mm1-aberturaEsse jogo saiu em 1986, mas como agora está sendo “relançado” pelo GOG eu posso falar nele como se fosse novidade… “primeiras impressões”, olha que chique!

Como vocês sabem, anteontem eu comprei o pacotão Might and Magic lá no Good Old Games. Botei o Might and Magic I para rodar só para ver qual era a do jogo, mas não consigo largar o dito cujo, e agradeço qualquer tipo de ajuda que vocês puderem me oferecer para que eu desgrude da frente da tela e vá tomar um pouco de sol na rua.

Might and Magic — Secret of the Inner Sanctum é a versão para DOS do jogo que também saiu para vários outros computadores, e até para NES. Você começa criando sua comitiva de aventureiros no melhor estilo Dungeons and Dragons, e se vê na cidade de Sorpigal, que fica nos arredores de Pleasant Valley, e na base da cadeia rochosa que delimita o traiçoeiro “Invading Desert”. Aliás, no meio desse desertão está a cidade de Dusk, que foi “redescoberta” graças à expedição cartográfica do bravo Corak. Como eu sei disso tudo? Bom, os lugares estão no mapa maneiríssimo que acompanha o jogo (o GOG oferece o PDF para download), e sobre o Corak eu li numa estátua em Sorpigal.

Cara, olha o mapa!
Cara, olha o mapa!

Pois é, o jogo é assim, cheio de aventureiros lendários e locais de interesse. Há muitas histórias a serem conhecidas e muitos mistérios a serem desvendados. Na verdade, apesar do nome do jogo (“o mistério do santuário oculto”, numa tradução aproximada), você começa sem missão nenhuma. Seu grupo de aventureiros só está atrás de grana, diversão e um pouco de emoção. Pelo visto não há maiores restrições do tipo “você precisa da bússola para entrar no deserto”. Ou seja, faça o que quiser, ande por onde bem entender, o mundo é seu. Você escolhe se quer fuçar o subterrâneo de Sorpigal, ou a floresta que cerca a cidade, bem diferente dos scripts com eventuais sidequests dos RPGs de consoles. Na verdade, pelo que eu andei lendo por aí, é possível até terminar o jogo sem descobrir o segredo do tal santuário!

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Como o mundo é enorme e todo em primeira pessoa, é bom fazer mapa de tudo! Uma frase do manual define bem o clima:

Ainda que mapas detalhados do mundo proporcionem alguma tranquilidade, eles não garantem de forma alguma a sua segurança. A qualquer momento, monstros podem fixar residência em áreas que antes estavam livres do perigo. Portais mágicos podem aparecer e desaparecer aleatoriamente. Siga os mapas, mas prepare-se para ter que improvisar.

Cara, se essa passagem não te fez ter vontade de ir correndo jogar, não é possível que você curta RPGs. Vai jogar Winning Eleven, vai! 🙂

Cuidado com os baús e com as portas trancadas, eles podem ter armadilhas! Depois que você encontra as ferramentas para o ladrão do grupo (como eu encontrei na foto acima) fica bem mais fácil dele abrir as trancas sem disparar armadilhas bizarras, como gases venenosos e lâminas afiadas. É sério.
Cuidado com os baús e com as portas trancadas, eles podem ter armadilhas! Depois que você encontra as ferramentas para o ladrão do grupo (como eu encontrei na foto acima) fica bem mais fácil dele abrir as trancas sem disparar armadilhas bizarras, como gases venenosos e lâminas afiadas. É sério.

Seu grupo tem seis personagens. Cada um tem sua própria mochila de itens, onde carrega comida, equipamentos, tochas e afins. Sim, tochas, você vai precisar delas nos subterrâneos. E sim, as tochas apagam depois de um tempo, e isso já me aconteceu no meio de um labirinto. Tive que voltar tateando as paredes enquanto enfrentava esqueletos e almas penadas, deu muito medo.

O início do jogo é pedreira total. Seus heróis começam apenas com porretes, e sem armaduras! O HP também é baixo. Ao contrário de muitos RPGs orientais, aqui você precisa MESMO saber usar seus magos e clérigos. Magias de efeito, que em outros RPGs costumam ser de menor importância, aqui são vitais. Não sei como alguém sobrevive aos primeiros dias de Might and Magic I sem boas doses de SLEEP para adormecer os monstros, ou de “BLESS” para melhorar a mira dos aventureiros, que erram quase todas no início. A posição dos heróis em batalha também é vital, pois quem está na fila de trás só pode atacar com arcos ou magias. Prepare-se para combates altamente estratégicos.

Se você não está dando a mínima para nada do que eu estou dizendo só por causa dos gráficos, está no blog errado. Eu, honestamente, acho que os gráficos são mais do que suficientes, estão até muito bons. As batalhas não são animadas, mas vários monstros aparecem desenhados no momento em que você os encontra. Há pilhas de itens cuja utilidade eu ainda não descobri, mas que me deixaram terrivelmente curioso (como o material de alpinismo que o ferreiro vende). Já estou me imaginando cruzando aquele desertão enorme a leste, desbravando o vale do fogo a oeste ou chegando ao misterioso portão para o outro mundo, ao norte.

A magia "Turn Undead" é um chuchú para acabar com esqueletos, assombrações e outros mortos-vivos. Nada como ter um clérigo no grupo!
A magia "Turn Undead" é um chuchú para acabar com esqueletos, assombrações e outros mortos-vivos. Nada como ter um clérigo no grupo!

Detalhe: o pacote ainda tem mais cinco jogos da série, esse é só o primeiro.

O jogo é a versão de DOS, que roda emulada pelo DOSBox. O GOG já cuida de tudo para você, não precisa instalar nada em separado não, o pacote vem completinho e configurado. Só que o primeiro jogo está rodando rápido demais, e é bom fazer uma alteração. Vá até a pasta do Might and Magic I e abra o arquivo dosboxMM1.conf. Tem uma parte mais ou menos assim:

core=auto
cycles=2000
cycleup=500
cycledown=20

Mude “cycles” para uns 250, isso vai diminuir a velocidade do jogo. E mude “cycleup” para 20 também. Se durante o jogo você quiser acelerar/lerdar as coisas, use CTRL+F11 e CTRL+F12. Em 250 ciclos o jogo roda bem, mas nas batalhas aperte D (delay) e 9 para que as mensagens passem mais devagar. E ao abrir um baú ou vasculhar uma estátua, por exemplo, reduza os ciclos para algo em torno de 50, senão o texto vai passar muito rápido. A emulação de jogos velhos de DOS nem sempre é perfeita, ossos do ofício.

Aliás, esqueçam tudo o que eu disse, NÃO COMPREM ESTE JOGO. Vocês podem perder ou a esposa, ou o que é pior, podem morrer virgens. Não digam que eu não avisei!

Como o Gagá é amigo de vocês…

… está disponibilizando, na moleza, este belo modelo criado por ele mesmo para vocês desenharem seus mapas. Todas as áreas do jogo são 16×16, e a magia “Location” diz suas coordenadas exatas, tipo X=4 Y=6. Imprima o modelo abaixo e, a cada passo, desenhe um quadradinho com a caneta. Também incluí o mapa que fiz de Sorpigal, para vocês terem uma ideia de como funciona.

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O labirinto de cima está completo. O de baixo é do subterrâneo de Sorpigal, que eu ainda estou mapeando.

Might and Magic I: primeiras impressões
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9 ideias sobre “Might and Magic I: primeiras impressões

  • 05/09/2009 em 2:09 pm
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    Admiro o espiríto Arqueológico do Gagá em se dispor a jogar estes RPGs jurássicos, ainda mais porque eu mesmo não teria “coragem” suficiente para jogá-los. Poder conhecer mais sobre os primórdios do gênero RPG é algo bacana, mas eu não gostaria de ter que jogá-los para ter esse conhecimento (acho que ando jogando RPGs modernos demais). Valeu Gagá por compartilhar tal conhecimento conosco!

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  • 05/09/2009 em 6:34 pm
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    @André “Caduco” Breder
    De nada! Na verdade, não só o lance de ser jurássico me interessa, mas também o fato de até hoje eu ter jogado pouquíssimos RPGs de computador (ou “CRPGs”). Dizem que eles são bem diferentes dos RPGs de consoles, que dão mais liberdade aos jogadores e tem menos eventos “roteirizados”. Não é questão de achar melhor ou pior, acho que cada um tem suas vantagens, mas é algo curioso.

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  • 06/09/2009 em 1:52 am
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    Uma das coisas que me fez amar Phantasy Star foi esse “lance” de se perder, andar para onde quiser. Lembro que o primeiro rpg que joguei depois de PS foi Breath of Fire 3 para Psx, e você só podia avançar nos caminhos que o jogo determinava, era uma porcaria andar pelo mapa. Sorte que o jogo travou na metade e eu tive uma desculpa para largar.

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  • 06/09/2009 em 2:45 pm
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    Os RPGs de computador são bem diferentes dos de consoles, com toda certeza. O público para os primeiros PCs eram mais adultos e com jogos mais “cerebrais”. E, no caso destes com um universo mágico-medieval (de D&D), tinham ainda muitas carcaterísticas do jogo de mesa, como o próprio uso de “quadradinhos” de movimento. Vou adorar ler a respeito! E parabéns pelo esmero em fazer os mapas. hehehe

    @Orakio Rob, “O Gagá”
    A diferença principal reside justamente nisso que falou. Os japoneses (Dragon Quest em diante) focam muito mais na história, em uma série de eventos e locais obrigatórios (por mais sidequests que tenha). Os americanos sempre tiveram essa coisa mais: faça o que quiser. Hoje as coisas são menos regionais, mas há RPGs dos dois tipos sendo feitos. Não é bom e nem ruim só diferente.

    @Leandro Moraes
    E como eu me perdia em Phanatsy Star. huahuahuahauhua A exploração é importante em qualquer jogo, ainda mais em RPGs.

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  • Pingback:Gagá Games » Retro-rápidas 05/08/2011

  • 04/01/2012 em 10:29 pm
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    Isso me faz lembrar da versão do M&M II para o Mega Drive… que era feio que doía, a música irritante, mas fascinante por isso: criar o personagem que quiser e caminhar por onde quiser enquanto permanecer vivo. Aluguei um monte de vezes, até com manual emprestado, mas o jogo era GIGANTE e cheio de quests, sem ao menos ter um objetivo definido.

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