Ok, a piadinha do título não foi boa, mas é que realmente não deu para não lembrar do clássico de Bruce Springsteen vendo a apresentação da Microsoft na E3 agorinha. A empresa mostrou um orgulho tão grande de ser norte-americana que eu quase me senti envergonhado por ser brasileiro e não torcer pela seleção canarinho. Nunca vi tantos tiros e explosões na minha vida.

A conferência já começou mostrando Halo IV. É basicamente mais do mesmo, o que provavelmente é uma boa notícia para quem é fã da franquia, certo? Se você já jogou os outros três e continua empolgado… pô, você deve gostar um bocado de Halo mesmo, hein? Não cansa de jogar sempre a mesma coisa não? Faça que nem eu e vá jogar uma coisa mais original, tipo Zelda Skyward Sw…

Ok, até o fim do post eu penso num exemplo melhor.

O alienígena de Halo IV em um dos poucos jogos mostrados pela M$

Na sequência, a M$ anunciou uma parceria com a Nike, nuns lances lá de atletismo — você vai achar explicações bem melhores e precisas sobre isso em outros sites decentes sobre games. Aqui no nosso boteco gamer ninguém é atleta, eu nunca fiz um gol na vida e nem sei quem ganhou o último campeonato carioca, portanto o meu interesse nessas coisas é ZERO. 

No entanto, sei que sou minoria, e entendo o que a Microsoft está querendo fazer aqui. A Nintendo veio com todo aquele papo de fazer aeróbica e perder peso com o Wii, o que é uma coisa bem japonesa e, convenhamos, nada radical. O que a Microsoft está fazendo é pegando essas ideias doidas japonesas e adaptando para o ocidente com aquele jeitão “basquete, hip-hop, you can do it let’s f*$% lots of girls” altamente esportivo e competitivo que os norte-americanos — e nós por tabela — tanto amam. É Wii Fit americanizado, hollywoodizado, Michael Jordanizado, não tem como fracassar aqui no nosso lado do mundo. Os japoneses, por sua vez, provavelmente vão continuar preferindo a aeróbica.

Essa postura “orgulho americano controlo o mundo todo com meu telefone” é reforçada pelo SmartGlass, que é basicamente um sistema que permite que tablets e smartphones comuns se comuniquem com o Xbox 360 de um jeito semelhante ao UPad do Wii U. O SmartGlass também vai ser usado com jogos, como uns vídeos demonstraram, e isso pode fazer alguns pensarem que a M$ está chamando a Nintendo para a porrada. Honestamente, eu acho que as duas empresas têm abordagens amplamente diferentes. Para a M$, parece que o grande lance é o conteúdo: você vê um filme no Xbox 360, o Smart Glass mostra informações sobre o elenco, um mapa com a localização dos personagens, fotos da protagonista nua em sites de sacanagem e outras coisas de interesse geral.

O SmartGlass sendo usado para escolher táticas num jogo de futebol americano

O uso em jogos foi mostrado como mera curiosidade nesta E3. Com a Nintendo, a coisa parece inversa: o controle-tablet UPad é focado principalmente na interação com os jogos, e o conteúdo adicional parece uma curiosidade. Ou, se você preferir, a Microsoft está sendo norte-americana e investindo na convergência tecnológica, e a Nintendo está sendo japonesa e investindo em diversão doida. Essa abordagem de manter-se fiel às raízes fez a Nintendo sair de uma corrida tecnológica na qual vinha fracassando e investir num sucesso gigantesco com a esquisitice japa do Wii. Acredito que a Microsoft tenha aprendido a lição e esteja seguindo o mesmo caminho, só que reforçando suas raízes estadunidenses. Na minha modesta opinião, não tem como dar errado e a empresa vai vender os tubos. Mas se der errado, voltem aqui no ano que vem e me sacaneiem nos comentários.

Aliás, por falar em mico: quando o cara anunciou “O Internet Explorer virá para o Xbox 360″ ele definitivamente merecia uma vaia. Numa boa, aposto que os amigos vão sacanear ele no bar hoje à noite e a mulher vai mandá-lo dormir no sofá até o fim da E3.

O problema é que, mesmo com tantas coisas multimídia e radicais, em se tratando dos jogos mesmo, não houve surpresas e pouca coisa foi mostrada. E é bem por aí o motivo de eu não me interessar muito pelo que Sony e M$ vêm oferecendo nos últimos anos. Vamos lá.

O novo Tomb Raider continua chutando bundas, em cenas entupidas de explosões e gemidos. Se a ação se mantiver no pique do que foi apresentado até agora, então a gente não vai ter tempo nem de respirar, o que é ótimo. Digo, respirar é legal, é claro, vocês entenderam. Eu já tinha dito no ano passado que tinha curtido esse toque de survival horror que estão dando ao novo Tomb Raider, mas depois do trailer que vi ontem e da apresentação de hoje na E3, confesso que estou preocupado que esteja havendo um certo exagero.

Os caras estão realmente judiando da Lara, a moça se corta, é perfurada (não do jeito que nossas suas mentes pervertidas gostariam, naturalmente), dá de cara com as árvores enquanto cai de paraquedas, leva porrada e geme, geme, geme (não do jeito… etc). Tá um pouquinho “over”, e isso me preocupou. Se naquele trecho já foi um pouco cansativo, imaginem após horas de jogo. É esperar para ver, quem sabe ela não conta umas piadinhas de português durante o jogo para aliviar um pouco o clima.

Um jogo novo! Ascend: New Gods é tipo um Shadow of the Colossus, só que sem nenhuma poesia e com uma porradaria violentíssima — violentíssima mesmo, tipo gente sendo rasgada ao meio por um bichão mitológico gigante. Está em perfeita sintonia com a violência abissal dos FPS modernos, e ainda mistura com os unicórnios fofinhos de Senhor dos Anéis, num resultado “bichos escrotos” bem hollywoodiano e condizente com a estratégia da Micro$oft. Se os programadores não fizerem cagada, vai agradar.

Ascend: New Gods é uma sangueira danada em clima de fantasia

Um tal de Matter foi “teasado” para o Kinnect, sugerindo um misto de Tron com… sei lá, um estilo visual meio Mass Effect, mas talvez eu esteja sendo influenciado por um vídeo que vi agorinha no Cosmic Effect. Foi só um teaser, nada de ação, nem imagino como vai ser o jogo.

Dois japas da Capcom subiram ao palco na sequência, e apresentaram (no “Engrish” mais hediondo que eu já ouvi) Resident Evil 6. Vale o mesmo que eu disse para Halo: quem gosta da franquia vai continuar gostando. O foco na ação parece mais intenso do que nunca: um avião (!) cai em cima do herói, que sai correndo em meio a uma chuva de… automóveis e… é, os jogos modernos estão ficando realmente parecidos demais com o cinema para o meu gosto.

O novo jogo do South Park também tem um clima de Senhor dos Aneis, só que de um jeito… bizarro. Parece engraçado e interessante, estou curioso para ver o resultado final. Foi engraçadíssimo quando o sujeito disse que os desenvolvedores se esforçaram muito para criar um visual horrível como o do desenho ^_^

Outro que pareceu legal foi o Wrecketeer, um joguinho onde o jogador deve atacar um castelo usando o Kinect. Vocês vão dizer que eu gostei porque parece algo que sairia para o Wii, e sim, eu gostei porque parece algo que sairia para o Wii. Resta saber se a Sony é capaz de jogar esse jogo com a mesma habilidade da Nintendo.

O chato do Usher fez um showzinho para promover o Dance Central 3. Isso foi bom para a Sony, já que agora dificilmente vamos poder dizer que o Jack Tretton foi o sujeito mais chato a subir no palco da E3. O jogo é o que todo mundo já esperava: um Just Dance muito mais “radical” para o norte-americano “radical”, e mais uma vez eu ouço ao longe o Bruce gritando “Boooooooooorn…”.

O novo Call of Duty… e eu pergunto, o que você consegue se alimentar uma vaca com dinheiro? Leite enriquecido! ^_^

Fechamento: Call of Duty Black Ops 2. Explosões, muitas explosões, acho que nunca vi tantas explosões na minha vida. Leia o que falei sobre Halo, é a mesma ideia: se gosta de COD, vai continuar gostando. Eu continuo preferindo jogar Doom II, parece bem menos roteirizado. Oh, crap, eu não deveria alimentar os trolls com esse tipo de comentário.

Enfim, o que a M$ está oferecendo é tudo o que o público ocidental “radical” pode querer: muitas explosões e convergência digital. Isso faz da conferência da Sony de hoje à noite em algo verdadeiramente interessante, visto que as duas empresas vão brigar por esse mesmo público. Dificilmente a Sony vai apresentar algo tão cool na arena de “convergência multimídia com basquete e hip-hop” quanto o SmartGlass. Mas se a M$ apelou à testosterona de seus fiéis com tecnologia e explosões em meia dúzia de jogos, a Sony pode cair pesado no que realmente interessa, que são os jogos (ao menos eram os jogos que interessavam, mas a julgar pela conferência da M$, eu já não sei mais o que interessa aos jogadores). Ou seja, a Sony pode apresentar um pouquinho de tecnologia e uns 627 jogos cheios de explosões.

A Nintendo, por sua vez, vai viver uma situação interessante amanhã. Ela também deve brilhar naquilo que sempre fez melhor do que todo mundo, e com facilidade. Porém, a empresa está tentando vender o Wii U como console para o gamer hardcore, e vai ter que tirar vários coelhos da cartola para provar que pode fazer isso melhor do que a Microsoft e a Sony. Acho que sonistas e caixistas até podem trocar de lugar nesse grande cinemão gamer, mas duvido muito que alguém dessa turma vá partir para o circo de loucuras da Nintendo, e vice-versa. Os públicos me parecem bem diferentes e estabelecidos. Ao meu ver, a Microsoft pode ter mostrado poucos jogos mas mostrou que sabe quem é e afirmou sua identidade “born in the USA”; ela já decidiu que não quer ser a Nintendo, quer ser a Microsoft mesmo, 100%. O máximo de esquisitice que ela se permitiu foi o Wrecketeer. Nesse sentido, a Nintendo é que estará em situação desconfortável, porque nunca conseguirá ser tão americana quanto a Microsoft. O que, para mim, é totalmente excelente, e os fãs da Nintendo provavelmente vão concordar comigo.

E com isso encerro este post pretensioso onde fingi manjar muito sobre o mercado atual de videogames. Amanhã tem mais pretensão e asneiras na análise das conferências da Sony e da Nintendo.

Microsoft: Boooorrn in the uE3!
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12 ideias sobre “Microsoft: Boooorrn in the uE3!

  • 04/06/2012 em 7:16 pm
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    É, parece que a M$ se dedicou mesmo a sair, em 3 anos a contar de agora, na tela de sucessos no SBT, ao lado de outros filmes e…
    OK, quando será a apresentação da SEGA?

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  • 04/06/2012 em 7:29 pm
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    Gagá, você sempre foi bem humorado é verdade ,mas têm andado particularmente “inspirado” com essa E3.Colocaram alguma coisa na sua água?kkkkkkkkkkkkkkkkk!Me avisa por favor quando começarem á falar sobre Dead Space 3!Abraço!

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  • 04/06/2012 em 8:32 pm
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    Grande Orákio… nem sei porque perco meu tempo com essas conferências da E3, pelo menos esse ano não foi ao vivo. Quanto mais vejo esse repeteco de Call of Duty, Tomb Raider cópia de Uncharted, mais Halo goela abaixo, mais Gears goela abaixo, gosto MAIS E MAIS das minhas velharias… já já vou testar meu Castlevania Dracula XX “novinho” que chegou pelo correio agorinha, no meu excelente e velho (com muito orgulho!) Super Famicom!!!
    Mais tarde tem a canastrice do Jack “Treta”, provavelmente com o novo Resistance, o novo God of War, o “novo” tablet-controle para PS3 chamado PSVita, enfim, mais do mesmo de novo e sempre.
    Por sinal, o jogo que mais gostei na apresentação da M$ foi o Wrecketeer, muito simpática aquela minazinha que jogou a demo… vai ser legal este joguinho prá brincar com meu pequeno de 4 anos!…

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  • 05/06/2012 em 3:25 am
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    pelo q li e pelo q pude assistir, sony tem uns joguinhos descartáveis bons pra caramba, tipo o last of us, tem o multi tomb raider q apesar de muito bom tbm, ainda assim é um jogo descartável e todo scriptado, se meu pc rodar serei feliz em jogar, no mais acho q é isso… algumas coisas boas mas nada q me disse na cara “-viu tchê, já eras pra ter comprado teus xbox e ps3 há tempos!”, meu sonho e único futuro continuo dizendo, é nintendo ou nada(e um pczinho pra quebrar o galho q ninguém é de ferro)

    ótimo post(excelente pra uns sonystas xiitas q vejo por aí delirarem, euheuheueh)

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  • 05/06/2012 em 11:39 am
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    Gagá, meu amigo, só passei aqui para reforçar uma coisa para você:

    “O Internet Explorer virá para o Xbox 360”.

    Destaque também para o “grande cinemão gamer”: daqui a pouco comeremos, literalmente, pipoca enquanto “jogamos” o último lançamento. Isso tudo precisa-tem-de-ser-pelo-bem-da-humanidade só uma moda, ou em 2032 nossos blogs retrôs abordarão o… lançamento do Internet Explorer no Xbox 360 no longínquo ano de 2012.

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  • 05/06/2012 em 12:48 pm
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    Esse trailer de Ascend deve ser ótimo apenas para definir o quão pobre é essa geração de jovens que jogam atualmente. Nisso ele é perfeito.

    E não compreendo mais melhorias no console se a animação dos personagens continua dura e ruim.

    Quanod meu primo trouxe o ps3 e o xbox360 aqui em casa eu fiquei com muita vontade de comprar. Semanas depois desisti. Lembrei que Gears of wars era moleza e Dead Space (que eu gostava tanto de ver no youtube) é totalmente ridículo. E quando colocam o diretor (um gordão nerd) para dar entrevista como se fosse o Antonio Banderas, é um sinal de que vem mais do mesmo e você se pergunta: Quais foram as influências dele?

    Acho que foi Ascend, pois o futuro dessa geração gira no mesmo lugar.

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  • 05/06/2012 em 1:17 pm
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    È bom saber que não estou pedendo nada com essa nova geração.
    Queria jogos bacanas, hoje vejo um mais do mesmo, muita chatice sabe.
    Sei que os consoles tem de evoluir, curti esses dias o MAX PAYNE 3, está bacana mesmo e joguei o L A NOIRE que gostei bastante mas ainda penso que meu dinheiro suado merece ser gasto com o que realmente valha a pena.
    Enfim . . . veremos os proximos capitulos

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