Rapaz, isso está ficando legal de verdade...

Vocês devem estar lembrados que no mês passado o Gagá Games falou sobre o remake de Shining Force 2 para o Nintendo DS, que está sendo desenvolvido de forma independente pelo brasileiro Renato Bittencourt.

O Renato, que parece ser um sujeito muito boa-praça, deu uma entrevista ao Gagá Games, respondendo a algumas perguntas sobre o desenvolvimento do jogo que devem interessar a todos. Vamos lá:

O GAGÁ: Antes de mais nada, gostaria de saber por que você escolheu fazer um remake de Shining Force II. É seu jogo favorito?

Renato Bittencourt: Escolher o Shining foi juntar o útil ao agradável. Gosto muito da série por que foi o primeiro S-RPG que joguei na vida. Após o remake do Shining Force pro GBA, fiquei aguardando a possibilidade de fazerem o mesmo com o segundo título. Como isso não ocorreu e sabendo que na época que o Mega Drive reinava aqui no Brasil o segundo jogo foi lançado pela TECTOY, supus que quem o conheceu aqui no Brasil o fez através deste. Em seguida, analisando tecnicamente ele possui uma engine lógica mais fácil de ser criada, assim como a parte gráfica também. Só faltava escolher o console. Como eu já tinha estudado pela internet programação em Linguagem C e o SDK do GBA e já até estava com um título particular sendo desenvolvido e no mesmo estilo do Shining, pensei primeiramente em adaptá-lo para o GBA, mas o console já tinha sido substituído pelo NDS, então achei melhor correr atrás de aprender a programar no novo console, e assim o fiz.

O GAGÁ: Você tem formação nas áreas de programação e design? O trabalho gráfico parece muito bom.

Renato: Obrigado pelo elogio, rs… Não, não tenho formação acadêmica alguma nessas áreas. Tudo que eu sei de desenho vem de riscar e praticar no papel e no computador e isso já tem uns 10 anos. Quanto a programação é mais ou menos a mesma coisa, só que vem de muito mais tempo, de uns 15 anos, pois eu tinha um computador MSX e gostava de programar coisas nele, o que na época me fez ter contato com a Linguagem Assembler 8bits, e mais tarde, com o advento da internet, o interesse no “C”, já que era a linguagem mais utilizada na programação de jogos.

O GAGÁ: Quais são as maiores dificuldades no desenvolvimento de um jogo para o Nintendo DS? Você acha que o DS é uma boa plataforma para desenvolvedores independentes?

Renato: Bem, sempre fui “meio autodidata” e a única coisa que complica é você não ter a quem perguntar diretamente uma coisa quando se está com dúvidas. Claro que isso faz com que você corra mais atrás das respostas e isso também ajuda a fixar melhor o conhecimento adquirido. O Nintendo DS, pra mim, é um aparelho muito versátil e por isso o escolhi pra programar. Inicialmente pensei no Sony PSP, mas pela dificuldade de encontrar material de suporte na internet, acabei deixando-o de lado, infelizmente, pois é um console com grande potencial também.

O GAGÁ: O jogo está sendo feito em C, e parece que você mesmo criou as ferramentas de desenvolvimento. Você poderia nos contar um pouco sobre essas ferramentas? Pretende disponibilizá-las à comunidade de programadores brasileiros?

Renato: Sim, estou programando em C, só que não há nenhuma ferramenta minha não. Eu simplesmente peguei o SDK do Nintendo DS — conhecido como DEVKITPRO — na internet e o estudei, com a ajuda dos fóruns e sites internacionais de programação. Aliás, eu continuo estudando e tirando dúvidas dele até hoje, pois ele sempre é atualizado.

“Se você gosta de programação, gosta de games, tem conhecimento em ambas as áreas e dispõe de algum tempo pra se dedicar, por que não tentar ?!?”

O GAGÁ: Alguma previsão quanto ao término do desenvolvimento? Um Mês, um ano…?

Renato: Rs… não, infelizmente não. Eu prefiro nem pensar nisso senão desisto de fazer o game, rs… Aliás sempre comento pro pessoal que curto receber os elogios e apoio, mas de forma alguma ser pressionado, pois é um trabalho de fã, um hobbie apenas, e por isso feito somente nos tempos livres.

O GAGÁ: Você está desenvolvendo o remake… sozinho? Não é muito trabalho para uma pessoa só?

Renato: Com certeza, rs… mas eu não reclamo não ! Na realidade gosto de ter o domínio de tudo o que faço, pois sempre foi assim ! Claro, as coisas sairiam muito mais rápido se enquanto eu estou queimando a cabeça com o desenvolvimento da lógica estivesse alguém cuidando da criação gráfica, o que mais requer tempo. Mas como também curto fazer os desenhos, as animações, acabo abraçando tudo.

O GAGÁ: Hoje em dia há muitos “programadores de fundo de quintal” (sem ofensa, pois sou um deles), gente que aprendeu alguma coisinha de C, Java ou Python por conta própria. Você acha que essas pessoas teriam condições de desenvolver um jogo para o DS ou outro console sozinhas? Que conselhos você daria a elas?

Renato: Rapaz, quem sou eu pra dizer isso… rs… Acho que a própria pessoa é quem determina até onde pode chegar. Bem, não sei se é um conselho mas o que eu fiz foi ver o que eu tinha à mão e o que eu conseguiria na internet. Como achei todo o suporte necessário até agora pra programar no Nintendo DS, resolvi pagar pra ver. Não tenho nada a perder, só experiência a ganhar, e é um hobby. Se você gosta de programação, gosta de games, tem conhecimento em ambas as áreas e dispõe de algum tempo pra se dedicar, por que não tentar ?!?

O GAGÁ: E depois de Shining Force II? Algum outro projeto em mente?

Renato: Sim… na realidade o Shining Force 2 foi escolhido por mim como parte de uma estratégia pra encaminhar os fãs deste pra um outro game que eu já vinha desenvolvendo no Game Boy Advance. Como o outro game seria uma espécie de tributo a série Shining — apesar da história não ter nada haver — resolvi adotar o nome tributo ao próprio remake do SF2.


Quem quiser acompanhar as novidades pode ficar ligado no Gagá Games, ou ir direto ao álbum da Aliança Visual Arts, onde o Renato posta novas fotos de tempos em tempos. Outra ótima fonte de informações é este tópico da comunidade Shining Force 2, no Orkut.

E quem duvida que o jogo esteja mesmo rodando no DS pode tirar a dúvida com o vídeo abaixo:

Muito obrigado pela sua atenção, Renato, e sucesso no seu trabalho!

Shining Force 2 Remake: entrevista com o desenvolvedor
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6 ideias sobre “Shining Force 2 Remake: entrevista com o desenvolvedor

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