Com a palavra, o criador do jogo do E.T.

Eu já recomendei várias vezes (aqui e no Twitter) o canal de vídeos do Matt Barton. Sempre tem um programa bacana apresentado por ele, ou uma entrevista com alguma figura lendária dos videogames. A última edição, por exemplo, trouxe ninguém menos do que Howard Scott Warshaw, criador do clássico Yar’s Revenge e do “crássico” E.T.

A entrevista em duas partes está cheia de declarações curiosas. Howard conta sobre seus tempos de Atari, e confirma aquele papo das rodas de baseado na Atari que alguns antigos funcionários volta e meia tentam desmentir… anos 70, bicho! Para ser franco, é difícil não acreditar que o sujeito que criou aquela bomba chamada E.T. não estivesse chapado.

Uma coisa bacana da entrevista é que Howard faz alguns breves comentários sobre o hardware do Atari, como o fato do console ter sido desenvolvido para rodar Tank e variações dele (se você nunca jogou Tank, talvez tenha jogado Combate, dá no mesmo). Quem quiser ouvir mais histórias legais sobre o hardware do Atari pode procurar o excelente livro Racing the Beam.

Mas vocês querem saber o que o homem disse sobre E.T., o jogo que frequentemente é apontado como o causador da grande crise dos videogames no início dos anos 80, certo? A segunda parte da entrevista trata do assunto.

“Ninguém nunca tinha feito um jogo de Atari em menos de seis meses, e eu fiz em cinco semanas”, conta Howard, lembrando de quando a Atari adquiriu a licença do filme e decidiu lançar um jogo “pra ontem”. De fato, é difícil culpar o homem pelo jogo ter saído do jeito que saiu — como ele mesmo conta, só o fato de ter conseguido concluir o trabalho já o deixou muito feliz.

Ele concorda que boa parte das críticas é justificada, e que se tivesse tido mais tempo mudaria muita coisa — “foi um grande erro fazer o jogador cair naquele poço com tanta facilidade” — mas diz que as pessoas também tinham expectativas muito altas, e que o Atari jamais seria capaz de provocar nelas as mesmas sensações que um dos maiores filmes de todos os tempos provocaram.

Howard admite que foi difícil lidar com o ódio das pessoas na época. A reação do público foi violenta, e a gente nota que o homem fica meio emotivo no final do vídeo. Mas, como ele mesmo diz, não foi tão ruim ser o autor do pior jogo de todos os tempos, já que Yar’s Revenge é muitas vezes apontado como um dos melhores, então ele diz ter o currículo mais abrangente da indústria dos games 🙂