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Entramos no ano de 1987 com dois pés direitos! Logo em janeiro, dois petardos são lançados! Mas vamos começar pelos atores coadjuvantes desse início de ano.

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Imaginem o Bowie dizendo com voz demoníaca e em tom solene, "and these children that you spit on as they try to change their worlds..."

Os jogos baseados em filme não são uma praga recente, e em 1987 nós já éramos infernizados por joguinhos mixurucas que se aproveitavam da fama de produções milionárias de Holywood. Labirinto — A Magia do Tempo, clássico da época virtualmente esquecido pela história, fez sua aparição no Famicom em Labyrinth, um joguinho de aventura. Você tem que reunir alguns itens, conversar com algumas pessoas e tentar desvendar o idioma japonês no processo. Honestamente, não sei dizer se o jogo esquenta ou não, mas no início parece um Gauntlet, só que sem as hordas de inimigos que tornam o clássico dos arcades tão divertido. Claro, tem o David Bowie recriado com os precários gráficos de 8 bits, o que por si só já vale uma espiadinha.

Adventures of Dino Riki, já ouviu falar desse negócio? Vou contar a história desse jogo para vocês: no ano de 1986, o grande império Konami engendrava planos de expansão mundial. Um jovem viking se aventurava em um joguinho batuta de movimentação vertical da tela. Ele enfrentava inimigos que desciam em sua direção seguindo padrões de movimentação semelhantes aos dos clássicos jogos de navinha da época, sempre enfrentando um chefe ao fim de cada estágio. Meses depois, o ambicioso e inescrupuloso império Hudson trocava o viking por um homem das cavernas, a Medusa por um Pterodáctilo e acrescentava um botão de pulo.

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Pode ser plágio, mas o joguinho até que é bem bacana

Numa boa, se isso não é plágio eu não sei mais o que é. Mas o Knightmare da Konami é um ótimo jogo, e este Riki se mantém tão fiel ao título que o inspirou que acaba sendo bom também. Os gráficos são ótimos para a época.

Outro dia um leitor fez confusão nos comentários de um post meu, dizendo que achava estranho falarmos sobre Mario Golf (Nintendo 64) aqui no Gagá Games. Foi engano dele, nunca falamos deste jogo por aqui, mas vamos falar agora! Preparados? BEHOLD!

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Presenting… PYYYROOOO! (quem lembra desse clip do Michael Jackson?) Notem a cara de enfezado do Mario na foto da direita… é, meu amigo, início de carreira é fogo!

Na verdade não é Mario Golf, mas sim Golf Japan Course. Hoje em dia a Nintendo é cheia de nove horas com o Mario, dizendo que se preocupa em poupar a imagem do seu mascote, mas naqueles tempos, meu amigo, o Mario fazia de tudo: era encanador, fazia parte de uma equipe de demolição, jogava golfe e era juiz de jogo de tênis. É sério, pode procurar no catálogo do NES que você vai achar isso tudo. Detalhe para o desenho abominável do coitado do Mario na foto da esquerda.

Ah, tantas bizarrices e tão pouco tempo… vou puxar só mais uma antes de falar dos petardos que prometi: Pocket Zaurus, já ouviu falar nesse? É o mais próximo que você vai chegar de um Alex Kidd in Miracle World no NES — ou melhor, no Famicom Disk System, de onde me parece que o jogo não saiu. Você controla um dinossauro bonitinho, em cenários bonitinhos com inimigos bonitinhos. Quando chega numa certa parte da fase, pinta um veículo que lembra bastante o “peticopter” do Alex.

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O clima de “Miracle World” é forte, e embora eu não vá dizer que é plágio, acho que alguma influência rolou sim, até porque Alex Kidd saiu poucos meses antes e deve ter agradado lá no Japão, mesmo que o Master System não tenha sido um fenômeno por lá. Detalhe curioso: tem um lance de máquina do tempo na trama, e parece que o “chefe” do dinossauro fica se comunicando com ele durante o jogo, você vai andando e um texto vai pintando embaixo, coisa de louco. Obra da Bandai.

Vamos aos petardos? No dia 26, a Enix (que na época era só Enix mesmo e nem sonhava em se unir à então pequerrucha Squaresoft) soltou Dragon Quest II, continuação do RPG que deixou os japoneses doentes de paixão. Notem que não havia nem um ano que o primeiro jogo havia saído (maio de 1986). Nessa época ninguém levava anos para produzir um jogo de videogame, como é comum hoje em dia.

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A sequência de Dragon Quest apresenta sua história com mais drama e capricho que o jogo anterior

E para um intervalo tão curto, até que o danadinho trouxe uma boa quantidade de melhorias. Para começar, você agora controla um grupo de heróis, e não um único guerreiro solitário. Nota-se claramente que cada personagem tem uma especialidade (o herói principal é bom em ataques físicos, seu primeiro companheiro é bom em magias). Os gráficos foram sensivelmente melhorados, coisa que a turma aqui do ocidente não vai notar porque o primeiro Dragon Quest foi lançado deste lado do mundo já com diversas melhorias técnicas. Há uma bonita tela de abertura animada (que na época talvez só perdesse para a do primeiro Zelda) e uma sequência inicial que mostra a dramática invasão de um castelo. A trama continua simples, mas nota-se uma preocupação maior em envolver o jogador nela. De modo geral, um ótimo trabalho da Enix.

Mas poucos dias antes, no dia 14, a Nintendo também lançava a continuação de um clássico: Zelda II — The Adventure of Link, para o Famicom Disk System. Hoje o jogo é tido como a ovelha negra da série, por promover uma mudança radical na jogabilidade em relação ao primeiro título, mas também por algumas falhas de design, sejamos francos. A visão do mapa ficou mais distante, como se Link fosse visto de um helicóptero. Os gráficos desse mapa são extremamente simples e quadrados, e um dos trunfos do primeiro jogo (a exploração do mapa) virou um dos calcanhares de Aquiles da sequência.

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Zelda II não empolgou muito os fãs, mas eu ainda acho que é um bom jogo

O sistema de batalhas e os labirintos consistem em uma visão lateral, mas o ataque limitado de Link e a dificuldade altíssima de se derrotar alguns inimigos tornam a experiência toda um pouco frustrante. No mesmo ano, Golvellius se sairia bem melhor na tentativa de misturar o estilo do primeiro Zelda a segmentos de ação lateral. No lado positivo, o jogo tem uma história caprichadíssima contada no manual, cidades a serem visitadas e pode ser bastante envolvente para quem curte um bom desafio. Estou encarando uma jogatina de Zelda II, e assim que terminar o jogo faço um post especial sobre ele. Por enquanto, o importante é saber que Miyamoto voltou as raízes do primeiro Zelda ao lançar o título seguinte, e Zelda II é meio que uma página virada na série (embora a gente saiba que mr. Miyamoto nunca vira uma página).

E é isso aí, criançada, semana que vem continuamos com a nossa Cruzada NES!

Cruzada NES: quem disse que o Link é infalível?

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