“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

 
Olá crianças!

Atendendo a uma sugestão que ocorreu alguns posts atrás, decidi falar um pouco sobre esse momento importante e presente em todo jogo: o pos-ludere, aquele momento em que nos desprendemos do jogo e voltamos ao “mundo real”.

Enquanto fazia a minha dissertação de mestrado, eu considerava como poslúdio todo momento em que deixávamos o jogo; tanto quando chegávamos ao seu término (ou seja, quando cumpríamos plenamente a tarefa que nos era dada), ou no caso de alguma coisa nos distrair dele como, por exemplo, um telefone tocando, ou qualquer outra obrigação que tivéssemos. De uns tempos para cá eu estou pensando em estabelecer uma distinção. Sutil, é verdade, mas uma distinção. Não vou entrar em detalhes por enquanto, mas basta que saibam que falo em pos-ludere aqui somente no sentido de “dever cumprido” e não nestas saídas e pausas ocasionais.

Imagem de encerramento de Phantasy Star II. Cumprimos a tarefa que nos foi posta pelo jogo. É este o motivo do poslúdio: não se pode permanecer no jogo após seu término; daí a melancolia.


 

Buytendijk fala que o término de todo jogo traz certa melancolia pela despedida que fazemos daquele lugar cheio de vida que habitamos durante certo tempo. Ainda que haja pesar, é justamente este momento que permite com que o jogo se transforme em tradição. Para este autor, é somente ao encerrarmos um jogo qualquer que podemos guardá-lo na memória e, com isso, permitir com que outros o joguem após nós e consequentemente estabeleçam uma tradição.

Vamos pegar um jogo conhecido e antigo para que entendamos melhor. O xadrez não se tornou em uma tradição de uma hora para outra. Sem levarmos em conta as mudanças notáveis de regras e adaptações que ele sofreu no decorrer dos séculos, ele se tornou uma herança humana justamente porque seus primeiros jogadores, após se despedirem de uma partida, ensinavam outros a jogar, mostravam-lhes as regras e incentivavam-lhes a praticá-lo e, enfim, passar para outras pessoas.

Quando um jogo brota assim da própria diversão e depois vai se tornando em algo passado a gerações, o elemento lúdico é realmente perceptível. A cada século que passa, as pessoas aprendem estes jogos e continuam se divertindo com eles.

Pintura de Brueghel chamada “Jogos de crianças”, pintado no século XVI.

Contudo, e quanto aos games? Embora possamos dizer com certo grau de certeza que o objetivo dos primeiros videogames não era ganhar dinheiro, mas divertir seus jogadores, o que podemos dizer hoje em que a indústria opera a toque de caixa?

Essa é uma diferença essencial entre os games e os jogos que chamamos de tradicionais (como o xadrez, golfe, futebol etc.). Não é simplesmente pelo tipo de jogo, mas a clareza com que ele é “passado adiante”; não se joga xadrez somente pegando um tabuleiro e pronto. É preciso de um tutor, nem que seja um livro ensinando os rudimentos (que foi como eu mesmo aprendi, inclusive). Isso mesmo já é interessante de pensar: na Idade Média, os livros (e não o Livro somente como podem imaginar) eram de extrema importância. Além, é claro, da autoridade (e não autoritarismo) que a tradição tinha em suas vidas. Não é a toa que um belo quadro Renascentista mostra esse papel crucial com relação aos jogos.

Hoje, “tudo é passageiro” parece ser o mote. Além de passarmos de um game para outro com extrema facilidade, às vezes nem voltamos ao mesmo game mais de uma vez. E isso mesmo naqueles casos em que afirmamos que o jogo é excepcional etc. A repetição é crucial para o desenvolvimento de uma tradição. Talvez fosse até mais correto dizer que gêneros de games podem se tornar tradição e não os próprios jogos que fazem parte deles. Digo isso porque os jogos tendem a ser genéricos: para quê jogar o mesmo jogo de novo se você pode experimentar um novo “muito parecido” com o anterior?

Este é o pos-ludere mais comum atualmente: jogar games, terminá-los e não voltar a eles. Às vezes nem bate uma grande tristeza porque já estamos ansiosos pelo “novo jogo”. A melancolia de que Buytendijk fala é um tipo de saudade daquele mundo, talvez não tão forte quanto o banzo dos negros escravos em nosso país, mas a ideia é a mesma. Mais comum ainda é experimentarmos um game por cinco minutos e o largarmos ali mesmo, sem qualquer intenção de retomá-lo.

Nossa cultura ocidental deve muito às mais diversas culturas. No caso dos árabes, sem eles não teríamos tido acesso a obras elementares de filosofia e ciência. Além de avanços nas navegações e astronomia com os astrolábios que criaram para saber onde ficava Meca para orarem voltados para sua cidade santa.

 

A tradição não descarta: ela preserva. E não podemos cair em juízos de valor do tipo “o que é bom mesmo vai permanecer”, porque nem sempre este é o caso. Ainda mais em épocas de propaganda em massa. Os árabes gostavam mais de Aristóteles do que os cristãos da patrística e justamente por esse zelo deles que ainda possuímos acesso às suas obras. O poslúdio saudável é necessário para que isso aconteça. Mas como isso é raro com games!

Estórias escritas por fãs, homenagens musicais e até mesmo as comunidades (seja no Orkut ou não) que formamos por gostarmos de um jogo em específico (num companheirismos se se lembram da definição de Lewis que trabalhei aqui) contribuem para manter determinado game vivo. Geralmente estas pessoas jogam o mesmo jogo (ou a mesma série) com grande frequência e incentivam outros a fazer o mesmo. Embora o videogame seja um fenômeno recente, creio que seja possível ver crianças jogando junto com seus pais que, por sua vez, jogaram muito em sua infância. Note que não estou dizendo “jogar videogame” de modo amplo demais. Assim como “jogar jogos de tabuleiro” não é tradição, “jogar videogame” não é; jogar xadrez e jogar Phantasy Star, por outro lado, podem sê-lo.

A crítica a autoridade e à tradição é uma herança do Iluminismo e uma das coisas boas e ruins que trouxe. Claro que é preciso pensar o autoritarismo e levantar questões sobre o tradicionalismo que não se aventura por caminhos novos (porém seguros); contudo, a ordem das coisa de hoje tende a sepultá-las com os anos. Há muitos focos de resistência como podemos ver, mas não é regra.

Um pequeno recorte dos jogos listados no fanfiction.net.

 

Enfim, o que quero propor para pensarmos esta semana é simples: o poslúdio dos games pode sim estabelecer uma tradição, mas não é o que geralmente acontece. A importância dada a isso aparece muito mais em comunidades de jogos específicos do que em comunidades de jogos em geral. Passar adiante uma “tradição de jogar jogos” é desnecessário porque “jogar” faz parte da humanidade desde antes do que podemos imaginar; é importante que avaliemos, em nós próprios, quais jogos são realmente significativos. E a resposta a essa dúvida é simples: é só pensar em quais jogos queremos que outras pessoas experimentem, aproveitem e passem adiante.

É isso por hoje! Até o próximo post!

Academia Gamer: Poslúdio

17 ideias sobre “Academia Gamer: Poslúdio

  • 05/07/2011 em 9:25 am
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    Fala Senil. Isso está mais recorrente hoje do que a 10, 20 anos atrás. Lembro que antigamente o acesso aos consoles e principalmente a seus jogos, não era algo muito fácil, principalmente devido a preço. Por isso escolhíamos o cartucho com crinho e o jogávamos várias vezes. Hoje em dia isso não acontece mais.

    Temos hoje a internet que, deixando de lado a legalidade da coisa, trás até você enxurrada de jogos, sejam novos ou antigos. Hoje em dia é possível jogar de tudo a qualquer hora, toda hora. Até mesmo pra aqueles que querem manter a tradição como eu e continuar a comprar jogos para seu sistema atual, está mais fácil do que nunca. Hoje em dia existe muitas lojas gringas que enviam o jogo pro Brasil, e graças ao avanço da tecnologia com os meios de pagamentos online nunca foi tao fácil adquirir jogos. Eu mesmo estava comprando uns 6 jogos por mês e tenho cerca de 90 jogos pro meu PS3. E devido a quantidade, um jogo terminado, raramente volto a jogar novamente, pois já tem outro na fila e a fila tem que andar!

    É triste, mas aquela magia que existia nos consoles de 8 e 16 bits se degradou com o tempo. Quem não lembra que da facilidade de se conseguir jogos para Saturn e PSOne quando a pirataria inundou o mercado com games desses consoles? Já não era mais preciso ir a locadora, pois se comprava um jogo com o preço de uma locação. Isso também fez muitas locadoras irem pro vinagre! A pirataria sempre existiu, mas acredito que foi no início da década de 90, com os videogames CD e com os jogos de PC que ela realmente acelerou e fez com que o acesso até então limitado pelo $$$$ a grande maioria dos jogos sofresse um revés que até hoje vemos a consequencia disso por aí.

    Abraços!

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  • 05/07/2011 em 11:03 am
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    É verdade, Piga!

    A magia de se adquirir um jogo na era 8 e 16 bits era muito maior…

    A verdade é que essa pirataria ferrou com tudo à partir da metade da década de 1990. Veio o PSOne com os jogos piratas e aí generalizou…

    Sei disso, porque tenho vários consoles e a verdade é que curto mais os antiguinhos (NES, SNES, Mega e Neo Geo) do que o PSTwo, que é o mais moderno que possuo.

    O problema é que ter um videogame destravado faz com que você compre jogos, jogos e mais jogos, devido ao preço baixo. Aí, o que acontece? Compramos um jogo “só para ver se é bom” e, em grande parte das vezes não gostamos e o encostamos…

    Aconteceu comigo no PSOne. Tenho uns 60 jogos e, efetivamente, só jogo uns 15 ou 20 deles…

    Tanto é que quando comprei meu PSTwo, fiz questão de não destravá-lo, justamente para comprar só jogos originais escolhidos a dedo… Aí sim, dá para montar um acervo qualitativo e não quantitativo.

    No caso do cartucho pirata, ainda vai, porque o preço não era tão baixo se comparado a um CD ou DVD pirata… E mesmo com a pirataria antes pensávamos bem antes de comprar um jogo.

    Infelizmente, a quantidade de jogos descartáveis hoje em dia é maior. São muitos os jogos que nem queremos mais saber depois que terminamos… Mas, paciência… É uma tendência de mercado justamente para aumentar o lucro das softhouses.

    Abraços

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  • 05/07/2011 em 12:41 pm
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    Eu tive um momento em que jogava muitos games de qualquer jeito, sem me importar tanto em terminá-los. Depois de um tempo isso começou a me deixar meio angustiado, pois um jogo não terminado fica assombrando a gente como se fossem fantasmas que não se libertaram.

    Hoje me dedico rigorosamente a um grupo de jogos que pretendo terminar, e mesmo se eu abandonar um temporariamente, deixo anotado mentalmente para voltar e terminá-lo em breve.

    Jogar os games até o fim e se segurar para não começar a jogar algo novo exige muita disciplina.

    Um dos meus maiores feitos recentes foi terminar Top Gear 1 com cada um dos 4 carros, em cada nível de dificuldade (3), totalizando 12 campeonatos terminados. Foi demorado, exigiu dedicação, mas fiquei muito satisfeito e me diverti o tempo todo.

    PS.: Ver o busto dO Filósofo me deixou arrepiado, heheh.

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  • 05/07/2011 em 2:21 pm
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    Olha, não gosto muito desses argumentos nostálgicos, como “hoje não damos valor aos bons jogos”, etc. Para mim, esse é o mesmo preconceito que Adorno e Horkheimer tiveram em relação à comunicação de massa.
    Eu não entendi exatamente o que você quis passar com seu texto, mas eu acredito que hoje em dia há na verdade um trabalho de valorização muito mais forte do que antigamente, graças à internet, que permite que pessoas com afinidades se comuniquem facilmente.
    De qualquer modo, para que ficar jogando os mesmos jogos eternamente? Eu com certeza não leio os mesmos livros ou vejos os mesmos filmes sempre. Há muita opções boas no mercado que eu nunca poderei jogar por questão de tempo, logo prefiro não desperdiçá-lo com o que já joguei.
    Isso não significa que eu não volte a ele de alguma forma, seja relembrando em ocasiões especiais no caso de bons títulos, ou expandindo conhecimento em redes sociais ou livros.

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  • 05/07/2011 em 3:54 pm
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    Em partes concordo com o Guilherme, mas noutra eu valorizo algumas de suas palavras.

    Devemos te rum meio termo, um espaço para novas experiências e outro para recordação e redescoberta.

    Fiz isso, em termos de videogame, com Zelda de snes, Monster World 4(que agora jogo no meu PSP), Grandia que baixei na PSN pois não havia terminado a muito tempo em meu pc, e venho fazendo novas descobertas MAIS seletivas e menos instintivas, e nesse blog encontro muita coisa boa, destaco o seu artigo do shin megami tensei que me fez começar a jogá-lo.

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  • 05/07/2011 em 4:57 pm
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    @piga
    Sem dúvida que isso acontece. Com games antigos, era mais fácil “passar adiante” e repetir o mesmo jogo por tudo isso que falou. O excesso de disponibilidade e o grande número de games lançados a cada dia é danoso para a experiência de jogo como tal. Como disse, dificilmente repetimos os mesmos jogos: a repetição acontece em outro game “parecido” ou do mesmo gênero. É como dizer “cansei de jogar com este tabueleiro de xadrez, vou jogar com outro mais estiloso”. Variar um pouco pode ser bom, mas jamais repetir um jogo praticamente nega que ele é um jogo.

    Talvez até pudesse dizer que muitas (quiçá a maioria) das pessoas que hoje se dizem “jogadoras de videogame” são, na verdade, não-jogadoras.

    @Man On The Edge
    O PSX é o pivô de uma série de mudanças na indústria e na própria atitude dos jogadores com relação aos jogos. Infelizmente, é o que mais podemos perceber hoje em dia.

    E não são só os games não. Podemos pensar exatamente a mesma coisa com relação a livros, à música, cinema, artes gráficas etc. Uma pena porque ao invés de tornar artes e belas artes em tradição, elas já nascem sendo descartáveis.

    @Fernando Lorenzon
    hehehe Eu procurei alguma imagem dos livros em árabe do Aristóteles, mas não tive muito sucesso e taquei o busto conhecido dele mesmo.

    Com certeza é preciso dedeicação a um jogo. Muita gente hoje esquece disso e, nos primeiros minutos, já diz se o jogo é bom, se é ruim e sabe com certeza se voltará a ele ou não. Eu sou a favor do “jogar todo jogo como se fosse o melhor do mundo” como Lewis propõe aos críticos literários e sua atitude com relação a livros. Somente depois é que poderíamos atribuir algum juízo de valor.

    @helisonbsb
    Valeu pela força!

    @Guilherme
    Eu também não gosto desse tipo de argumento. A nostalgia é um tanto quanto enganadora e, se formos pensar bem, ela não é algo muito bom de se sentir. Claro que hoje a palavra tem um valor primordialmente positivo (um tipo de saudade de tempos melhores), mas não acho que seja a única coisa que possa significar. Ela passa para mim a ideia de um “olhar para trás”; assim como alguém muito jovem pode ficar admirado diante de um futuro longínquo que nunca chegará, um velho pode ficar absorto em um passado que nunca voltará. É uma perspectiva do “futuro do pretérito” como “seria”, “poderia”, “iria” etc.

    O que quis trazer com o post foi pensar se com as atitudes dos gamers (tanto a nossa geração como as mais antigas e as mais jovens) podemos considerar a formação de uma tradição de games. Não o “jogar videogame” de modo geral e amplo, mas o “jogar um jogo” em específico.

    Não defendi que somente joguemos os mesmos jogos e ignoremos toda novidade que nos aparece (novidades estas que podem ser jogos antigos que nunca jogamos), mas sim que não esqueçamos de retomá-los. Porque é somente pela repetição que ele pode começar a se constituir em tradição. E, quanto à valorização dos jogos na internet, eu acho que isso é meio relativo. Como falaram acima, ter tudo de mão beijada é bom, mas carrega um perigo. Para mim, o perigo é que exaltam o “jogar qualquer coisa” e não o “jogar um jogo”. E isso é tudo que a tradição não é.

    Existem nichos na internet que promovem esse movimento da transformação de certos jogos em tradição. Muitos dos games que chamam “clássicos” são tradicionais (embora o inverso nem sempre seja verdadeiro). Por exemplo, comunidades de jogadores (fóruns, sites, listas de discussão), crições de fãs (músicas, poemas, contos, peças de teatro, roteiros de cinema etc.). Isso, para mim, é o que passa um jogo para as tradições seguintes. Geralmente quem faz esse tipo de trabalho joga o mesmo jogo (ou mesma série) várias e várias vezes, então preenche todos os requisitos.

    E sem dúvida que a Escola de Frankfurt é bem preconceituosa com relação à comunicação de massa. Eles são o exemplo perfeito de “nostálgicos” no sentido que trouxe. Infelizmente também, muitos acadêmicos ainda pensam como eles. Paradoxalmente, são aqueles que usam computadores e internet (a tal “técnica”) para defender os malefícios da técnica. hehehe Vai entender.

    @carlos
    Sem dúvida. A aventura em cada jogo é importantíssima e a tradição e jogar um jogo pela décima vez não impede isso. Dificilmente repetimos um jogo enfadonho; aqueles que queremos repetir mais e mais vezes estão mais perto de serem “passados adiante” por nós. Nós, como jogadores, fazemos muito mais pelo futuro dos games do que resenhistas de revistas, blogs e sites especializados.

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  • 05/07/2011 em 5:23 pm
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    boa matéria como sempre, mestre Senil. é realmente quando terminamos um game,(se a palavra poslúdio significa isso) dá uma sensação incrivel de dever cumprido e pelo menos para mim,é como descarregar um peso dos ombros.mas essa sensação dura pouco, lá vou eu desbravar outro game e a sensação de ser um eterno héroi a proteger os fracos,(no caso de rpgs) enfrentar mais uma temporada daquele circuito emocionante(se for o caso de games de corrida) ou outros jogos sempre permanece..e sobre a parte de depois de zerar,incentivar os outros a jogarem aquele game massa…cara,nesse site eu descobri Shin Megami Tensei(adoro escrever esse nome) ^_^ no diario de bordo do nosso querido velhinho,o Gagá. e fiquei viciado por qualquer coisa na serie e incentivava os meus “compradres” a jogar. de tanto insistir, meus amigos tão jogando o SMT1 da versão do playstation 1 e o MMO do jogo, Shin Megami Tensei IMAGINE. e isso me deixa feliz por meus amigos e familiares estarem jogando um game que eu zerei. e recomendo a todos jogarem SMT(ou Megaten)

    e concordo com o Fernando Lorenzon. jogo não zerado fica nos perambulando feito fantasma. me lembro que ano passado tive um sonho com um game que num tinha zerado ainda e isso ficou me atormentando e só passou quando eu zerei o game. por isso que ao contrario do meu irmão,que baixa 50 roms por semana e não chega a jogar quase nenhum, prefiro baixar aqueles que realmente vou zerar e ter tempo para isso.
    Hee-Hoo para você,Senil. meu fieis monstrinhos Ace Frost,Jack Frost,Pyro Jack,Jack the Ripper e o Black Frost mandam para vocês.^^

    BWA,HA,HA,HA,HA,HA,HA,HAH!!(Demoniac Mode On)

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  • 05/07/2011 em 5:36 pm
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    @leandro(leon belmont) alves
    O poslúdio começa quando terminamos o jogo, na verdade. E inclui, com certeza, essa sensação do dever cumprido. Shin Megami tensei é bacana mesmo. Pena que a versão de um dos games de Sega CD da série só tem em japonês (como boa parte da série hehehehe) porque eles deram uma ajeitada muito boa nele. E isso de você passar para outras pessoas o jogo é o que promove a tradição mesmo; como eu com Phantasy Star, a série Shining e Langrisser.

    Isso de pegar vários jogos e não jogar nenhum direito é muito comum hoje… Uma pena…

    huahuahuaha Ri um bocado aqui. hehehe

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  • 05/07/2011 em 7:02 pm
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    Que bom que o tema que sugeri apareceu por aqui. 😛
    Também faço essa diferenciação, quando o jogo acaba mesmo, game over e quando você dá uma paradinha.
    Uma forma de retornar para o game rapidamente é escutar a música dele, agora mesmo estou escutando o tema principal do FF7, o jogo hoje em dia é feio e a história nem é tudo isso, mas mesmo assim sempre me emociono quando escuto esse tema, ele evoca muita lembranças boas do jogo. Não entenda mal, gosto do jogo apesar de tudo, gosto do mundo, queria alguma vez andar por Midgar, hehehe. Falando nisso esse jogo tem uma “prequencia(sequencia que se passa antes)”, chamada Crises Core pra PSP(com boas musicas também), que joguei(e gostei bastante) somente pela oportunidade de voltar a esse mundo.
    Isso aconteceu com Phantasy Star, o gagá falava tanto desse game, que acabei jogando, e me empolguei tanto a voltar aquele universo que joguei as sequencias. Doeu um pouco saber que o amado planeta Palma(que nem é visitado) explodiu….
    Embora tenha jogado o 4, não me animei a ir a fundo no 3. E estou no aguardo da versão traduzida pelo Gagá para PS2.
    Bem me estendi demais… Tenho sugestões de tema para dar se você quiser, não cobro nada 😛
    Falow.

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  • 06/07/2011 em 12:04 am
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    @guilherme2
    Música é um bom incentivo para voltar ao jogo mesmo. Envolve o pre-ludere (prelúdio) que já falei em vários momentos. É o que nos seduz tanto a entrar no jogo pela primeira vez como também a voltarmos a ele.

    Eu, por outro lado, adoro o Phantasy Star III. É o que mais quero re-jogar de toda a série. É o que mais terminei também. Sem dúvida é o meu preferido. Até acho que é meu jogo predileto para dizer a verdade…

    Pode sugerir à vontade! hehehe A Academia Gamer aqui é feita com vocês mesmo; não quero que fique parecendo que eu posto e pronto. Tanto que prezo muito mais os comentários do que necessariamente o que escrevo. Então, se tiver alguma ideia, pode falar. de repente é até algo em que estou pensando no momento.

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  • 06/07/2011 em 2:46 pm
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    Essa coisa de terminar um jogo que eu gostei e recomendar pra todo mundo jogar é algo que eu mantenho até hoje, porque era assim que eu conhecia os jogos antes. Não tinha internet e quase nunca tinha grana pras revistas, então quando alguém falava de algum jogo que tinha gostado eu corria atrás pra ver se era bom também.

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  • 06/07/2011 em 5:02 pm
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    @Tchulanguero
    Isso é algo que eu acho importantíssimo ainda hoje. E isso é o essencial à tradição. Tem jogos que certamente jamais teria jogado se amigos não mo tivessem recomendado. O poslúdio de um é o prelúdio de outro. Se bem que o poslúdio também carrega algo de prelúdio, porque a lembrança de um jogo, os bons momentos que passamos nele e coisas assim nos seduzem novamente a entrar uma vez mais.

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  • 20/11/2011 em 3:14 pm
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    Esse é um texo que me faz pensar, porque desde 2010 tenho feito o que chamo de ‘revisitações’ a desenhos animados e games prediletos da infância e adolescência, como os Donkey Kong Country’s, jogando o que falta de séries que gosto muito, como Mario e Metroid, zerando e terminando de assistir o que ficou pela metade, como Guerreiras Mágicas de Rayearth, Black Kamen Rider, Beavis & Butt-Head (que voltou!), Legend Of Legaia e Planescape Torment.

    Tem sido uma experiência inesperadamente muito rica, e se tornou um ponto (até mesmo uma fase) de equilíbrio com meu lado de conhecer as coisas e ter novas experiências, que foi o que fiz unicamente pelos últimos dez anos. Também surpreendeu por eu achar que a maturidade traria a percepção (até certo ponto inevitável) de que as coisas são infantis demais para o meu gosto atual, ou que certos aspectos técnicos incomodassem ao ponto de retirar-me da imersão, pois conheci obras com excelência e a tecnologia avançou, acontecendo igualmente o que Tolkien explica no ‘Sobre Histórias de Fadas’ (recomendo, mas acho que você já leu, pensando como Lewis era amigo): a suspensão da credulidade, de se acreditar que aquele mundo é crível, ou parecido como você diria, jogar-se na experiência. Só aconteceu de desgostar com Rayearth nesses dois anos, de tudo que revisitei!

    Acabei revisitando tudo porque conhecer e experimentar estava se tornando cada vez menos prazeroso e mais vazio como experiência, então resolvi mudar de estratégia e voltar para os bons lugares conhecidos, além de finalmente lidar com os fantasmas que o @Fernando Lorenzon falou.

    Concordo quando você fala que é necessário jogar mais de uma vez para que se torne realmente um jogo, como caracterizou em outras colunas. Mas minha impressão é que os jogos, de 2000 para cá, cada vez se permitem menos isso, com exceção dos jogos de construção, sand-box e mmo (pra citar alguns de forma genérica), pois a experiência está se tornando cada vez mais limitada pelos elementos cinematográficos e narrativos e menos pela ‘liberdade dentro das regras’ que faz um jogo. Talvez sejam apenas jogos ruins que me passam essa impressão (ninguém quer jogar novamente um jogo ruim) ou um novo tipo de obra, que não seriam os jogos, mas ‘filmes com botões’ ou filmes híbridos, ou simplesmente os jogos tornaram-se fáceis demais para continuar desafiadores e chamar para uma nova partida.

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  • 20/11/2011 em 3:32 pm
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    @Furionte
    Essas revisitações são uma delícia, não são? O próprio Lewis comenta que “um bom livro lido aos cinco anos continuará sendo bom aos cinquenta”. Passando para o lado dos jogos, um game realmente bom será igualmente prazeroso a uma mesma pessoa independentemente da idade que ela possua no momento.

    Já li esse livro do Tolkien sim; é bastante instigante. Boa parte das ideias do Lewis têm um eco dessa obra do amigo dele. Uma das partes que mais gosto é quando ele critica a noção de serem “coisas de criança”. Usa a analogia de que móveis e objetos que os adultos não querem mais passavam diretamente para as crianças e que foi exatamente isso que aconteceu com os contos de fada (em sentido amplo e não só o “Era uma vez…”): em certa época, os adultos pararam de lhes dar bola e as crianças continuaram divertindo-se com eles.

    Esse retorno é imprescindível em qualquer jogo e em qualquer obra de arte. Infelizmente, muitas pessoas acham que “já joguei” é um bom argumento para jamais experimentar aquele game de novo… E isso se repete com livros, músicas, filmes etc.

    E concordo plenamente que os jogos mais recentes tendem a favorecer menos essa repetição essencial ao jogar. Claro que isso não é culpa somente da indústria e dos designers, mas dos jogadores que, ao terminarem um game, querem sua “continuação” e não jogá-lo novamente. Há uma tendência a descartarmos as coisas e buscarmos o novo esquecendo que a melhor das novidades acontece quando repetimos a experiência pela segunda vez: nesse momento, meras surpresas do enredo não nos motivam mais (aquela dúvida sobre o quê irá acontecer a seguir), mas aprendemos a nos surpreender com outras coisas.

    E isso se aplica a filmes também. Nem diria que isso seja exclusivo de games em que controlamos pouco, porque mesmo assistir um filme também é um jogo e muitas pessoas não assistem novamente um mesmo filme pelas mesmas razões que jamais colocam um game para rodar uma segunda vez. Faz parte de nossa cultura atual esse tipo de coisas e é a responsabilidade de cada um de nós repetir ou não essas experiências lúdica e/ou artísticas. Ninguém pode fazer isso por nós.

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  • 21/11/2011 em 2:04 pm
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    @O Senil concordo quando você fala que os filmes precisam de revisitação, e olhando pro que eu acho dos filmes com botões de hoje, ainda concordo com meu ponto! E isso é bom, sempre achei que o esclarecimento só aparece quando todo mundo percebe que está com a razão ao mesmo tempo.

    Então vou explicar mais: apesar de entender seu uso da palavra jogar, para mim um jogo possui o elemento da interação objetiva, enquanto um filme seria a observação subjetiva. Sem querer começar a desconstruir os significados das palavras, ou buscar suas limitações práticas porque senão a gente se perde, todo jogo permite ficar mexendo com algo para vencer algum desafio, tirando e pondo em lugares diferentes de acordo com o que as regras permitem, enquanto um filme ou qualquer narrativa a gente apenas observa e reage internamente.

    Só que enquanto certos filmes sempre assisto novamente, como Old Boy e Clube da Luta, esses filmes com botões afastam-me, talvez por não terem o mexe-mexe que busco como jogo, ou talvez por serem ruins como narrativa (ficam na fórmula sem oferecerem alguma novidade ou criatividade, ficam no conteúdo raso, sem aprofundar nada), ou ambos. Pode ser a influência do cinema descartável de Hollywood em ação. Não ajuda esses jogos o fato de que gosto mais de jogos que de filmes.

    E aí tem a facilidade cada vez maior dos games, que tiram a motivação para continuar no mexe-mexe para vencer um desafio, que fica sempre acessível, sequer oferecendo um controle do nível de dificuldade para colocar no difícil. Um dos motivos para que eu continue jogando Metal Gear 3 até hoje é que ele tem o mexe-mexe na história, onde a gente pode ficar conversando no rádio com a equipe e descobrir detalhes em situações inusitadas, explicando muitas partes do jogo e da história, ou as dificuldades que oferece para incrementar o mexe-mexe, que levou-me a zerar em dificuldades sempre maiores, indo do normal, passando pelo hard, extreme e o atual european extreme, além de cada Metal Gear buscar algum tema para se aprofundar, neste como o soldado se encaixa e lida com as batalhas que enfrenta em sua época.

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  • 28/11/2011 em 4:35 pm
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    @Furionte
    Sim, de fato são duas formas diferentes de jogar. E a diferença está em que o jogo de uma é “apresentar algo a um espectador” (filmes, pinturas, livros etc.) enquanto que o de outra tem como tarefa alguma outra coisa que não essa “apresentação” (salvar o mundo de um tirano maligno, resolver um quebra-cabeça com bolinhas etc.). Interação nas duas formas existem porque somos “movidos” da mesma forma.

    Entendo que pensa naquela distinção entre nos movermos externamente (mexendo as mãos, por exemplo) e internamente (uma emoção, por exemplo). Mas essa distinção entre interno e externo não ajuda muito já que não há distância entre nós e aquilo que percebemos: nós nos dirigimos a essas coisas seja pelo pensamento, seja com nosso corpo. Uma emoção se dirige a um objeto tanto quanto a nossa mão para pegá-lo: a mão não é “mais real” que a emoção. A diferença entre esses jogos não está no jogador (e sua forma – e não grau – de interação), mas no próprio jogo e em sua tarefa.

    E concordo que muitos games que focam nessa questão da narrativa acabam se tornando desinteressantes porque ficam em um meio termo muito raso. Confundem justamente a tarefa do jogo e querem, ao mesmo tempo, mostrar algo aos jogadores e exige que eles cumpram uma missão ao mesmo tempo. Essa névoa que encobre a tarefa do jogo que afasta muita gente (eu inclusive) de jogos como Final Fantasy: em boa parte dos games dessa série, me sinto assistindo um filme de 40 horas em que, tediosamente, fico apertando botões de vez em quando.

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