiro ali” mesmo sem colocar uma única música de Carmem Miranda, uma única mulata de glúteos avantajados, um cara pelado com penas na cabeça ou um “festival da carne” qualquer.

Coreanos tem games coreanos, com textos em coreano. E nós não temos jogos brasileiros, escritos em português. Nossa cabeça deve estar em outro lugar… Pensamos e jogamos em inglês e em japonês somente… Sorte dos coreanos que podem pensar não somente em idiomas estrangeiros, mas também em seu próprio e, com isso, compreenderem-se a si mesmos melhor. E também se divertirem melhor.

É isso por hoje. Até o próximo post!

PS: Eu sei que existem jogos nacionais (como um sobre alienígenas em Varginha, por exemplo), mas como queria demonstrar o zelo que a Coreia do Sul parece ter por games, usei imagens só dos jogos deles mesmo. 😛

Academia Gamer: E a nossa indústria?

28 ideias sobre “Academia Gamer: E a nossa indústria?

  • 01/02/2011 em 8:21 am
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    Olha só… Eu desenvolvo games.
    Mas do que adianta desenvolver para os brasileiros? Eles não estão dispostos a pagar nem R$ 20 em qualquer jogo. Pagam no máximo R$ 5 num camelô qualquer…
    Infelizmente, para ser rentável, temos que focar o mercado internacional, principalmente os americanos, que estão muito mais dispostos a pagar pelos games.

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  • 01/02/2011 em 9:01 am
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    Coincidência esse post. Ontem mesmo estava conversando com um amigo que está fazendo um curso de games, sobre as possibilidades do mercado no Brasil. Ele disse que por enquanto é nulo, mas que em breve pode se desenvolver. Eu apoio e espero que isso aconteça. Assim terei uma chance de ser compositora de game music. =P

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  • 01/02/2011 em 9:04 am
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    @Landeel
    Será? A pirataria é realmente muito forte aqui. Mas conheço bastante gente que compra games no Steam, por exemplo. Falo do Steam porque acho uma opção viável e com preço justo. Porque pagar 200 reais em um jogo de PS3 é complicado. Isso é mais do que eu ganho com uma bolsa de iniciação científica. Mas acredito que se os preços fossem mais razoáveis, mais gente compraria os originais.

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  • 01/02/2011 em 10:15 am
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    @Patty K
    O problema está nos impostos. Se baixassem a pesada carga tributária embutida nos jogos, certamente o povo preferiria os jogos originais (ainda que alguns não abandonassem os piratas).

    Mas os “nobres” deputados, ao invés de criarem projetos para baixar os impostos sobre os produtos, preferem imaginar utopias como proibir e criminalizar os jogos violentos no país. Como se os jogos fossem os responsáveis pela violência no país. Isso que é duro de engolir.

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  • Pingback:Tweets that mention Gagá Games » Academia Gamer: E a nossa indústria? -- Topsy.com

  • 01/02/2011 em 8:15 pm
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    Falou tudo, é isso aí mesmo. Acho que o jogo “mais brasileiro” que tivemos foi o Mônica no Castelo do Dragão, que era uma adaptação. O que eu sinto é uma falta de originalidade, espontaneidade, personalidade dos jogos nacionais. Estendo isso à produção nacional de quadrinhos. Sempre fica a sensação de que é algo híbrido, não-natural nas produções brasileiras. Uma identidade, sabe? Não sei se é só eu que tenho essa sensação…

    Eu fiz um curso de jogos – confesso que boiei mais do que aprendi -, e acredito que o desenvolvimento na área vai continuar sendo assim, para exportação. A não ser em produções independentes, mas é complicado porque desenvolver jogos não é fácil, exige dedicação, tempo, trabalho em equipe, e tudo isso por algo que nunca se sabe se terá retorno.

    O meu professor no curso foi o Denis Coelho, da PalmSoft de Florianópolis. Que é um bom exemplo de desenvolvedora de jogos aqui no Brasil. Fizeram vários jogos para celular – alguns premiados, inclusive – mas hoje mudaram o foco e fazem jogos web num portal chamado arena 41, ou 42, 54, sei lá, algo assim…

    Desenvolver jogos no Brasil é possível. Embora, claro, não seja fácil. Mas também não é fácil para ninguém no mundo. Só que, para que criemos jogos com, digamos, “brasilidade”, é preciso encontrar essa identidade que eu citei, e arriscar muito em um mercado complicado como o nosso. Talvez com algum incentivo do gover… ah, deixa pra lá!

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  • 01/02/2011 em 9:02 pm
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    Discordo do Monica no Castelo do Dragão, pra mim o mais brasileiro foi FPS Incidente em Varginha para PCs, que curiosamente fez mais sucesso no exterior do que aqui. Considero mais brasileiro. O jogo foi criado do zero, não é nenhuma adaptação e se passa no nosso país.

    Acho que além do problema das altas cargas tributárias, é importante notar também que o próprio brasileiro não valoriza o produto nacional. Acho que tudo que se vá fazer por aqui se esbarra na concorrência estrangeira, quantas vezes se ouve falar que não vai se assistir determinado filme porque é nacional? Ou mesmo a indsutria nacional de quadrinhos que tirando o Mauricio de Souza é inexistente. Ainda temos a própria literatura que se resume aos clássicos de 200 anos atrás.

    Mas não é por falta de pessoas que façam entretenimento, e sim pela falta de interesse de quem distribui esse tipo de material, afinal de contas uma editora, gravadora ou um estudio de games são empresas. E empresas visam lucros, porque irão investir no produto nacional se o próprio consumidor tem preconceito contra o material? Pra que lançar um filme que ninguém irá assistir? Um livro que ninguém irá ler? Ou ainda um game que ninguém vai jogar?

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  • 01/02/2011 em 9:56 pm
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    @Landeel
    Se for pensar por esse lado, então a indústria de filmes e música já teria ido à falência há muito tempo… Quem realmente gosta compra o original…

    Nós temos que tomar a atitude e mudar esse cenário, a cultura do “ser mais esperto” e “isso não é problema meu” tem que acabar algum dia nesse país ! Eu já postei aqui algumas vezes do meu interesse em desenvolver games “do jeito” (Bom e honesto por favor !) brasileiro. Brasil é um país com cultura e talentos riquíssimos e não sabe produzir nada de melhor do que puta, laranja, novela e carnaval !

    Infelizmente tá faltando tempo para que eu e meus amigos possamos cair de cabeça nos meus projetos, mas não vou desistir, porque desistir não é característica do brasileiro (E muito menos minha ! :P). A gente tem que fazer igual ao Moacyr Alves lá do Jogo Justo : Encarar o gigante de frente e não olhar para trás. O que poderia pareçer uma utopia está se tornando um movimento de projeção internacional, pois já tem empresas de fora apoiando o cara nessa causa !

    Bem que poderíamos fazer igual ou melhor do que ele, vocês não acham ?

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  • 02/02/2011 em 12:41 am
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    Cara, você começou o post com uma bela discussão, mas assassinou ele próprio!

    Pensei que você ia criar uma discussão para que possamos desenvolver, ou tentar, encontrar um nicho de mercado brasileiro com um estilo brasileiro.

    Porém, depois você cita o nicho norte americano, japonês e coreano e mata tudo o que vinha construindo!

    Sabe por quê?

    Porque você mesmo cita que os jogos americanos são “assépticos”, talvez faça isso sem querer ao citar D&D, pois neste caso quer dizer que a cultura americana não é colocada em um jogo. O que não é verdade. A maior influência é chupada de hollywood (os mesmos roteiros dos filmes “b” de ação foram para os jogos). Os jogos americanos (a maioria) é hollywood. Compare os roteiros de jogos e filmes. Os personagens são iguais também.

    Compare as empresas e não os jogos “indie”, pois as empresas fazem jogos pensando principalmente no público alvo. Veja como os grandes jogos seguem à risca os blockbusters. Não é a toa, pois hollywood já abriu o caminho antes.

    Agora, se você diz para que os jogos brasileiros sejam assépticos, ou seja, não tenham nada do nosso povo, aí é um erro tremendo. Pois é um jogo sem pai nem mãe. Justamente pra ser vendido pra fora, pois, aí sim, ele será miscigenado, com jeitão de nada, pra todo mundo se ver nele.

    E aqui você escreve:

    “E nem falo aqui daquela “brasilidade” supostamente enraizada na mulata, no samba, no índio e no carnaval que é muito mais propaganda de governos populistas do que algo essencial à nossa cultura”.

    Olha, eu vivo em um bairro onde isto aí pra mim é rotina, é “bom dia, tudo bem?” Não é propaganda alguma. Eu convivo com gente assim. Cresci com gente assim.

    Você quer um exemplo de jogos que atraem o público brasileiro? Pega o exemplo das distribuidoras de filmes. Para elas, o público brasileiro é louco por mistérios, ocultismo, religião. Quando lançam um filme por aqui e encontram no filme uma possibilidade de vendê-lo como um filme misterioso/sobrenatural, eles mudam o trailer e o pôster.

    Um exemplo: Você já viu as diferenças do trailer do primeiro filme de Tropa de Elite? O brasileiro é muito diferente do americano (veja como o trailer americano tem um jeitão diferente. Ele quase “assassina” o clima do trailer brasileiro)

    Essa é uma idéia de um tema de jogos para nosso público.

    Personagens: A mulata, o índio, o malandro, enquanto todo mundo olha pra eles como estereótipos (preconceito de nós contra nós mesmo), um escritor faria maravilhas com um personagem tão rico quanto esses. Há como se desenvolve ruma história genial com nossas pessoas.

    Tropa de elite só poderia ser feito no Brasil (tenta um remake americano e verá como ficará sem personalidade) ou em outro país parecido pela cultura do povo (méxico, por exemplo). Pense que, mulatas, negros, samba, pagode, funk, fazem parte das pessoas que vivem em tropa de elite. Retire eles e você mata o trabalho do escritor.

    Você escreve:

    “tem algo de brasileiro ali” mesmo sem colocar uma única música de Carmem Miranda, uma única mulata de glúteos avantajados, um cara pelado com penas na cabeça ou um “festival da carne” qualquer

    Popr tudo que você já escreveu, é errado tratar essas pessoas do modo como tratou. isto é aceitável para conversa de forum, mas há de se levar um pouco a sério quando, em uma coluna, você se dirige a outras pessoas como: “cara pelado com penas na cabeça”.

    Aposto que nem o crítico de cinema que você mais odeia vai se dirigir à classe média ou ao leitor de gibis como nerds e babacas virgens. O que eles analisam é o filme e sua estrutura.

    Mas é isso aí. Gosto das suas colunas. Fica só a dica.

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  • 02/02/2011 em 8:05 am
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    Fiquei pensando nisso e a única conclusão que posso tirar é: ainda não existe uma “identidade” para games do Brasil.

    Nossos jogos sempre vão copiar temáticas e ter a “cara” de jogos estrangeiros. Mesmo que você coloque uma mulata, um sambista, um malandro e um saci-pererê numa trama cheia de corrupção política e perseguições policiais ambientadas em São Paulo, ainda assim a “cara” do jogo seria estrangeira. Ninguém lá fora, ao jogar o jogo, iria dizer “poxa, este jogo tem ‘jeitão’ de jogo brasileiro”; seria apenas mais um jogo como qualquer outro, meramente com temáticas e personagens brasileiros embutidos.

    E, como outros comentaram, o desenvolvedor de games do Brasil, como qualquer outro do mundo, visa o lucro. Não há tempo a perder tentando desenvolver uma identidade de game para o Brasil – vamos fazer o que já dá certo, pois o retorno é mais garantido. Acho muito difícil que surja, algum dia, uma identidade de games para o Brasil, como existe para música, arte e filmes.

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  • 02/02/2011 em 11:25 am
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    A indústria brasileira de games para brasileiros tem tudo para despontar. Só falta resolvermos problemas mais graves de nosso país. O Brasil ainda é terceiro mundo em questões como educação, saúde e saneamento.

    Mas o acesso à Internet, telefonia móvel e melhor distribuição de renda já são realidade.

    Não duvido que se o Brasil tivesse se desenvolvido tanto quanto a Coreia do Sul nós já teríamos um mercado interno de games bastante ativo, pois amor pelos games nós temos.

    Eu mesmo já desenvolvi um game em XNA baseado no Lunar Lander e posso dizer que é muito fácil criar games hoje dia.

    Agora, se eu fosse mais profissional ou tivesse uma boa equipe para criar games, eu apostaria muito para o mercado brasileiro a criação de games baseados em seriados japoneses tokusatsu. Muita gente ama o Jaspion e os Changeman, e não existe um único game deles. No máximo alguns games dos Power Rangers (alguns até considero bons).

    Eu até já pensei em algumas idéias de como seriam os games:

    Jaspion seria um pouco parecido com Metroid, com um mundo aberto, mas dividido em fases assim como Mega Man Zero.

    Já os Changeman seria um beat em up (que os retrogamers tanto anseiam) com escolha das fases assim como Mega Man, e elementos de evolução de skills de maneira similar a um Action RPG.

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  • 02/02/2011 em 11:56 am
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    Podemos, então, analisar dois lados: o desenvolvedor que não consegue ou não pode (por questões comerciais) desenvolver uma identidade brasileira aos jogos, e o mercado consumidor que não se identifica/interessa pelos produtos nacionais. Só que isso não deve desestimular a criação de jogos, porque como sabemos a nossa indústria ainda engatinha nessa área. Ela precisa de maturidade, e para isso é necessário que mais e mais jogos sejam criados. Não esporadicamente como é atualmente. As indústrias americana e japonesa não chegaram aonde estão do nada, foram anos de evolução e tentativas. Lembremos, até hoje ainda sai muita porcaria nesses mercados. O negócio é persistir.

    Temas brasileiros não faltam, pois cada nação tem sua história e características únicas. Por que não fazer um jogo de estratégia baseado na guerra do Paraguai? Um de tiro sobre o Tropa de Elite? Um de futebol? Oras, quer algo mais brasileiro do que futebol? Os patchs de PES fazem muito sucesso, pois há a identificação – no caso com o seu time, campeonato, algo que muitos acompanham na TV.

    Então devemos deixar de fazer jogos para exportar, perder dinheiro arriscando. Claro que não. A parte comercial sempre virá primeiro por questão de sobrevivência. Mas evoluindo essa indústria poderemos ousar cada vez mais e criar jogos mais com a nossa cara. Só que para evoluir é fundamental aumentar o número de desenvolvedores. Empresas, cursos, profissionais. Vejo que há uma melhora neste sentido, mas ainda muito lenta.

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  • 02/02/2011 em 2:33 pm
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    Só vamos conseguir uma identidade na criação de jogos quando pararmos com essa mania de esteriotipar o brasileiro. Concordo que tem coisas que são comuns, como os já citados, samba, funk, futebol, mulheres, etc, mas sempre que um elemento desses tenta ser empregado é feito de forma exagerada, como se só houvesse isso. O problema é que o brasileiro não conhece ele mesmo, só sabe do que aparece na televisão e isso acaba reduzindo drasticamente as possibilidades e eliminando a possibilidade de uma identidade verdadeira.

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  • 02/02/2011 em 3:52 pm
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    bom, não sou brasileiro mas vivo aqui desde os 5 anos e amo este país tanto quanto o meu de origem. para mim o que dificulta mesmo a criação de jogos aqui é a falta de apoio ao desenvolvedor e uma busca por novos horizontes onde se possa expandir os talentos daqui.
    acho que muitos novos empregos seriam gerados e sabe-se lá quantos jogos excelentes sairíam do forno, com um toque diferente dos ja cansados temas japoneses/americanos.
    não sei, acredito que no Brasil gasta-se muito dinheiro com carnaval, o que para mim é uma banalidade (me desculpem).. não entendo como podem gastar tanto e festejar enquanto pessoas ficam sem água, casas e até comida. quando meus parentes vem me visitar, evito ligar a televisão ou até o som pois certa vez passei vergonha ao tocar uma música no rádio enquanto dirigia. por favor não pensem que eu estou julgando a todos, só relato que o talento brasileiro é disperdiçado com esse suporte mesquinho dado pelo governo que ilude o povo com festas e cada vez mais o passa para tras.

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  • 02/02/2011 em 4:41 pm
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    O Carnaval é uma banalidade como qualquer outra forma de entretenimento, Joshua. É uma manifestação cultural importante que com o passar do tempo ficou desvirtuada, aliás, como também foi a música, que você citou.

    Desculpe discordar de você, mas acho válida a sua opinião porque é mais isenta do que nós que nascemos aqui. Curiosidade: de que país você é?

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  • 02/02/2011 em 7:21 pm
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    @Onyas
    olá Onyas.
    agradeço seu comentário pois me fez enxergar que me expressei mal anteriormente. desculpe se ofendi a cultura brasileira, não foi minha intenção, queria sim dizer o que você citou bem, carnaval se desvirtuou do seu real significado. admiro sim a cultura daqui, tenho até certa inveja da paixão demonstrada por este povo com suas tradições, mas é algo que me perturba ver pessoas sofrendo por falta de suporte do governo enquanto esse esbanja dinheiro com carnaval ,trazendo olimpíadas ou aumentando em 60% seus salários, me desculpe.

    voltando ao post, acredito que essa paixão que o brasileiro tanto tem seria muito importante na criação de jogos, pois quantos brasileiros de sucesso existem em outras áreas.. são incontáveis.
    temas e inspirações para jogos com tempero brasileiro existem aos montes, personagens literários magníficos, a própria colonização do Brasil, guerra dos farrapos, boitatá, saci pererê, etc.. tem para todos os gostos.

    respondendo sua pergunta, eu nasci na Suécia em Stockholm a atualmente resido em Porto Alegre.

    abraços!

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  • 02/02/2011 em 8:16 pm
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    Hehe, Suécia Joshua? Mas aí fica difícil comparar mesmo.

    Essas mazelas que você citou vão sempre existir porque não é só no governo. Sabe o desastre que houve no Rio? Muita gente se dispôs a ajudar os flagelados, mas houve gente que teve a coragem de desviar as doações. Putz, isso me deixa fulo, roubar de quem já não tem nada. Aqui as pessoas fazem coisas erradas e ainda posam de gostoso, de “esperto”.

    Suécia, Finlândia, Coréia, Chile. Países que evoluíram porque investiram em EDUCAÇÃO. Esse é o grande ponto. O problema-mor deste país. Nós negligenciamos a nossa EDUCAÇÃO, não damos valor, nem a aluno nem a professor, achamos que há coisas mais importantes. Mas não há. EDUCAÇÃO é tudo! Enquanto não colocarmos isso na cabeça vamos continuar estagnados. Querem que o país cresça 7, 8% ao ano. Mas de que adianta se o país cresce e a população fica para trás. Se pegassem, veja bem, 10% do que vão desviar de dinheiro público nessas malditas olimpíadas e na copa do mundo, daria para fazer uma boa reforma na EDUCAÇÃO.

    Tenho certeza que tudo isso que a gente vem discutindo neste tópico sensacional do blog, sobre literatura, filmes, games, “identidade”, criatividade. Tudo isso ia ser melhorado caso investíssemos pesado em EDUCAÇÃO. Aí ninguém segurava o Brasil. Mas não… a gente somos “esperto”… não precisamos de educassaum…

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  • 04/02/2011 em 7:39 pm
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    Até entendo a crítica do Leandro Moraes, mas acho que ele interpretou mal o post do Senil. Não que tenhamos que evitar os temas folclóricos pra criar um jogo interessante, mas há uma série de coisas dentro de um jogo além do tema. Tratar de temas brasileiros não faz do jogo um produto com identidade brasileira. Como o próprio Senil citou como exemplo, não há coisa mais japonesa do que os RPGS japoneses, que tradicionalmente abordam temas europeus (castelos, princesas, dragões, etc.). Mas a japonice não tá no tema, tá na forma como esse tema é desenvolvido e na forma como o tema se relaciona com o jogo. Aí entra a narrativa, por exemplo – vai comparar um adventure europeu com um americano. Pega, por exemplo, Another World e Day of the Tentacle, ou pra complicar mais já bota também o Snatcher na salada. Isso tendo em mente que a narrativa em jogos não envolve só o desenrolar da história, mas a relação da história com os momentos interativos e com a estrutura e apresentação das fases, construção de personagens… simplesmente não dá pra botar um “cara pelado de pena na cabeça” e achar que isso torna o jogo brasileiro. A sociedade aborígene e todo o seu folclore oferece uma fonte inesgotável de referências, não se resume a um monte de bonecos numa floresta 3D – imagino que tenha sido mais ou menos isso o que o Senil tentou dizer. Brasileiro joga muito videogame, mas em geral encara a experiência com tanta profundidade quanto alguém comendo fandangos na fila do banco. Acho que é isso o que falta na indústria daqui, um pouco menos de superficialidade. Só vamos aprender a fazer jogos quando aprendermos a jogar.

    E o governo não tem culpa disso.

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  • 05/02/2011 em 1:46 pm
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    Desde a 3ª geração empresas estrangeiras desconsideram nosso país.

    Creio que o primeiro mundo acha que nós somos pobres demais (ou financeiramente, ou academicamente, ou mentalmente), razão pela qual a Tec Toy deitou e rolou com o SMS em 1990: confiou no país e o paií comprou

    Dentro do tema do post vale ressaltar o jogo brasileiro de capoeira (Barravento) que foi feito em 1987 para o Amiga, não ficou lá aquelas coisas…

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  • 06/02/2011 em 12:09 am
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    @Onyas
    Só complementando o seu raciocínio com um exemplo sobre a falta de consideração pela Educação no Brasil. Aqui no meu bairro demoliram uma escola que atendia a comunidade a 60 anos para a construção de um condomínio. Poxa, aqui em São Paulo existem tantos prédios completamente abandonados e casas em péssimo estado de conservação, que poderiam ser demolidos para a construção de moradia e vão demolir justo uma escola de bom nível!

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  • 06/02/2011 em 5:54 pm
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    Ufa! Estou enrolado essa semana com alguns probleminhas (e devo ficar assim por mais um mês) e peço desculpas pela demora em responder seus comentários… Adoro participar das discussões que surgem, mas acabei sentando na frente de um PC somente hoje… Já li todos os comentários e foi uma pena não ter podido responder de pronto… Mas, vamos lá!

    @Landeel
    Isso é algo complciado mesmo, mas concorda comigo que se isso acaba virando um tipo de círculo vicioso? Levando em conta impostos e tudo mais sobre games, um jogo barato seria mesmo um nacional. Mas eu sou da opinião de que se for um game ruim, nem penso em comprar (seja em camelô ou original). Mas, posso ficar mais tentado a gastar se o preço for baixo, nem que seja para experimentar. Se um jogo nacional saísse a um preço razoável e fosse de qualidade, por que as pessoas não comprariam? A resposta pode ir além do “não querer pagar” e esbarrar no próprio preconceito com o que podemos fabricar em nosso próprio país.

    Sinceramente, se saísse um RPG nacional, mesmo que não fosse do estilo que mais gosto, e não custasse os mesmos 250,00 de jogos novos por aí, eu compraria com certeza.

    @Patty K
    hehe É bem isso mesmo Patty. Eu gostaria muito de me tornar um escritor de games (chamam isso lá fora de game writer) e já tenho algumas “brincadeiras” nesta área. O problema é que aqui no Brasil não contratam gente para fazer especificamente este tipo de trabalho.

    @Fábio
    Sem dúvida. É o que digo com relação a CDs. Eu pagava 40,00 em discos com encartes bacanas e alguns extras. Hoje eu pago o mesmo preço por uma caixa fubanga com um encarte fajuto que nem as letras das músicas tem? hehehe Se fosse uma “versão econômica” a 10,00 até valeria a pena.

    @Carrion
    Sim. O problema é que não temos parâmetros para um “valor nacional” para jogos. Só podemos comparar com os valores europeus, americanas e japoneses (

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  • 06/02/2011 em 6:22 pm
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    Maldito teclado com o qual não estou acostumado. hehehehe Continuando…

    Ah, infelizmente não vou conseguir responder tudo hoje! Estou muito enrolado aqui e vou ter que sair agora. Talvez na terça-feira, ou na quarta-feira eu consiga acessar de novo… Desculpem por isso. Vou ir respondendo a partir daquela em que parei!

    @Onyas
    Não é só você que tem essa sensação… Eu percebo a mesma coisa. E, quando resolvem fazer algo mais “brasileiro” focam somente nos clichês e mitos nacionais; como se um tema tornasse algo mais próximo de nosso país. E, como deixou em aberto, é melhor esquecer subsídios do governo para esse tipo de coisa. hehe Os palhaços, jogadores de futebol e afins que estão por lá estão preocupados com outros jogos.

    E eu adoro os jogos da Mônica! Mais até que os Wonderboys originais. Tem aqueles do Sapo Xulé, Castelo Rá-Tim-Bum, Pica Pau etc. que foram feitos por aqui. hehehe Mas não tenho dúvidas que o mais divertido são os da Mônica mesmo.

    (vi que postou outros comentários, então já aviso que vou respondê-los mais abaixo, conforme forem aparecendo, beleza? hehehe Fica mais fácil para eu me organizar nas respostas)

    @João do caminhão
    Isso mesmo! Eu só não acho que seja curioso. hehehe O pessoal lá de fora liga mais para jogos de países estrangeiros que a gente pelo nosso próprio produto. Eu não corri atrás dele por ser FPS (um estilo de jogo que só me chama atenção remotamente hehehe), mas li coisas muito interessantes a respeito dele. É um bom exemplo de um bom jogo nacional.

    E falou tudo. Não damos valor ao que fazemos aqui no país. Isso é muito evidente. E, claro, empresas querem obter lucro; se sabem que não vão ganhar nada, porque produzir alguma coisa? Acho que isso é o que pesa mais com relação aos games; mais até do que os preços dos jogos. Bem lembrado também da literatura e do cinema; em geral, faz sucesso quem acaba caindo nos lugares-comuns, ou que “se vendem” (não no sentido ruim, que fique claro) lá fora como “escritores brasileiros que escrevem em outro idioma”.

    @Flávio Oliveira
    Penso bem assim também. Se precisar de um suporte na equipe, reforço meu interesse. hehehe Especialmente na parte de game writing; é o que mais “brinco” de vez em quando nessa área.

    Ah, e ri muito quando li “laranjas” na sua frase. hehehe Sei lá porque, mas rachei o bico!

    @Leandro Moraes
    Opa Leandro! O Pedro (que postou um comentário mais abaixo) expressou bem o que quis dizer com o post. Para mim, é evidente que a cultura em que estamos inseridos vai aparecer em qualquer jogo que fizermos. Por exemplo, jogos baseados em D&D tem um quê americano mesmo se passando em um cenário fundamentado em uma Idade Média fantástica européia. Americanos não fazem somente jogos baseados na Guerra Civil que eles tiveram, ou que tenham temática de faroeste. O que é, devo dizer, bastante saudável. Um jogo com Abraham Lincoln poderia ser um tédio total.

    Sobre usarem mulatas, carnaval etc. como algo riquíssimo para literatura, games e qualquer outra forma de entretenimento, eu não duvido disso! Mas precisamos mesmo ficar só nestes elementos? Porque não criar algo que se passe no Dia de Finados? Ou falarmos de brancos no Norte do país? Ou explorarmos bandas de rock e heavy metal nacionais em um game ou filme? Ficar somente nisso seria como japonês só lançar filmes, livros e games que se passem no seu período feudal. Mesmo com grandes obras como Os Sete Samurais e O Silêncio. Assim como o povo nipônico tem muito mais a oferecer, nós também temos.

    Não fui ofensivo e nem tive a pretensão de usar de ironia para sê-lo e dizer que foi sem querer. Posso ter sido mal compreendido (como qualquer escritor está sujeito). Só quis alargar a discussão e dizer que nós podemos fazer muito mais do que isso que fazemos; isso que já fazemos há anos; isso que, aparentemente, só recebe uma nova roupa de ano em ano. A Bossa Nova não matou o samba, mas o reinventou; que mal tem pensar isso tudo de um jeito diferente? Dar uma renovada? Renovar não é apagar o que já foi feito, mas honrar o ontem com aquilo que somos capazes de pensar e fazer hoje.

    @Locke Cole
    huahuahuaha Pois é, não é? hehe

    @Hideto
    Yep. O que é uma pena, sem sombra de dúvida. Ainda mais em uma época em que a produção de games é frenética e agitada. E mesmo que você crie todo um documento de design inovador, se o produtor lê e acha que não vai dar dinheiro, é melhor esquecer completamente o projeto.

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  • 13/02/2011 em 5:35 pm
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    Ufa! Acho que agora vai! hehehe

    @Fernando Lorenzon
    Cara! Idéias bem legais as suas.

    Eu até toparia fazer parte de uma equipe mais indie de game design. Como falei, o que mais gosto de fazer é “brincar” com documentos de design e escrita de modo geral (diálogos, escolhas, roteiro etc.). Programo muito pouco (autodidata mesmo) em Java e C++, mas precisaria de pessoas que manjam mais desta e de outras áreas para me ajudar. Meu desenho é péssimo, por exemplo. hehehe

    E eu gosto muito de tokusatsu (até hoje inclusive). Assisti Jiraya de novo uns tempos atrás e não achei ele nada “infantil” (com exceção de algumas cenas e tal, a temática não é tão bestinha como pdoeria parecer – o pecado maior é o robô lá perto do final hehehe).

    @Onyas
    Sem dúvida. É preciso arriscar mesmo. Não adianta só ficar reclamando e esperar que “do nada” surja a bonança. É preciso lutar para criá-la. E isso com certeza leva a percalços no caminho. Boas idéias as suas também. Se bem exploradas, sairiam ótimos games delas.

    @Tchulanguero
    Sim. Sem dúvida alguma. E isso é em certa medida favorecido pela própria “propaganda” que alardeia o que seria “legitimamente brasileiro”. Isso tudo mais confunde do que ajuda a pensar sobre o assunto.

    @Joshua
    Concordo plenamente Joshua. Não sabia que era estrangeiro e fico MUITO feliz com seu posicionamento. Não por sua concordância comigo (o Carnaval do Brasil é tosco mesmo – o Europeu de modo geral ainda mantém a festa mais original e mais divertida pelo que parece), mas porque e uma visão um pouco mais crítica. Tem estrangeiro (e não-estrangeiro) que acha que amar o Brasil é ser doido por caipirinha, feijoada, samba e qualquer outra coisa. O que não é o caso, definitivamente.

    Com relação ao que falou sobre os games, eu também concordo. O que falta é esforço e risco. Esse monopólio de games pelos EUA e Japão (os outros países tem participação bem menor) é danoso em muitos sentidos. Por exemplo, saem muitos jogos todo dia e um muito parecido com o outro. Eu realmente tenho o anseio de criar um RPG nacional; não com temática regionalista, mas com um “tempero brasileiro”. Estou em mudando e casa agora, mas quero voltar a brincar com o documento de design com que estava envolvido uns tempos atrásd: um RPG. Vamos ver o que sai. hehehe

    Como adendo, tenho grande estima pelos países nórdicos. Embora tenham sido seus inimigos em algum momento na história, tenho grande apreço pela Dinamarca. Fala sueco muito bem ou esqueceu tudo? Um amigo meu aprendeu o idioma sozinho uns anos atrás, enquanto eu fiquei tentando aprender holandês. hehehe

    @Onyas
    Pena que tenha desvirtuado. hehehe Não acho a festa de todo ruim. Mas quem não acordou num feriado prolongado quando criança, doido para ver desenho e estavam lá aquelas alegorias passando? hehehe Eu não sei quanto a vocês, mas eu ficava muito bravo! huahuahauhauhaua

    @Joshua
    Bom, eu não acho que tenha se expressado mal Joshua. Eu entendi perfeitamente o que quis dizer; e é preciso deixar de lado certo ufanismo com relação ao país que nascemos. Temos que criticar o que deve ser criticado. Afinal, amar realmente uma coisa é fazer o possível para que melhore e não deixar tudo do jeito que está. Se é assim (ou deve ser assim) entre os membros de um casal, porque não deveria ser na relação de uma pessoa com o seu país.

    A cultura de todo país (ou nação) é rica. Podemos aprender muita coisa sem nos fiarmos necessariamente de samurais e pistoleiros do velho oeste. A própria cultura germânica, nórdica e anglo-saxã (que é até bem valorizada) é mal aproveitada em jogos (e geralmente por países que não viveram isto em seu sangue – o que não é ruim, obviamente). Um exemplo é a cultura árabe que é vista de modo bem estereotipado até hoje em games; o Islã tem muito mais a oferecer do que Prince of Persia; o Islã cobriu até a nossa original Península Ibérica. hehehe Devemos até nossos azulejos a eles! huahuahauhauha

    @Onyas
    É o famoso “jeitinho brasileiro” que por alguma razão que não consigo entender é louvado ao invés de visto com desprezo pela maioria da população. É justamente este tipo de pensamento que afunda o país. Conversando estes dias com minha noiva, disse que “qualquer país ficaria fulo se do nada a ONU dissesse que metade do seu país não existia mais e devia ser chamado de Israel” e completei “se fosse aqui no Brasil” e minha noive me interrompeu dizendo: “se fosse aqui no Brasil, a gente não ia ligar e nem fazer nada”. E acho que é bem por aí mesmo. Falam tanto para a gente se desvincilhar do “imperialismo americano” quando, na verdade, temos que nos desvincilhar da “corrupção brasileira” que não é só política, mas envolve todas as áreas da vida de todos nós que aqui nascemos e/ou vivemos: é uma corrupção humana.

    @Pedro Paiva
    Isso mesmo Pedro. Foi exatamente isto que quis trazer com o post. Se eu tivesse que resumi-lo, fa-lo-ia com as suas palavras.

    Muito legal sua comparação com jogos de gêneros iguais, mas de regiões diferentes. Se eu tivesse feito algo assim da maneira que fez, talvez meu posicionamento tivesse ficado mais claro.

    Quanto ao brasileiro jogar supericialmente, acho que isso é um sintoma mais mundial… Nós que jogamos há mais tempo sabemos que nem sempre foi dessa maneira, mas hoje saem milahres de jogos a todo momento. É muita coisa; eu fico contente em jogar um ou outro quando arrumo tempo, mas tem gente que joga tudo que vê pela frente, uma vez só (talvez pegando todos os extras e tudo mais) e parte para outro. Uma verdadeira experiência de jogo passa pela repetição do mesmo jogo; e não fosse assim, jogaríamos futebol só uma vez em nossas vidas e depois somente variações dele.

    E, sem dúvida, o governo enquanto governo não tem responsabilidade direta sobre isso. É responsabilidade pessoal, de cada um de nós.

    @Fernando
    hehe Deve ter algo de desprezo sim. Mas acho que tem mais desprezo pelo nosso país em nosso próprio país que o contrário.

    Não sabia desse jogo para Amiga. Tem alguns da década de 1980 também… Um que se passava na Amazônia, acho… Não lembro se era para console ou algum PC da época (MSX etc.).

    @Ronald
    É falta e consideração e preocupação com o que realmente importa… Realmente uma pena.

    @Pedro Paiva
    Sem dúvida! O problema é que nem toda equipe de game design nacional tem dinheiro para fazer isso aqui no próprio país. Então já aposta em fórmulas prontas, ou “fazem o que mandam” mesmo.

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  • 18/02/2011 em 10:57 pm
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    O único recurso necessário é um computador. Não é preciso ter dinheeeeeiro pra produzir um jogo de forma independente. A distribuição acontece pela internet mesmo, não tem mistério. Apenas o computador, um pouco de tempo livre e um monte de paixão são o suficiente (bom gosto também ajuda). E o conhecimento técnico, claro.

    Eu mesmo tenho obtido alguns resultados – desenvolvo jogos há algum tempo investindo apenas meu trabalho e a luz elétrica que gasta o computador. Não tem mistério, é só fazer. Pra quem quiser ver, meu nome linka pro meu blog, lá tem algumas coisas jogáveis que não exigiram o investimento de fortunas.

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