Fãs da Sega, perdão se o título deste post deu a vocês alguma esperança. É puro sensacionalismo da minha parte 😛

Seja como for, vamos começar com um pouco de história sobre a realidade virtual nos games. Eu costumo dizer que essa história parece um pouco com a dos dinossauros: no período Permiano, lá em meados do século 19, começaram as primeiras experiências com a tecnologia — digo, SEM a tecnologia, apenas com o conceito, usando murais panorâmicos em museus. Já no período triássico (em torno dos anos 60), os primeiros dinossauros começam a surgir: Morton Heilig criou o Sensorama, que já usava telas de TV para que o espectador se sentisse pilotando uma moto no Brooklin.

O Sensorama é mecânico e funciona até hoje. A única falha do projeto é que um espirro pode ser letal.

Essa tecnologia sempre pareceu uma coisa muito louca e fora da realidade, mas a ideia voltou com força total no período jurássico (vulgo “anos 90”). Alguns grandes nomes da indústria começaram a brincar com realidade virtual; revistas de games falavam em incríveis capacetes que colocavam o jogador dentro dos jogos, podendo olhar para os lados e caminhar pelos mundos virtuais. Tudo isso com gráficos horrendos, possibilitados por máquinas enormes e pesadas que quase quebravam o pescoço do jogador. Ter um negócio desses em casa era uma ideia totalmente insana.

No jurássico, a realidade virtual deixou todo mundo louco. Um dia, a Sega anunciou o desenvolvimento de um visor de realidade virtual para o Mega Drive, o infame Sega VR. A garotada logo se imaginou dentro do Golden Axe, olhando “pessoalmente” para os peitos da Tyris Flare nos olhos de Death Adder. Parecia que enfim essa tecnologia, que já era demonstrada eventualmente até em shoppings brasileiros (eu mesmo cheguei a testar um protótipo com o primeiro Doom), logo estaria em nossos lares. A realidade virtual provavelmente foi o maior sonho tecnológico da geração gamer dos anos 90.

Lembram do Sega VR? Eu derramei litros de baba corrosiva sobre a revista que trouxe uma matéria sobre ele na época.

Mas o mundo é uma selva, meus amigos, e após alguns anos todos caímos na real (com trocadilho, por favor): a tecnologia simplesmente não “estava lá” ainda. Ia levar tempo para aquele treco render bons frutos, se é que algum dia ia render. Um meteoro imenso colidiu com a Terra, exterminando os dinossauros enquanto várias empresas deixavam a realidade virtual de lado — incluindo a Sega, que cancelou o Sega VR*. A Nintendo brincou de leve com a ideia com o Virtual Boy, que fracassou miseravelmente. Nos anos seguintes, todo mundo notou que era mais sensato investir em outras formas de imersão mais viáveis, como a tecnologia de sensor de movimentos tão popular na geração atual de consoles.

Felizmente, como o próximo Einstein um dia dirá com certeza, tudo o desce tem que subir. Vinte anos depois do sonho do Sega VR, aqui estamos nós outra vez. O R.E.M. acabou, muitos de vocês casaram e ficaram barrigudos (eu casei, mas não engordei) e a tecnologia avançou horrores — além de ter ficado mais barata. Só faltava alguém corajoso e genial se aventurar seriamente nessa área outra vez… e parece que isso está acontecendo.

Cenouras e cenouros, apresento a vocês o Oculus Rift!

Se for notícia velha para vocês (o projeto foi aberto no Kickstarter há algumas semanas), perdoem-me, mas o assunto do Gagá Games é velharia mesmo 😛

Resumindo, esse sujeito que você vê aí no vídeo criou um protótipo funcional de visor de realidade virtual compatível com uma versão modificada de Doom 3. Você coloca esse treco na cabeça (dizem que é surpreendentemente leve) e não vê mais uma tela ou uma imagem pequena como nos capacetes anteriores: a visão aqui é total e de baixíssima latência — o que significa que a imagem “vira” junto com a sua cabeça, sem aqueles atrasos horrendos dos experimentos antigos na área. A resolução ainda é baixa, mas os caras vão chegar lá.

John “Doom” Carmack (o nerd de óculos não-VR na foto) está todo empolgado com o Oculus Rift.

Claro, grandes porcarias o Gagá estar aqui dizendo isso tudo. Who the fuck eu penso que sou, não é mesmo? Mas quem não foi preguiçoso e assistiu ao vídeo já percebeu que grandes nomes como John Carmack (Doom), Gabe Newell (Steam) e Cliff Bechtlufft Bleszinski (Unreal), dentre muitos outros, estão empolgadíssimos com o negócio. Carmack jura até que seus futuros jogos serão compatíveis com o aparelho — o primeiro já confirmado é Doom 3 BFG Edition.

Pelo que essa turma toda diz, o aparelho funciona incrivelmente bem, sendo a melhor experiência já feita com realidade virtual — e o que é melhor, uma experiência viável, que já funciona com um jogo e talvez nem custe tanto dinheiro assim. Mas é bom destacar que o treco não está pronto ainda. O Kickstarter tem como objetivo principal bancar a construção e o envio de protótipos para desenvolvedores, que vão fornecer o bom e velho feedback para aprimorar o projeto. Todo mundo que doar acima de 275 dólares já fatura um kit, mas tenham em mente que isso ainda não é um produto de consumo, e deve ter várias tosqueiras. O design, principalmente, deve mudar bastante até a versão final.

O sujeito só queria 250 mil dólares para financiar a brincadeira toda, mas já passou de um milhão e meio (e faltam quinze dias para o kickstarter acabar). Eu não tô com bala na agulha para garantir um protótipo, mas doei minhas dez pratinhas para que esse camarada ajude a realizar nosso velho sonho gamer de entrar de verdade nos nossos mundos virtuais favoritos. Aí vai ser só esperar a turma do homebrew adaptar o primeiro Sonic para esse aparelho e todos poderemos ter um feliz ataque cardíaco ao colidir com uma parede xadrez a 300 Km/h.

Acesse o kickstarter do OCULUS RIFT!

* Uma nota curiosa sobre o Sega VR: todo mundo sabe que a tecnologia era inviável na época, ainda mais no Mega Drive. Porém, a Sega preferiu se fazer de gostosona e dizer que o projeto foi cancelado porque era realista demais e os jogadores poderiam se machucar jogando!

Realidade virtual: enfim, o Sega VR… ou quase!

15 ideias sobre “Realidade virtual: enfim, o Sega VR… ou quase!

  • 16/08/2012 em 5:25 pm
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    eu só via esse óculos naqueles filmes que passavam na Sessão da Tarde, quando algum menino riquinho mimado queria se exibir para os coleguinhas desprivilegiados. desde moleque queria testar um treco desses, mas nem nos shoppings da minha cidade tinha tamanha tecnologia. e pelo que ouvi falar, o produto no Virtual Boy doía os olhos, tanto que as crianças tinham que pausar o game de 10 em 10 minutos para descansar a vista.

    mas esse projeto, seria interessante. claro que não num FPS. mas em games de corrida, Beat up para ver as curvas da Tyris Flare ou no meu caso, os da Lucia em Final Fight 3 ou até vermos a visão do Mario quando salta penhascos e enfrenta Bowser.

    se o Jonh Carmack conseguir esse projeto emplacar, vai pular miudinhos para os consoles da atual geração(principalmente a Nintendo) quererem sua versão desse óculos.

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  • 16/08/2012 em 5:34 pm
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    leandro(leon belmont) alves,

    Se isso te serve de consolo, o tal treco com Doom 1 que eu testei no shopping era uma porcaria. A tela não ocupava a visão toda, só uma tirinha, totalmente artificial. A única coisa que aquilo fazia era virar o boneco quando eu virava a cabeça 🙁

    Dizem que os mais legais eram tipo simuladores de voo. Lembro de ver numa revista um toscão (os gráficos pareciam os daquele jogo Hard Driving) onde você estava num avião de guerra antigo e podia olhar para baixo e para os lados. Esse eu queria ter testado.

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  • 16/08/2012 em 7:23 pm
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    Ô Gagá, tem cardíaco lendo seu blog viu, mais cuidado com o SEGAcionalismo! Eu quase caí pra trás, rs

    Caramba, já tinha doido deste calibre no século 19, então? Putz…

    Rapaz, sensacional esse “Sensorama”, se você excluir o contexto da foto preto-e-branco e tal, poderia ser facilmente alguma tentativa de VR mais atual mesmo. Mas ainda bem que surgiu o “sensorama slim”, rs, o tal Rift — sou mais um na torcida de que uma boa quantidade de desenvolvedores ajudem esse Kickstarter.

    Ah, no MS-DOS no início dos anos 90, lembro que haviam muitos, MUITOS tech-demos de realidade virtual (só software, nada demais), na época eu até baixei vários em BBS e fiz uma coletânea… em 1 (um) floppy de 1.44 🙂 Mas sério, parece ser algo que representa uma tentação constante para quem desenvolve jogos e lida com tecnologia de gráficos tridimensionais, um dia isso tem de vingar e esse Rift parece ser o próximo passo!

    Valeu Gagá pela aula sobre VR nesse post!!!

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  • 16/08/2012 em 9:46 pm
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    Kleber Snake wings,

    Claro que pode! É só espalhar uns bons colchões em volta de si na hora de jogar ^_^

    Brincadeiras à parte, o criador do Rift disse que a turma que usa óculos vai poder usar o treco também: ele vai trazer uma regulagem integrada de grau para míopes e pessoas com astigmatismo!

    Cosmonal,

    Bacana a história do Sensorama, né? Parece um arcade!

    †Yciero†,

    Na época eu lembro que até achei interessante, mas era mais por ser novidade mesmo. A verdade é que o treco era ruim de doer, rs…

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  • 16/08/2012 em 10:53 pm
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    Putz, eu ri alto aqui do feliz ataque cardíaco! kkkkkk
    Não boto muita fé nesse tróço, acho que não vai funcionar assim logo de cara.
    Fora que eu não poderei jogar, por mais que eu queira. Passo mal em quase todos os jogos em primeira pessoa que existem. Fico imaginando passar por um looping a 300 km/h, vou ter que jogar com um balde do lado… eca!
    huahuahuahua

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  • 16/08/2012 em 11:09 pm
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    Gamer Caduco,

    Essa é que é a parte bizarra, Caduco: parece que o aparelho JÁ funciona, é só aparar as pontas. Há tempos ninguém dava trela para esse papo de realidade virtual, e se agora tem tanta gente séria empolgada, deve ser para valer. Vamos torcer, né?

    Quanto à piadinha do ataque cardíaco, eu senti que era boa porque eu ri sozinho aqui quando pensei nela ^_^ É divertido fazer posts para o Gagá Games porque eu sempre dou umas risadas enquanto escrevo, he he!

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  • 16/08/2012 em 11:37 pm
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    Lembrei do Rzone da Tiger que a Tectoy distribuiu por aqui e acho que tinha até virtua Fighter hehehehehe Era um controle ligado num suporte com uma lente negócio meio bizarro achava até que era da Sega hehehe

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  • 17/08/2012 em 3:54 am
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    Fico imaginando quando aquele neurocirurgião brazuca (que vai fazer um tetraplégico – usando um exoesqueleto – dar o pontapé inicial da copa do mundo de 2014) terminar os estudos da equipe dele. Pelo que ele falou, fazer pessoas voltarem a andar ou fazer o cérebro reconhecer braços mecânicos como um membro do corpo vai ser o de menos. A ambição do projeto é garantir isso tudo e muito mais, como uma internet por pensamento e sentir todas as sensações de um ambiente virtual.

    Mas esse projeot aí é interessantíssimo para termos em casa. Pena que não veio de nenhuma fabricante de jogos. Mas também, não imagino alguém criando tanto e não sendo a SEGA. No entanto, como não tem parte de nenhuma das grandes no projeto (sony, microsoft ou nintendo) creio que não haverá a tal da “exclusividade”.

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  • 17/08/2012 em 9:30 am
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    Eu lembro que já lançaram algo parecido para os PCs na década de 90. Na verdade não chegava a ser um óculos de realidade virtual, mas sim como um “monitor” acoplado na cabeça. Eu cheguei a testar um uma vez numa loja de informática e o único programa de VR era o que vinha com o aparelho. E nada mais era o de andar por um labirinto 3D, sem textura nem nada. E custava mais de 1000 pratas, muito caro a época.

    Vamos ver o que sai daí.

    Falow! 😀

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  • 17/08/2012 em 5:00 pm
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    Piga “the ancient alien”:
    Eu lembro que já lançaram algo parecido para os PCs na década de 90. Na verdade não chegava a ser um óculos de realidade virtual, mas sim como um “monitor” acoplado na cabeça. Eu cheguei a testar um uma vez numa loja de informática e o único programa de VR era o que vinha com o aparelho. E nada mais era o de andar por um labirinto 3D, sem textura nem nada. E custava mais de 1000 pratas, muito caro a época.

    Vamos ver o que sai daí.

    Falow!

    Este mesmo que jogue, era um capacete que tinha duas lentes onde víamos duas imagens, aí tinhamos que ir ajustando até as imagens se tornarem uma só. Devia fazer um mal danado isso aí.

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  • 18/08/2012 em 11:07 am
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    Rodrigo:
    Lembrei do Rzone da Tiger que a Tectoy distribuiu por aqui e acho que tinha até virtua Fighter hehehehehe Era um controle ligado num suporte com uma lente negócio meio bizarro achava até que era da Sega hehehe

    R-zone foi dinheiro jogado fora, sempre tive astigmatismo no olho direito e não dava pra jogar pois só servia no olho direito com excessão de outros como o http://consolasportatiles.info/wp-content/uploads/2010/05/DSCI2580_600x4501.jpg

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