Séculos depois da minha primeira jogatina, bateu uma nostalgia e decidi jogar Doom I novamente. Dei um pulo no Steam e quase comprei o pacotão Ultimate que eles vendem, mas aí comecei a ler vários relatos sobre problemas técnicos do jogo em computadores mais recentes.

Olha pra trás, velho, olha pra trás!!!
Olha pra trás, velho, olha pra trás!!!

 

A solução? ZDoom, uma recriação da engine que roda os arquivos das fases (os famosos “wads”) do jogo original. O ZDoom corre lisinho, sem bugs bobocas, e oferece até uns borogodós a mais como a possibilidade de olhar para cima e para baixo e de usar joystick. Mas fiquem tranquilos: quem quiser pode desligar os extras e jogar à moda antiga. É o que eu estou fazendo. 

Doom I é dividido em três episódios. O primeiro, Knee-Deep in the Dead, contém dez fases e era distribuído de graça na época para atiçar a turma a comprar os outros dois episódios (um quarto episódio saiu mais tarde no pacote The Ultimate Doom). Joguei o primeiro episódio inteiro em um dia e fiquei maravilhado em ver como o jogo envelheceu bem. Doom continua sendo megadivertido, com fases cheias de armadilhas marotas que geram momentos tensos e inesquecíveis. Até o controle pelo teclado, sem mouse, não parece algo arcaico e desajeitado como eu imaginei que pareceria depois de anos jogando os Halos da vida. Doom foi construído em torno desses controles, e funciona bem pra caramba com eles.

Um dia como qualquer outro em Doom I
Um dia como qualquer outro em Doom I

 

Cada episódio pode ser jogado em cinco níveis de dificuldade diferentes. Eu sempre escolho o penúltimo, “Ultra-Violence”, porque não é impossível nem mamão com açúcar. Já o último, “Nightmare!”, é surreal demais: além de mais velozes, os monstros renascem segundos depois de abatidos! Coisa de louco, você tem que correr o tempo inteiro porque a munição acaba num instante.

O primeiro episódio dá para levar numa boa. As fases são apenas levemente cruéis, há bastante munição para você matar todo mundo, dá para terminar em poucas horas e você ainda conhece os monstros básicos da franquia (com direito a um sustinho quando… não, é melhor eu não contar). O final é irresistível, e eu desafio qualquer um de vocês a não pular imediatamente para o segundo episódio depois de fechar o primeiro.

É claro que foi isso o que eu fiz: parti para o segundo episódio, The Shores of Hell, e aí eu posso dizer que o bicho pega legal. Rock n’ roll mesmo. Logo na primeira fase, você já percebe que a munição disponível não é suficiente para aqueles demônios todos. Correção: se você tiver boa mira até dá, mas aí você entra na segunda fase e topa com um labirinto de corredores estreitos e imps escondidos em cantinhos marotos. O único alívio que a fase te dá no início é uma espingarda com oito tiros, o que não dá nem pro cheiro. Logo a “cachorrada dos infernos” começa a correr solta atrás de você junto com os imps, e aí, meu amigo, se você não economizou tiro na primeira fase, dançou. Pensando nessas pobres almas, os programadores colocaram nesse estágio aquele item que deixa o seu soco superforte por alguns segundos, mas vai por mim, você não vai querer enfrentar legiões de demônios na mão.

Quando Doom solta os cachorros em cima de você a coisa fica feia pra caramba!
Quando Doom solta os cachorros em cima de você a coisa fica feia pra caramba!

 

Doom I está longe de ser um jogo burro. É claro que você tem que criar uma estratégia para passar das fases, tem que contar a munição e coisa do gênero. Mas ao contrário de outros FPS, que são mais metódicos e dependentes da atmosfera, Doom I brilha mesmo quando você levanta a porta, se joga no meio de um monte de criaturas dos infernos e começa a meter bala em todo mundo sem parar de correr. Ou quando você está sem munição, ofegante e sem energia, atrás de uma porta, pensando no que vai fazer com o Barão do Inferno que está lá dentro. Não existe nada, absolutamente NADA como Doom I. Exceto, obviamente, Doom II.

Doom I: 22 anos com corpinho de… peraí, esse título vai render encrenca
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13 ideias sobre “Doom I: 22 anos com corpinho de… peraí, esse título vai render encrenca

  • 08/06/2015 em 11:35 am
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    para mim, o problema da “dificuldade” de Doom 1 e 2 são como as fases foram construidas. a não ser que o jogador seja viciado no jogo, ele vai se perder na maioria das fases. em Doom 1 nem acontece tanto, mas no segundo…me lembro de uma fase que passei 40 minutos rodando no mesmo lugar para achar a saída. somado ao cansaço e munição acabando…é dois tempos para vacilar e ter uma morte besta.

    e quando me falavam que não conseguiam jogar Doom por não ter “senso de direção”, achava balela.

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  • 08/06/2015 em 9:12 pm
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    Olha só, review de jogo antigo? Podemos considerar a sua volta ao mundo dos sites retrô? Seria uma notícia e tanto! \o/
    Tá aí um jogo que devo a mim mesmo: Doom! Virei o Doom II de ponta-cabeça, joguei Wolfenstein 3D igual maluco. Tudo isso em meados da metade dos anos 90. Mas o primeiro Doom, por alguma razão mística, eu nunca encarei pra valer… só jogadas rápidas pra ver como era.
    Gostei que vc não deu spoilers e já avisou que a coisa não é fácil, me deu vontade de tentar algum dia. Mas tava pensando em tentar o tal do Brutal Doom, chegou a jogar? Um amigo está tentando e o pouco que soube é que ele tá curtindo pacas, embora fuja um pouco do original.
    Ótimo review, Gagá!
    Que venham outros!

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  • 08/06/2015 em 10:15 pm
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    Cadu,

    Cadu, eu nunca encarei o Doom I até o final também não. A história é praticamente a mesma: joguei mesmo Doom II, o Doom I só joguei um pouco do primeiro episódio.

    Todo mundo elogia pra caramba o Brutal Doom. Saiu uma versão nova outro dia e fizeram tanta festa que parecia que tinha um Metal Gear novo saindo. Tô jogando com o ZDoom porque quero uma experiência mais próxima à original, mas depois que zerar eu tô pensando em experimentar o Brutal Doom também.

    Quanto à volta do Gagá Games… sabe como é, aqui é blog zumbi, fica sempre esse clima de “a volta dos que não foram” 😛

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  • 09/06/2015 em 4:58 am
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    Ahhhhhhh, li o título do post, e aquele cheirinho gostoso de enxofre com “CC” de demônios suados subiu às minhas narinas! COMO AMO ESSE JOGO!
    Mas Gagá… ULTRA-VIOLENCE? Você é quem, aquela mocinha dos cinquenta tons de cinta? hauhuhaauhau…. Na boa, até vou longe no ultra do DOOM 2, mas não passo de jeito nenhum daquela armadilha chata da sétima fase do primeiro capítulo no Ultra…. por isso sempre vou de normal no 1. Só no SNES que eu conseguia jogar no Nightmare: eu e uns amigos disputávamos pra ver quem ia mais longe… e eu ia atéééé… a sétima do primeiro capítulo ahuahaua.
    Apesar de achar o controle do SNES a melhor forma de chutar bundas quentes do inferno, jogo mais no meu Dreamcast, tem um homebrew com as melhores wads, e roda tudo tão lisinho que dá vontade até de chorar!
    Taí um jogo eterno, tão eterno quanto a esse blog, que parece ser mantido por IMPs! haha
    PERGUNTA ALEATÓRIA: Alguém aqui também não consegue terminar o capítulo 4 do Doom 1? Vai se lascar, me sinto o Moisés no Sílvio Santos jogando esse capítulo!

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  • 12/06/2015 em 9:12 pm
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    Oráculo,

    Grande Oráculo, fiel visitante do Gagá Games! Um abraço, rapaz!

    Vinny “Segata” Pinheiro,

    Vinny, outra figurinha carimbada do Gagá Games.

    Eu nunca joguei o episódio 4, mas tenho lido coisas terríveis! Parece que é insanamente difícil!

    Joanan,

    Loooool! Um amigo me passou o link no Facebook outro dia. Dá até vontade de comprar só para ver se o sujeito vai mandar alguma coisa ^_^

    Mariola,

    Tamos aí! O meu esquema é esse mesmo: fingi que ia, não fui, mas acabei fondo!

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  • 15/11/2018 em 10:09 pm
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    Fala Gagá, sou grande fã do seu trabalho, vc é fera!
    O que falar de Doom!? Joguei mto esse jogo no PC, PS1 e Snes. Porém a versão que mais joguei foi a de Snes.
    Eu chamava esse monstro do Doom, o da ilustração, de “Cabeludo”. Pois a resulução do Snes era uma merda e parecia que ele possuía um “pega rapaz” e zuava com essa limitação. Coisas de muleke Nerd!kkkkkk
    Abraço.

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