“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Olá crianças!

Nesta semana de Natal, muito se fala sobre “festa familiar” do tal “espírito do natal” e, claro, do “Papai Noel”. Este último em especial é o símbolo do nosso natal moderno, de sua secularização e importância como um tipo de “festa do consumo”. Algumas coisas são geralmente esquecidas nessa época como, por exemplo, a comemoração da Encarnação e do nascimento do Cristo. Outra, que é a que quero pensar junto com vocês aqui, é a viagem de três sábios do oriente seguindo um fenômeno astronômico estranho.

Imaginem-se na seguinte situação. Estão lá, juntos com outras pessoas igualmente sábias como vocês e interessadas em conhecer mais a respeito das estrelas, planetas e tudo que existe no céu acima de nossas cabeças. De repente, vocês percebem uma estrela (ou o que julgam ser uma estrela) brilhante como que apontando uma direção e uma localidade. Com base em pesquisas, descobrem que houve certa vez a profecia de que tal presságio indicava o nascimento de um rei.

E então, discutindo o ocorrido com seus colegas estudiosos, alguns acham que é uma tolice, outros que basta apreciar a beleza da estrela com seus instrumentos e a olho nu, outros que basta realizar cálculos para tentar compreender aquilo matematicamente. Você, porém, e dois amigos seus decidem se aventurar: apanham suas roupas, presentes e se dirigem à nação em que tal rei deveria nascer.

Essa passagem do deslumbre à aventura que quero considerar com vocês nessa semana. Se estes sábios tivessem ficado em sua torre de observação, não teriam experimentado a grande aventura que se seguiu que envolveu não só o nascimento de alguém, mas também uma tentativa de traição, avisos de perigos através de sonhos e fuga silenciosa para evitar a morte. Eles ousaram dar um passo adiante. Eles ousaram dar-se à aventura.

Às vezes a porta do jogo nos leva a uma estrada.

Com games é a mesma coisa que acontece. Já usei essa analogia com vocês várias vezes por aqui, mas não é por falta de opções e sim porque ela é muito clara nisso que quero dizer. O mundo do jogo que contemplamos de fora é como uma casa convidativa: vemos luzes, ouvimos sons e ruídos de grande movimento acontecendo dentro dela. Contudo, cabe a nós abrirmos e passarmos pela porta. Alguém que se mantém distante dessa morada, sem entrar nela, não joga propriamente.

Na semana passada falamos sobre a escolha do jogo que queremos jogar que é, basicamente, a opção pela casa que queremos visitar. A escolha pela aventura já começa aí, mas não se encerra nesse movimento. Uma vez lá dentro, a aventura continua e constantemente temos que continuar escolhendo. Os sábios do oriente recebram um aviso de que seriam traídos se dissessem onde estava repousando o rei recém nascido e poderiam ter escolhido ignorar tal alerta também.

Ou seja, abrir-se à aventura implica em responsabilidade. Não apenas pelo lugar (ou mundo) em que queremos nos aventurar, mas também pelo que fazemos enquanto caminhamos nessas terras selvagens tão sedutoras e, ao mesmo tempo, tão letais. Em games isso acontece com igual clareza; é por isso que dizemos que é preciso jogar a sério. Não de modo taciturno, mas seguindo aquilo que o jogo exige de nós: seja riso, choro ou raiva. Mas sempre (sempre mesmo) temos que nos responsabilizarmos pelo que escolhemos fazer.

E agora? Em frente ou à esquerda? Somos responsáveis pela escolha do caminho que optamos seguir.

E, evidentemente, isso não se aplica unicamente a games e jogos em geral. Se tem uma coisa que podemos aprender ao jogarmos é justamente isso: que temos responsabilidade pelos nossos atos. Não simplesmente porque “algo de ruim pode nos acontecer se agirmos mal”, mas porque somos nós mesmos quem agimos. Os magos foram prestar suas homenagens a um rei porque quiseram e não porque uma força instintiva qualquer os levou a isso. Poderiam ter ficado em casa com o ouro, o incenso e a mirra. Mas escolheram acreditar na estrela e no que ela simbolizava

E nós? Em quais jogos ousamos nos aventurar? Qual estrela decidimos seguir? E, mais importante, queremos mesmo segui-la? Se não queremos, por que não damos uma chance à compreensão do mundo e do caminho lúdico que ela nos indica?

É isso que queria compartilhar com vocês hoje. Aproveito e desejo a todos um Feliz Natal!

Até o próximo post!

Academia Gamer: Aventura natalina
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10 ideias sobre “Academia Gamer: Aventura natalina

  • 20/12/2011 em 7:54 am
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    se eu fosse um dos reis magos e avistasse a tal estrela de Davi, eu ia ficar perplexo,claro. mas não sei da onde tiraram a ideia de segui-la. afinal, quando a manhã ia raiar, as estrelas perdem o seu brilho e somem devido a luminosidade solar. mas acho que eles fizeram bem em ver a origem daquele corpo celeste e para onde ia leva-los…com certeza foram os primeiros aventureiros da história.

    nisso em games onde qual estrela devemos seguir e se queremos continuar,eu já havia imaginado se o gamer deve seguir com um detonado de tal game do lado ou desbravar a aventura sem nenhuma(ou com pouca)ajuda.eu que estava jogando o Adventure Myst fui no inicio com o detonado…mas me bateu uma crise de consciência e decidi terminar o game sem ver o walkthrough.e consegui zerar o tal game.(eu sou um gênio. hauhauahuahau :)) e faz tempo que não destrinchava um sem guias, mas vai de cada um. mas se insistir naquele caminho, o gamer achará a euforia de terminado tal jogo. e isso também se aplica na vida real, como a pessoa querer fazer faculdade, ser promovido no trabalho, ter uma casa e ect.

    a vida é cheia de caminhos, que infelizmente não tem reset ou save state para nós livrar de uma escolha errada. é seguindo em frente sem continues.(a não se você ser salvo da morte ou acordar dela) e conseguir os “troféus de conquista” sem guias.(ou quase isso)

    Hee-Hoo do meu Jack Frost para você, Mestre- Senil e tenha um feliz natal!

    http://images.wikia.com/megamitensei/images/d/de/JackFrost.png

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  • 21/12/2011 em 4:36 pm
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    @leandro(leon belmont) alves
    Uma aventura e tanto, com certeza! hehehe E toda aventura tem essa coisa que mescla conhecimento e desconhecimento, familiaridade e estranheza. Muitos antes mesmo desses magos já haviam se aventurado. Veja Ulisses (Odisseu) por exemplo na Odisseia.

    huahauhauha Que bom que conseguiu terminar Myst sem detonado! Todo adventure terminado assim é sempre uma grande realização! Meus parabéns!

    E concordo plenamente com o que falou relacionando isso tudo com a vida. Acho que é mais ou menos por aí mesmo.

    Feliz Natal para você também, cara! E valeu pela imagem. hehehe Até salvei aqui. 😀

    @Pedro @ Quero Jogar
    Valeu cara! Feliz Natal para você também! Abraços!

    @Roberto
    Se chegou a essa resolução lendo todos os posts da coluna com atenção, fico contente. Só descobrimos mesmo se algo é realmente bom ou ruim quando tentamos compreendê-lo de alguma forma. Agora, se não o fez, que valor tem o seu comentário?

    Feliz Natal para você!

    @leandro(leon belmont) alves
    O que mais quero é que reflitam mesmo! Digo isso desde a criação da coluna. Assim como jogar é divertido, pensar a respeito dessa nossa atividade também é. No dia em que não conseguir instigar ninguém a pensar junto comigo em alguma coisa, daí sim a coluna perderá todo o seu sentido.

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  • 22/12/2011 em 10:47 am
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    Gostei do segundo parágrafo, natal e ano novo estão numa banalidade que é até triste. Até parece que hoje em dia a estrela de Davi brilha sobre os shoppings e os reis são iPhone, iPad, etc…

    Belo post como sempre Senil, me fez lembrar que eu não joguei muitos rpg’s por não ter tempo para entrar de cabeça neles e eu não quero ser uma visita indiscreta, tenho que levar no mínimo um presente, o meu interesse.

    Feliz natal para todos!

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  • 23/12/2011 em 12:33 pm
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    Belo post como sempre, Senil!
    Isso me faz pensar em alguns rpgs que jogo, como os da série Shin Megami Tensei. Não consigo agir neles como eu não agiria na vida real. Por exemplo,em Raidou Kuzunoha vs King Abaddon uma personagem chamada Tae me pergunta que garota é meu tipo, Akane, Nagi ou ela própria.
    Acho a Tae a mais legal, e sempre digo que é ela. Não consigo escolher outra opção mesmo por curiosidade. Fico tão imerso no mundo do jogo, que penso: “Pô, eu não faria isso. Não dá pra escolher essa opção” 🙂

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  • 23/12/2011 em 1:07 pm
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    feliz natal mestre senil…realmente o ser humano esquece o verdadeiro valor do natal,,,muitas pessoas só querem fazer coisas boas nesse dia e tem o ano inteiro para fazer. Falam-se em solidariedade, mas isso não acontece mesmo e talvez nunca acontecerá…a verdade nua e crua é que tudo isso é um a verdadeira hipocrezia que existe em tudo …..o Brasil está cheio de problemas, vivemos em um mundo que se diz globalizado mas na verdade somos tachados como país de terceiro mundo. A roubalheira política continua, hospital um caos e segurança corrupta e enganação para todos os lados e…quando chega essa época natalina começa-se uma verdadeira contratação de velhinhos para propaganda enganosa nos canais de televisão,,,propagando de shopping, lanchonetes e similares…tudo isso é uma verdadeira hipocresia que existe entre nós…tantos problemas e empresários e políticos não estão nem ai para nós…realmente eles não lembram o verdadeiro espirito do natal,,,lembram mesmo é de vender e ganhar dinheiro. Adoro essa época do natal,,,adoro mesmo,,,fico feliz com as iluminações e as cidades sendo enfeitadas e que nos faz pensar em coisas boas,,,mas por trás dessa maquiagem existe todos esses problemas citados,,,infelizmente é tudo passageiro,,,,com a copa do mundo pode-se dizer o mesmo,,,fazem a cidade parecer com a barbie e escondem todas as dificuldades que passamos,,,a roubalheira não para de acontecer….ordem e progresso porra nenhuma era para tar escrito na bandeira nacional,,,
    É um mês de coisa boa, pensamentos positivo e ajudar as pessoas,,,mas porque não fazem isso no ano inteiro???? gostei do post, feliz natal para a galera que sempre está por aqui, valeu!!!!!

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  • 26/12/2011 em 8:22 pm
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    @Jair
    Sim, isso é realmente uma grande pena… E não só o natal, mas muitas outras festas acabam padecendo do mesmo mal…

    Bem pensado: o interesse é indispensável em qualquer jogo. Sem ele, não entramos em nenhum desses mundos possíveis que se mostram para nós.

    @Fernando “Ancião Kid” Cordeiro
    huahauhauahuahuaha Isso é bacana também! Quase como eu no Phantasy Star III em que eu quase sempre faço as mesmas escolhas de casamento (só modifico meio obrigado mesmo hehehe).

    @helisonbsb
    Excelentes e sábias colocações. O Natal é uma boa época para relembrar esses valores todos e levá-los para o ano seguinte, mas como a Copa do Mundo, há essa hipocrisia básica durante alguns dias e depois tudo volta ao normal. É o pão e circo moderno. Ser uma pessoa boa parece beirar o impossível durante o ano todo. hehehehe Pena que quase ninguém tenta com alguma persistência.

    @Filipe
    Valeu Filipe! 🙂

    @J.F. Souza
    Valeu Yoz! Bom saber que você gostou!

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