Olá, amigos leitores do Gagá Games!

Hoje falaremos sobre uma pérola que costumava acompanhar “kits multimídia” no meio da década de 90. Como bem sabemos, eram tempos em que o uso de CGs e cenários pré-renderizados ou foto-realistas significavam uma das duas coisas: uma grande produção, ou vergonha para a história do gamedesign. Acontece que, no caso específico, falaremos sobre um título que não tende para nenhum dos lados, tendo um ponto extremamente positivo, acompanhado de alguns medianos, equilibrando a coisa.

Bad Mojo, da Pulse Entertainment, foi meu primeiro contato com diversas coisas sendo a primeira delas a própria palavra mojo, que acabou tornando-se uma das minhas favoritas em inglês :). Mas o que garante a jogatina e, posso afirmar com convicção, nunca foi equiparado, é o clima que o título passa. Poucos jogos chegam perto de, independente da atmosfera, ser tão envolventes como Bad Mojo. Hoje saberemos o porquê!

Essa história de clima…

Dizem que clima para jogos é como química num relacionamento. Muitos juram que o fator existe, muitos afirmam que é bobagem mas, verdade seja dita, depois que você descobre o que é o tal do clima/química, nunca mais o cotidiano terá o mesmo tempero.
Se você ao ler esta humilde análise for com muita sede ao pote e entrar de cabeça em BM, talvez, num primeiro momento, ache que eu me empolguei demais com um jogo de história pra lá de clichê. E realmente, clichês são o que não falta.

Vamos direto ao ponto: seu personagem é uma barata. Isso mesmo, uma barata, o que não é spoiler nenhum. E digo mais, sua barata não faz muita coisa além de andar em oito direções! E eu ainda afirmo que a coisa é boa? Pois é. É o tal do clima…

A Pulse fez sua lição de casa perfeitamente na apresentação do game. Os visuais são realmente fantásticos, os vídeos são muito bem feitos – mesmo que a encenação seja bastante forçada e teatral – e, o mais importante de tudo: trilha sonora. E que trilha sonora!
Não espere grandes músicas com letras e clima rock ‘n roll. Em Bad Mojo a música é ambiente, tensa, carregada de suspense… palavra, uma das trilhas mais envolventes que já vi em um jogo – não necessariamente a melhor, mas no quesito envolvimento é a vencedora. Em diversos momentos foi basicamente o único fator responsável por me manter na cadeira do computador.


Vale lembrar que os caras por trás das músicas são a banda americana Xorcist, contando com certo nome na cena da música eletrônica e industrial. Mas não se preocupe, nada aqui é muito pesado, nada de instrumentos que parecem moto-serras ou coisas do tipo. A perfeita música “ambience”. Se não fosse tão repetitivo, seria perfeito.

Mas, e jogo?

Sim, há o que ser jogado.

Bad Mojo é um puzzle, com visão aérea, personagem grande demais em relação à área disponível de tela e movimentação bastante falha – que, entretanto, não deixa de ter um ponto positivo: embora nem sempre você consiga guiar seu personagem para onde deseja, estará assistindo movimentos que realmente lembram a forma de se mover de uma barata de verdade.

Os puzzles são variados, sendo que muitos deles apresentam um desafio agradável e, em média, são bem feitos e cativantes. Volto a tocar no ponto de que nem sempre a movimentação ajuda, mas talvez isso seja apenas lembrança de tempos em que minha coordenação motora não estava na melhor forma.


Objetos simples como uma caixa de fósforos podem virar um verdadeiro desafio! BM será uma experiência marcante, que te fara repensar cada cantinho um pouco mais inacessível e esquecido no tempo em sua casa. Como os controles são bastante simplificados, não há inventário, fazendo com que a interação barata/cenário consista no mais próximo disso.

Um ponto que peca um pouco é a duração do jogo. Por não ser muito longo, é a uma boa opção para uma tarde de sábado chuvosa. Diversão na medida certa, terminando a tempo para pegar uma pizza na hora da janta.

História

Aviso de Spoiler – mesmo que não seja nada grave pois no primeiro CG o jogador já saberá do que escrevo a seguir.
Você encarna a pele de Roger Samms, um entomólogo (cientista especializado em estudar insetos) que desviou uma nota preta da verba de uma pesquisa e, de posse da sua maleta com um milhão de dólares, busca evadir-se para o México. Não podemos culpar o rapaz; Ao longo do jogo você verá que “beleza” de lugar em que ele vive. Qualquer um buscaria um lugar onde o sol brilha com mais vontade.
Discussão com o “land lord”, cena de introdução de filme e, momentos antes de seguir em sua fuga, Roger é encantado por um amuleto que pertenceu à sua mãe. Nosso protagonista torna-se então a tal barata de que tanto falei. Eis a simples e batida premissa do jogo.
A cada pequeno tanto da história explorada, novos vídeos vão revelando a trama que, infelizmente, não é tão misteriosa quanto o clima sugere. O jogo dá suas pequenas voltas, expondo mais da intimidade de alguns personagens, o que não necessariamente é a visão mais bonita da vida :).


Dependendo de como você progrediu em seu caminho, há alguns finais diferentes possíveis, o que adiciona um bem vindo fator replay.
Um detalhe bacana, Bad Mojo pega muito da história “the Metamorphosis”, de Franz Kafka, uma obra de grande importância no século XX. Talvez o Senil possa nos dizer algo mais a respeito!

Conclusão

Se tiver a oportunidade, não deixe de experimentar Bad Mojo. Pode não ser a obra prima da jogabilidade, mas a overdose de “clima” é uma experiência muito interessante e até mesmo atípica no mundo dos games.

A temática diferente, assim como a abordagem de jogo extremamente corajosa em sua simplicidade são fatores que marcaram de certa forma, portanto, um bom gamer que ligue para a história dos videogames não deveria deixar essa oportunidade passar em branco.

É um adventure? Certamente, só que estabelecendo uma interface… Digo, que interface? A interação humano/computador dá-se somente pelas setas e, neste caso em especial, isso é o suficiente. Em 2004 saiu uma versão remasterizada, logo, eu tentaria botar as mãos nessa edição, se possível.

É claro, o jogo não é para pessoas que se enojam com facilidade, mas não é aquela coisa grotesca gratuitamente. Um título sujo, feito com tanto capricho que acaba cativando os olhos do jogador – e principalmente os ouvidos.

Bad Mojo (1996 – Windows 3x-9x / Mac OS)
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11 ideias sobre “Bad Mojo (1996 – Windows 3x-9x / Mac OS)

  • 06/09/2012 em 8:17 am
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    o personagem vira uma barata? olha, acho que ouvi falar de um livro onde um filósofo ou alguém do ramo também se transforma num bicho desses, como se fosse hipnotizado, mas ele encarna uma barata mesmo. só não me lembro o nome agora. dá para dizer que esse game se inspirou nessa história…ah é, você menciona esse livro. não li esse trecho

    se é um adventure, fico imaginando como o inseto vai interagir com os objetos? no máximo empurrar um graveto ou um pedaço de papel. Bad Mojo tem que ir para o meu currículo gamer.

    não sei porque, vou me sentir mais “intelectual” se eu joga-lo. vai ver pela inspiração de Metamorphosis?

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  • 06/09/2012 em 1:23 pm
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    Fala Raposão!!!

    Uma das coisas que mais sinto falta e que foi exclusivo dos PCs na década de 90 foi a excentricidade. Tá aí a prova: Bad Mojo!

    Lembro que eu consegui esse game no antigo e saudoso Lang Shareware, que conseguiu numa época que não existia o Clone CD, fazer a cópia fiel do disco original num CD-R de qualidade duvidosa por módicos valores monetário$.

    Lembro que quando cheguei em casa e instalei o jogo, minha mãe veio ver o que eu tinha trago para jogar. Ví que ela tinha ficado meio verde quando nosso protagonista vira uma barata. Porém ela quase vomitou quando encontramos aquele rato morto na ratoeira, logo no início! 😀

    Além de ser um jogo marcante pela temática suja, a minha cópia me foi presenteada com um DDT (doença digitalmente transmisível), um vírus do capeta que só saiu do meu HD quando eu detonei a partição. Males da distribuição shareware!!! 😀 😀 😀

    Falow! 😀

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  • 06/09/2012 em 3:52 pm
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    Pois, enquanto eu ia lendo, ficava realmente difícil não pensar em “A Metamorfose”, de Franz Kafka, que eu li pela primeira vez no início deste ano.

    Vejo muitas semelhanças da sua descrição do jogo com a própria estória do livro. Tipo, quando você fala que aos poucos vão sendo revelados detalhes dos personagens e que nem sempre é algo bonito.

    Fiquei curioso. A sensação é que é um jogo difícil de ser jogado, assim como o livro é difícil de ser lido, embora, em ambos os casos, é com certeza uma experiência edificante.

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  • 06/09/2012 em 9:39 pm
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    Ainda não tive a oportunidade de joga-lo, mas é um jogo que me chama a atenção por poder controlar um inseto e pelo ambiente, que obviamente tudo fica “maior”. E depois deste post sei que sei que tenho que joga-lo.
    ótimo post.

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  • 07/09/2012 em 9:48 am
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    leandro(leon belmont) alves, realmente é uma adição interessante para o currículo – na pior das hipóteses, um jogo curioso.

    edu, hehehe, póis é, esse era p risco que os caras da Pulse correram ao escolher a temática do jogo!

    Piga “the ancient alien”, que experiência, Piga! De vez em quando essas versões “alternativas” de jogos faziam mesmo dessas. Ou ainda fazem – a gente que conta com outros meios e não sabe mais como andam os atuais Langs 😀

    Onyas, como o Piga disse, se sua mãe ou namorada estiverem por perto com você jogando, podem não exibir uma expressão muito contente com a experiência!

    JJ, é mesmo interessante. Sai um pouco do que estamos habituados, o que sempre acaba por adicionar algo!

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  • 07/09/2012 em 2:19 pm
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    Ótimo jogo, na época das saudosas revistas de videogame tomei conhecimento deste jogo mas nunca pude jogar, naquela época computadores eram muito caros. Muitos anos depois lembrei do jogo e achei uma cópia meio bugada na internet me apaixonei pelo jogo e fui atrás de uma cópia remasterizada.
    Entendo o que você quer dizer com “clima” do jogo, certos jogos, apesar de não serem famosos, caprichados ou de ótima jogabilidade possuem um clima ou charme capaz de apaixonar o jogador. Esse com certeza é o caso de Bad Mojo, outros jogos que para mim também possuem esse clima são:

    Sewer Shark(sega cd)
    Night Trap(sega cd)
    Dracula (sega cd)
    Corpise Killer(sega cd)
    Shadow of the Beast(mega drive)
    Immortal (mega drive)
    Technocop (mega drive)
    Devil Crash (mega drive)
    Kenseiden (master system)

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  • 02/10/2012 em 10:13 am
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    JOGÃO!! Pra matar a saudade, baixei ele tem uns 3 meses e curti muito.
    Ainda lembro do Carlos Takeshi anunciando esse jogo nos primeiros anos do canal Shoptime!
    Ele sempre falava: “vamos mostrar agora o baaaaaad moojo!” kkk

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