Olá amigos do Gagá Games! Aqui é o retrogamer André Breder levando vocês em mais uma viagem no tempo, por meio de mais uma edição da coluna Recordar é envelhecer! Hoje vamos voltar para o ano de 1982, época onde o Atari 2600 recebeu um de seus maiores clássicos: o popular River Raid! Tenham todos uma boa leitura e até a próxima!

Introdução:

O gênero Scrolling Shooter (ou Shoot ‘em up se preferir) é um dos mais antigos do universo dos games, e o primeiro a fazer grande sucesso comercialmente. Desde que um grupo de nerds do Massachusetts Institute of Technology criaram em 1962 a primeira versão de Spacewar!, e posteriormente com o sucesso absurdo do game Space Invaders em 1978, vários Scrolling Shooters foram lançados no mercado de arcades. Quando os primeiros consoles surgiram, não era preciso ser vidente para prever que várias versões dos populares shooters seriam lançadas para estes sistemas, onde os jogadores poderiam, no conforto de seus lares, terem a mesma emoção dos ratos de fliperama.

O Atari 2600 recebeu no início de sua vida, várias conversões de shooters de sucesso dos arcades, mas em 1982 uma taletosa designer criou aquele que é tido por muitos, como um dos melhores games lançados para o console: o clássico River Raid! Carol Shaw da Activision, trouxe aos usuários do Atari 2600 um game bastante original, onde no controle de um avião de guerra, o jogador teria que sobrevoar um imenso rio cheio de navios, helicópteros e aviões inimigos. Seguindo a nova tendência (ou avanço) dos shooters da época, River Raid não se passava numa tela fixa, onde o avião do jogo podia se mover verticalmente ao longo da tela.

Sobre o game:

No comando do caça, o jogador (ou jogadores, já que se pode jogar River Raid em dupla, mas com cada jogador jogando sua vez, de maneira alternada) deve “mandar bala” nos inimigos que encontra em seu caminho, ao mesmo tempo que desvia de alguns aviões kamikazes que ficam cruzando a tela de forma horizontal. A destruição de pontes também é necessário para prosseguir, bem como o desvio das partes terrestres, pois no jogo seu avião está praticamente dando um rasante constante no território inimigo.

Algo bem interessante em River Raid, foi a ideia de colocar um limitador de combustível para o avião, o que obriga o jogador a estar sempre procurando pelos ícones coloridos com os dizeres “fuel” para se abastecer de gasolina. Na parte inferior da tela é visível em todo tempo um medidor de combustível, que avisa ao jogador o quanto o seu avião ainda tem de gasolina em seu tanque. Ao chegar próximo do nível crítico, quando está bem próximo de ficar sem combustível, um alarme sonoro também fica soando para alertar ao piloto mais descuidado.

Os “postos de gasolina” também podem ser destruídos, rendendo assim pontos para o jogador, mas a destruição destes locais devem ser feitos com cautela, ou o jogador corre o risco de não ter aonde se reabastecer.

A jogabilidade de River Raid é um dos pontos altos do jogo, pois além dela funcionar de maneira perfeita, onde o manche direcional faz com que o avião se movimente para a direita ou para a esquerda com grande eficácia, ainda dá a possibilidade do jogador de regular/controlar a velocidade do avião. O único botão do controle do Atari 2600 fica reservado para os tiros do avião, que é a única arma a diposição do jogador.

Graficamente River Raid também faz bonito, trazendo cenários bem feitos e com todos os veículos encontrados no game tendo um design excelente, onde mesmo com todas as limitações do Atari 2600, se nota claramente do que se trata cada um dos objetos que se movem na tela. Isto pode até parecer óbvio, mas quem viveu a época do Atari sabe muito bem que muitos dos jogos iniciais do console traziam um design muito pobre e simplório em relação aos veículos e personagens encontrados nos games. O capricho e cuidado que o pessoal da Activision teve com seus lançamentos foi uma peça fundamental para que isso mudasse. Algo que chamou bastante atenção na época, e merece ser citado, é o belo efeito que ocorre na tela quando o jogador destrói uma ponte no jogo… realmente de ofuscar os olhos!

Como era costumeiro nos jogos do Atari 2600, River Raid não possui uma música sequer, mas em compensação os efeitos sonoros conseguem preencher muito bem seus espaços e dão vida ao jogo: praticamente toda ação há um som específico, como o som do motor do avião, os tiros, explosões, e até mesmo no momento em que o jogador vai reabastecer o seu caça há um som bacana.

Em relação a dificuldade, River Raid traz um desafio bem alto, onde muitas vezes o jogador deve controlar da maneira correta a velocidade do avião, por exemplo, para não bater em algum obstáculo ou inimigo que estiver no caminho. Habilidade nos comandos e um pouco de treino são necessários para se dar bem no jogo.

A dificuldade vai aumentando de forma gradativa, e é notável que mesmo em um game de pouca memória como River Raid, os inimigos possam ter uma certa inteligência artificial, que muitas vezes acaba enganando o jogador: os helicópteros e navios inimigos, por exemplo, não agem sempre da mesma forma, fazendo com que o jogador tenha que tomar decisões de maneira rápida para poder se dar bem, e continuar vivo no jogo. Em outros momentos do jogo, escolher o caminho correto também faz toda a diferença. Um pouco de sorte é realmente necessário em River Raid, mesmo que o Mestre Obi Wan Kenobi tenha dito certa vez que “…não existe sorte.”

Apesar de não haver contagem de fases, em River Raid as pontes servem como uma espécie de “save point”, pois ao perder uma vida no game, o jogador voltará exatamente próximo da última ponte destruída. E falando em vidas, o jogador começa com 4 vidas, e pode ganhar uma extra cada vez que fazer 10.000 pontos, que são conseguidos ao destruir os inimigos, pontes e postos de abastecimento do jogo.

River Raid é um daqueles games sem fim, onde o que importa é fazer a maior pontuação possível certo? Bem, a resposta é sim… e também não. Eu explico: existe sim um final para o jogo, mas não uma última fase. O que ocorre é que quando o jogador atinge mais de 999.999 pontos, o placar se transforma em uma série de pontos de exclamação, o avião do jogador explode e o jogo simplesmente se encerra neste ponto. Não é um belo final, mas fazer o que… se você ouviu falar que no final do jogo o caça supersônico pousava em um porta aviões esqueça… pura balela!

Conclusão:

River Raid é um clássico! Um game inovador para a sua época, difícil e que continua muito divertido até hoje. Foi a grande obra prima da designer/programadora Carol Shaw, que infelizmente teve uma vida curta na carreira de games, tendo deixado a Activision em 1984 (atualmente ela mora na Califórnia e é casada com um pesquisador em nanotecnologia chamado Ralph Merkle). Graças ao sucesso do game original uma continuação foi lançada: River Raid II se mostrou um game similar e até um pouco mais difícil, mas não conseguiu repetir o imenso sucesso do primeiro jogo. Talvez a falta de Carol Shaw na continuação tenha pesado no produto final.

Já na era dos consoles da quarta geração, foi anunciado um terceiro jogo carregando o nome River Raid, que seria lançado para o Super NES da Nintendo, mas o projeto acabou sendo cancelado, mesmo se mostrando promissor pelas poucas imagens divulgadas nas revistas da época.

Apesar de todo o sucesso que o game teve pelo mundo afora (inclusive no Brasil, onde o game é muito querido até os dias de hoje), River Raid também ficou marcado por uma polêmica: na Alemanha o game foi proibido em 1984, pois foi alegado que River Raid poderia desenvolver violência nas crianças. A proibição do jogo em território alemão durou (pasmem) até o ano de 2002.

Recordar é envelhecer: River Raid (Atari 2600)
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