Olá amigos leitores do Gagá Games! Aqui é o retrogamer André Breder retornando de suas férias e trazendo mais uma edição do Recordar é envelhecer. Hoje vou lembrar mais um clássico do imortal Atari 2600: o shooter Demon Attack. Tenham todos uma boa leitura e até a próxima!

Introdução:

Quem viveu a época em que o Atari 2600 era uma febre entre os gamers, lembra muito bem que a grandiosa maiorias dos jogos deste sistema não tinham fim. A graça estava em tentar ir mais longe possível, e marcar o maior número de pontos. Demon Attack, lançado em 1982 pela Imagic, é um belo exemplo disso: um game simples, com uma mecânica fácil, onde qualquer um pode logo pegar e sair jogando, sem maiores problemas, e onde o que conta mesmo é fazer uma pontuação maior do que a do seu amigo que esta jogando com (ou contra, dependendo da situação) você.

Antes de ter algum console da terceira geração, lembro que passava boas tardes jogando Demon Attack com um primo meu, no período de férias. De vez em quando jogávamos outra coisa, só pra sair da mesmice, mas o jogo que nos empolgava mesmo era o Demon Attack, onde um sempre tentava superar o recorde do outro. Apesar de ser um game que se pode muito bem jogar sozinho, Demon Attack tem mais “graça” ao jogar junto com outra pessoa, ou mesmo um grupo de amigos. Nada melhor do que marcar um bom placar e tirar uma com a cara do seu amigo “concorrente”, para na próxima jogada levar o troco, pois seu amigo consegue superá-lo. Como já falei, este é um jogo muito simples, mas em contrapartida é também tão viciante, que você praticamente se sente na obrigação de jogá-lo repetidas vezes, sempre buscando um resultado melhor em seu marcador de pontos.

Sobre o game:

Demon Attack coloca o jogador na pele do operador de um poderoso canhão laser do planeta gelado Krybor, que deve destruir uma legião de demônios voadores do espaço sideral que estão tentando invadir o local. O game foi desenvolvido por Rob Fulop, que já havia feito antes “ports” para o Atari 2600 de alguns sucessos dos Arcades, como Night Driver (1978), Space Invaders (1980), e Missile Command (1980). Rob fez Demon Attack inspirado no excelente shooter Galaxian, lançado em 1979 para os Arcades, só que não produziu uma mera cópia do game da Namco, e sim um jogo que possui similaridades mas também detalhes exclusivos. Outro shooter que fez sucesso nos Arcades, chamado Phoenix, também é tido como uma fonte de inspiração de Rob para o seu projeto. Como já havia adquirido experiência ao transpor para o Atari 2600 títulos vindo originalmente de um sistema bem mais complexo, Rob não teve dificuldades para criar um game do mais alto nível, mesmo tendo poucos recursos a sua disposição. Sabiamente o designer focou nos pontos mais primordiais de um game (na minha opinião) que é a sua jogabilidade, criando um título que visualmente e sonoramente não chegava a ser impressionante para a época, mas que possuía uma forma de jogo extremamente divertida e viciante. A ação sem fim é a palavra de ordem em Demon Attack, fazendo com que o jogador ficasse alucinado, com os olhos grudados na tela, enquanto tentava ao mesmo tempo sobreviver e destruir seus terríveis inimigos.

Como Demon Attack é um game onde a ação deve ser constante, os controles são simples e totalmente funcionais, permitindo que o jogador possa usar de toda sua habilidade para escapar dos tiros dos inimigos. O canhão laser controlado pelo jogador não pode se movimentar para frente nem para trás, ficando apenas preso ao solo, mas em compensação sua movimentação para a direita e para a esquerda pode ser feita de maneira bem rápida. O botão de ação aciona as rajadas laser, que podem ser atiradas nos inimigos em uma sequência infinita, bastando o jogador manter o botão pressionado. Além disso evitar com que o jogador se canse, também serve para economizar e aumentar a vida útil dos controles. Enquanto muitos jogos do Atari 2600 obrigam o jogador a ficar apertando o botão de maneira frenética, o que no final das contas fazem com que os controles acabem estragando em pouco tempo; Demon Attack possui um sistema inteligente, assim como outros shooters de sua época, como o igualmente excelente Megamania: um botão turbo. E isso bem antes do botão turbo ter sido adicionado como opção nos controles dos consoles. Algo que se eu não estiver enganado, veio a surgir de maneira efetiva apenas na terceira geração de consoles.

Demon Attack graficamente é bem simples, contando com um cenário que tem apenas uma tela de fundo perpetuamente preta e um piso de dois tons de azul. O canhão controlado pelo jogador tem dois tons de roxo, e já as naves inimigas variam de coloração, dentro do que foi possível ser feito com a limitada paleta de cores do Atari 2600. Resumindo: visualmente o game não é nada demais, e até bem mais simples que grande parte dos jogos lançados para o Atari 2600 na mesma época. Só que alguns detalhes serviram para tornar este game bacana aos olhos do jogador, como a animação dos inimigos voadores, que é muito, mas muito boa para um jogo do Atari 2600 lançado em 1982. Quando um inimigo é destruído, logo outro surge na tela de maneira rápida e em um efeito bem bacana, que dá a sensação de que o inimigo está se materializando do nada. Clarões na tela para cada vida perdida pelo jogador também ajudam a deixar as partidas bem empolgantes. Jogar este game de luzes apagadas era, e continua sendo, muito legal.

A parte sonora do game particularmente me chamou a atenção na época, pois possui efeitos muito bacanas, e que chegam a causar um certo impacto em que está jogando o título. O melhor e mais marcante efeito para mim é o que é usado quando os demônios do jogo se materializam na tela: o efeito é tão bacana, que a sensação que ele passa é que os inimigos estão literalmente rasgando o céu em alta velocidade. Além dos outros efeitos, todos muito bem feitos, o título tem ainda uma música infinita, composta por curtos barulhos e efeitos, que mais parece aquela infame música dos filmes de Alfred Hitchcock, ou seja, um tema que te dá uma tensão dos infernos! Tenho certeza que muitos jogadores devem detestar este tema, pois além de repetitivo ao extremo, pode ser facilmente irritante, ainda mais para um jogador que esteja perdendo vidas seguidas durante o game, algo que é bem fácil de acontecer em seus estágios mais avançados.

A dificuldade do game é crescente, onde inicialmente temos inimigos lentos, que atiram uma espécie de “pólen”, que é bem fácil de se desviar ou evitar. Só que a medida que se avança no game, as coisas vão se complicando, com inimigos mais rápidos, que atiram rajadas laser que são difíceis de “encarar”, e até inimigos que quando atingidos se dividem em dois seres menores, semelhantes a borboletas. Inimigos deste tipo são terríveis, pois além de serem difíceis de atingir por conta de seu tamanho diminuto, ainda partem para cima do canhão controlado pelo jogador, quando um deles é destruído, em um ataque estilo “kamikaze” mesmo. Nesta situação o jogador pode escolher entre destruir o petulante inimigo ou se desviar dele, para escapar do ataque suicida.

Apesar do game ser infinito, ele não era assim originalmente. O designer Rob Fulop, acreditando que nenhum gamer seria capaz de passar da 84ª “rodada” de inimigos, programou o jogo para só ir até ali. Mas passado dois dias do lançamento de Demon Attack no mercado, já surgiu um hábil garoto que conseguiu fechar o game, o que fez com que Rob modificasse o código do game para que ele nunca terminasse, apesar de que sua dificuldade não aumentasse após sua 84ª fase. Desta forma os lotes iniciais do jogo devem ser considerados uma raridade, pois possuem um final, mesmo que não haja nenhuma tela de “congratulations” para dar os parabéns ao jogador pelo feito. Só que eu acho que, mais raro do que estas versões iniciais de Demon Attack, é encontrar pessoas que passem da 84ª rodada de inimigos, pois o game atinge um nível muito alto de dificuldade. Fora que deve ser extremamente cansativo ficar tanto tempo na frente da TV, jogando este game onde a ação não pará um segundo sequer. E apesar do game presentear o jogador com uma vida extra cada vez que ele passa por uma fase sem ser atingido pelos inimigos (só que podendo apenas acumular no máximo seis vidas), em estágios mais avançados o jogador poderá facilmente perder todas suas vidas num piscar de olhos.

Conclusão:

Resumindo: na época em que foi lançado, Demon Attack possuía todas as características necessárias para fazê-lo um grande sucesso, como seu modo de jogo simples e sua alta dificuldade. Acabou entrando na lista de jogos mais vendidos do Atari 2600, com mais de dois milhão de cópias distribuídas. E mesmo hoje continua sendo um game que consegue divertir e entreter. Um verdadeiro clássico.

Recordar é envelhecer: Demon Attack (Atari 2600)
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