“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Olá crianças!

Tive a honrada oportunidade de ler uma pequena coletânea de ensaios do grande Gilbert Keith Chesterton, escritor inglês famosíssimo em sua época (fim do século XIX e começo do século XX) por sua excelente retórica e amizades fortíssimas com Bernard Shaw e H. G. Wells (dos quais discordava totalmente). Quem quer que tenha bom humor, seja concordando com o que ele diz de antemão ou não, deveria lê-lo. Antes de partir para o tema do post, queria sugerir alguns de seus livros. Ortodoxia e outro chamado Hereges são o núcleo de seu pensamento e se complementam. A coletânea de ensaios que comprei chama-se Tempero da Vida e passa por diversos temas (da literatura à religião). O Homem Eterno faz uma reavaliação das descobertas sobre o homem desde sua época das cavernas. Ele tem também algumas biografias sobre São Francisco de Assis (que ainda não li) e sobre seu herói São Tomás de Aquino (que, inclusive, avivou meu interesse sobre o último escolástico).

Há ainda sua literatura de ficção, focada principalmente em histórias de mistério (em tramas de fazer inveja a Edgar Alan Poe) como em O Homem que era Quinta-Feira. Se leram Sandman, de Neil Gaiman, é muito provável que o reconheçam em um de seus personagens que aparece no volume Casa de Bonecas (ou o primeiro livro da edição de luxo em português). Embora isso seja um tanto incomum de notar; descobri isso por conta própria e é difícil ver pessoas fazendo esta mesma relação que é indiscutível (um quadrinho é uma estilização de uma famosa fotografia dele).

O ensaio que chamou de “Literatura Sentimental” foi publicado em 1901 e é extremamente rico, ainda que curto. Por isso, vou acabar citando somente algumas considerações das duas primeiras páginas porque senão vou precisar fazer um texto muito maior para encaixar tudo que ele traz.

Lendo uma introdução a um texto de São Tomás de Aquino, seu tradutor comenta que C. S. Lewis aponta com exatidão o fato de que muitas palavras elogiosas e grandioloqüentes, tornam-se em ofensas cínicas com o passar dos anos. Um exemplo seria a prudência, de que trata este texto do fiósofo medieval, e o outro seria “sentimento”, tratada por Chesterton.

Para ele, será impossível haver uma crítica literária séria e competente enquanto haver uma díade falsa entre o termo “sentimental” (que seria depreciativo e hostil) e o “apaixonado” (que seria cortês). Isso, segundo Chesterton, é tão ridículo quanto dizer que o azul é gentil e o verde ofensivo. A diferença entre ambos não é a sinceridade daquilo a que se referem, mas uma outra coisa. Enquanto que o sentimento verdadeiro toma emoções centrais da vida reconhecendo-as como comuns a todos os seres humanos, a paixão é sempre um segredo inconfessável e uma descoberta não compartilhada. Ou seja, o sentimento apenas reconhece que todos possuem o mesmo segredo e que todos fizeram a mesma descoberta.

Acima, a capa de um dos vários filmes baseados nesta famosa novela (escrita a várias mãos inclusive – embora só Dumas tenha obtido crédito).

Usando suas próprias palavras, ele diz que “para o homem de paixão, o amor e o mundo são novos; para o homem de sentimento, são infinitamente velhos.” Afirma que a literatura sentimental só deve ser condenada quando não for literatura e não por ser sentimental e possuir um ânimo passageiro (tentador e relaxante). Ou seja, se tal forma de literatura é uma praga (e realmente parece ser), não é por ser lida demais, mas por ser lida exclusivamente. E paro por aqui. Ele faz relações mais profundas com a filosofia nas páginas que se seguem, mas isso basta por enquanto porque isso nos basta. Aliás, talvez fosse relevante acrescentar que, para ele, isso aparece com maior clareza em novelas (que, na época, era um tipo específico de literatura – geralmente com periodicidade como o clássico Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas).

Como isso se aplica a games, então? Na realidade, este é um tema muito próximo de mim porque eu já fui um desses críticos pouco sérios que desprezavam obras e games simplesmente por serem “sentimentais demais”. O fato de eu ter mudado de opinião não significa que eles deixaram de “escorrer mel pela tela”, como dizia jocosamente um amigo meu da adolescência, mas que deixei de condená-los por sua frivolidade tão característica. O exemplo mais claro disso em minha experiência é o Final Fantasy VIII.


Já aviso que nunca cheguei ao final dele (o que até lamento em certo sentido), mas que ele nada mais é do que um exagero do apelo erótico (não em sentido sexual, mas como uma relação de amor específica como a que denominados de amizade) presente em jogos anteriores da série. Final Fantasy IV possui um triângulo amoroso e um casal formado desde o início da história (e que, inclusive, trocam alguns beijos durante o jogo). Final Fantasy V sugere algum envolvimento romântico pós-game entre dois personagens (mas é tão sutil que nem sei se entendi isso direito ou não). Em Final Fantasy VI, alguns dos momentos mais emocionantes circundam o amor seja um nascente como o que brota e floresce entre Locke e Celes como o trágico de Setzer e das famílias de Shadow e de Cyan. Em Final Fantasy VII temos o suposto afeto homossexual entre Cloud e Sephiroth, mas é mais provável que tenha sido algo entre o herói tedioso e Aeris; além, é claro, da história de Vincent e a de Barret.

E, devo dizer, Final Fantasy é, desde o quarto jogo da série, algo como uma novela mesmo. A ideia dos designers de definirem temas para cada jogo era para colocarem sentimentos humanos em torno de um núcleo comum. Por isso, não é surpresa que Final Fantasy VIII tenha tido, como tema, o amor. E neste sentido, Final Fantasy VIII, é muito sentimental. Exageradamente até. Romeu e Julieta é soberbo no que tange ao eros e, em outros casos, o mesmo motivo surge um pouco forçado. Mesmo Final Fantasy IX, que nem fala tanto disso, soa um tanto piegas quando resolve inserir um “amor impossível” entre um ladrão e uma princesa. Nos outros jogos da mesma série projetados para o Super Nintendo, muito pelo contrário, eram os momentos mais vívidos deles. Sentia-me compartilhando realmente de um segredo com toda a humanidade. Diferente do que senti quando li Werther ou o próprio Romeu e Julieta (que são apaixonantes).

Acima, uma imagem do Setzer de Final Fantasy VI.

Claro que não devemos pensar somente no amor. Vilões exagerados (que beiram bufões), heróis que buscam ser “super-homens” (übermensch) e muitos outros perpassam pela mesma categoria de sentimentalismo que não deve ser vista em si mesma como algo ruim. O problema reside em nos alimentarmos somente disso. Chesterton afirma que alguém que respira dia e noite o sentimentalismo é o pior adversário da sociedade porque lidar com eles é como assistir uma infindável sucessão de alvoradas e crepúsculos.

C. S. Lewis fala ainda que um mau livro não é aquele sobre o qual podemos falar mal, mas aquele sobre o qual nada de bom pode ser dito. Como posso condenar um game porque eu não consigo a mesma experiência plena e realizadora de outra pessoa? Já ouvi muitos elogios a Final Fantasy VIII de pessoas que realmente entraram de cabeça nele; se eu não fiz esse movimento, quer dizer que tenho o direito de dizer que é um jogo ruim? É importante sempre manter a dúvida, mesmo que durante anos nada de bom seja dito a respeito de uma obra qualquer. Se uma única pessoa em todo o mundo descrever uma experiência gratificante real com o game ET para Atari 2600, teremos que, obrigatioriamente, deixar de considerá-lo um jogo ruim porque isso seria desrespeito a este jogador único que viu algo que nós, infelizmente, não podemos enxergar.


Como acontece algumas vezes nesta coluna, este é um tema sobre o qual não refleti demais. Somente gostei bastante deste ensaio de um irmão inglês e reparei que eu próprio qualificava alguns games desta maneira até bem pouco tempo atrás. Valeu para refrescar meus pensamentos e, espero, que ajudem os de vocês também.
É isso por hoje! Até o próximo post!

Academia Gamer: Games sentimentais

17 ideias sobre “Academia Gamer: Games sentimentais

  • 10/05/2011 em 11:08 am
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    O problema dos jogos não é serem sentimentais e sim como eles passam isso para o jogador. Final Fantasy VIII não consegui jogar muito porque achava o drama muito exagerado e forçado, parecia novela de televisão e definitivamente eu não curto isso. Claro que os outros elementos do jogo eu achei bacana (como aquele joguinho de cartas viciante), mas como em um RPG a história é o foco não desceu.

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  • 10/05/2011 em 12:08 pm
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    PERAE, apelo erotico em FFVIII? eu zerei o jogo e não vi nada de mina semi-nua(ou algo parecido) olha, é bom quando personagens tem sentimentos nos jogos. pelo menos por mim eu gosto de ficar lendo o desenrolar da trama, ao inves de só apertar.(ps: eu sempre soube que Cloud e Sephirot são meio boiolas)não sou eu q tou dizendo…

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  • 10/05/2011 em 12:26 pm
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    @Tchulanguero
    Yep. Alguns são exagerados e foi o que me manteve afastado dele para dizer a verdade. E olha que eu gosto desse tema em jogos, livros etc. Não acho ruim não. Até estou planejando dar uma nova chance a ele; vamos ver como andam as coisas.

    @leandro(leon belmont)alves
    hehe Por isso que disse “eros” antes, para explicar que me referia a essa relação específica de amor entre duas pessoas (para distinguir, por exemplo, da amizade que também é uma relação de amor). Não quis dizer ecchi. 🙂

    Quanto ao Cloud e o Sephiroth, falei dos dois como uma brincadeira mesmo. Mas o jogo contribui para essa piada, fazer o quê? hehe

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  • 10/05/2011 em 12:44 pm
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    Para mim fica complicado tocar neste tema porque não leio romances e ficção em geral. Mas meu interesse em ler Shakespeare só aumenta pela grande influência de suas obras. Portanto, para mim, ler ficção só vale pela importância histórica mesmo.

    E vejo você citar o Counter Strike Lewis (hehe) com bastante frequência. Pelo jeito ele também merece alguma atenção de minha parte. Minha mulher possui o volume único do Crônicas de Nárnia. Quem sabe um dia eu pego pra ler.

    Já os games de jRPG… ah os games de jRPG, como eu gosto de falar mal deste gênero…

    Uma das características que mais me afastam deste gênero é justamente a história detalhada demais. Os personagens já estão todos desenvolvidos e atuam sem a intervenção do jogador. Bem, a única intervenção é apertar o botão perto de um NPC para os personagens atuarem. O estranho é que num jRPG, quem está atuando é o próprio personagem, cabendo ao jogador o único papel que lhe cabe: o de espectador.

    Reconheço que muitas vezes a história emociona e até serve de motivação para o jogador vencer o jogo ou apenas jogar para acompanhá-la.

    E Senil, o que você disse sobre os Final Fantasy explica muito do fato de ter tantas meninas fãs da série. FF é um jogo de drama. Inclusive, o leitor Max Laguna do Meio-Bit tem tocado nesse assunto às vezes em alguns posts sobre FF e ele mencionou que se estamos insatisfeitos em considerar Final Fantasy um jRPG, deveríamos chamá-lo então de jDrama, que combina muito mais e tira esse estigma da série de ser um mau RPG (em termos de roleplay).

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  • 10/05/2011 em 1:48 pm
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    @Fernando Lorenzon
    Ah Shakespeare é muito bom. Romeu e Julieta só parece batido pelas constantes revisitações à obra; a original é muito boa.

    Cito bastante o Lewis mesmo (os primeiros nomes são “Clive Staples” – mas todo mundo abrevia, então eu abrevio também. :-)). hehehe Ele é o elo que liga minhas reflexões sobre jogos de modo geral com a literatura. O Chesterton apareceu há algum tempo também fazendo uma ponte semelhante, mas o Lewis tem um modo de pensar mais próximo ao meu. Se ler o volume único de Nárnia e for igual ao que eu tenho aqui, tem um ensaio dele no final chamado “Três formas de escrever para crianças” (ou algo assim). Foi o primeiro ensaio dele que li e fiquei bastante impressionado com o posicionamento dele (no bom sentido, claro).

    Minhas reflexões com relação ao RPG “normal” e o eletrônico são meio precárias ainda (não por serem poucas, mas por estarem cruas), mas acho que o que falou serve para eu pontuar algumas coisas que fui pensando.

    Há uma transição nos RPGs de mesa do “personagem” para a “história”. Isso não é só nos games eletrônicos. Se você analisa D&D (primeira edição) e AD&D, percebe que o foco é o mesmo dos wargames que deram origem a ele: combates e personagens definidos pelos jogadores em muitas características possíveis (classe, raça, força, inteligência etc.). Agora, se você pega os jogos da Whitewolf (Vampiro para ficarmos em um só), o foco não é mais tanto o personagem, mas a história. O objetivo muda um pouco: jogadores e mestre(s) têm que se esforçar não para suplantar/criar desafios e superá-los, mas sim para fazer uma boa história (geralmente com a exigência de que seja coerente com dados não presentes na ficha como trejeitos de personalidade e coisas assim). Ao invés de ser uma evolução, ambos os gêneros coexistem até hoje. D&D tentou sair um pouco do foco em combate/desafios na terceira edição (e em universos como Ravenloft), mas voltou com força total na quarta. E Vampiro, mesmo mudando os nomes de tudo, ainda é a mesma coisa.

    Nos RPGs de videogame e computador, é a mesma coisa que eu percebo. Eu nem divido entre RPGs ocidentais e orientais porque ambos têm se mesclado com frequência. E falar em “RPG japonês” só complica, porque há RPGs originais da China e da Coreia que são um pouco diferentes (e nem digo pela temática). Alguns jogos seguem o “padrão D&D” como os próprios jogos desenvolvidos sob tal licença (seja em Forgotten Realms ou qualquer outro universo), ou com inspiração descarada (Might & Magic, Dragon Age etc.). Outros, enfocam bem mais a história como Final Fantasy IV (para ficar em um jogo que citei no post) e Phantasy Star IV (que tem foco maior na história e enredo que os outros da série).

    “Mas pô, seus exemplos só provam que há diferença entre Ocidente e Oriente.”. Não disse que não existem diferenças, mas eles são meio misturados em alguns casos. Por exemplo, Speterra Core é uma mescla muito interessante de ambos os universos. Final Fantasy Tactics é essencialmente nipônico no espírito, mas tem classes complexas para escolher e foco muito mais nos combates que na história; Langrisser é a mesma coisa. Na verdade, estes dois têm um foco maior nos combates mesmo do que no enredo que é bem simples. Talvez definir como “RPGs orientados a personagens” e “RPGs orientados ao enredo” seja um pouco melhor por enquanto.

    Lembrando ainda que os primeiros RPGs japoneses não tinham foco na história, mas nos personagens. Final Fantasy I pedia para você escolher as classes e nomes de cada um. Nada comparável a todos os dados que temos que inserir em outros como Warriors of the Eternal Sun, mas a história desse jogo é bem fraquinha. Um primeiro intermediário que vejo é o Phantasy Star que, mesmo não podendo escolher personagens à vontade, ele me lembra muito aquelas aventuras prontas em que você tem uma lista de fichas para escolher. Quando tinha o Encontro Internacional de RPG, eu cansei de jogar assim (de o mestre dar uma pilha de fichas prontas e mandar a gente escolher qualquer uma).

    E até o próprio nome “RPG” tem me parecido um pouco confuso. Em RPGs orientados ao personagem (usando a expressão bem provisória que cunhei) como o pioneiro D&D, não há uma clareza sobre o que “role” quer dizer. Se “role-playing game” significa “jogo de interpretação de papéis”, a palavra “papel” é confusa. Papel em quê? Alguns interpretam isso como sendo seu papel no andamento de uma história e, neste sentido, se aproximam mais de Vampiro e derivados (em que temos que atuar como o nosso personagem – é uma regra praticamente) por sua ênfase no teatro. Outros poderiam pensar em um papel dentro de um grupo para resolver problemas e desafios que aparecem aos jogadores; isso se aproxima muito de D&D porque criamos personagens “equilibrados” para que se ajudem mutuamente e sejam hábeis o suficiente para resolver enrascadas (por isso existem tantas classes e porque é quase impossível vermos um grupo em que quatro jogadores constróem magos).

    E eu acho que Final Fantasy é um RPG sim. Tem foco no enredo, que é bem arrastado, temos que ler bastante coisa, mas isso faz parte dele e não o desmerece por si mesmo. Quando penso em Drama (o estilo de jogo), imagino algo como uma Visual Novel que é algo totalmente diferente. Na realidade, acho que o jogador influencia muito mais o destino de alguns jogos assim do que em Final Fantasy (que é bem linear). Eu nem diria que é um mau RPG por definição; se fosse realmente ruim, ninguém falaria bem dele. Eu só encaro como uma série com jogos que ainda me agradam hoje em dia, mas que muitos não me animam nem um pouco (mas que talvez o fizessem se eu fosse mais novo); aí entra aquela questão do gosto e da preferência.

    Os designers de Final Fantasy têm um público-alvo bem específicos, conforme li em uma entrevista tempos atrás: garotos pré-adolescentes e adolescentes (algo entre 10-17 anos). E devo dizer que são bem sucedidos neste alvo porque foi justamente nesta época que eu e primos meus que gostam de RPG descobrimos a série. Meninas até jogam, mas não creio que seja algo muito comum. Minha noiva mesmo, por exemplo, não suporta; ela gosta mesmo é de jogos de ação, com muito movimento e estratégia em tempo real (e não por turnos e menus).

    Eu, por exemplo, não gosto de RPGs muito abertos, sem uma definição clara de objetivos e metas (como são a maioria dos MMORPGs, mas outros também como Ultima). Entretanto, jogos assim possuem uma vantagem que é a construção de personagens. Perdi a conta das vezes em que reiniciei Ultima IV somente para fazer um personagem novo a cada vez; é o mais legal do jogo para mim. Eu fazia dezenas de fichas na época que jogava RPG de mesa com mais frequência, e por aí vai.

    Ufa, falei demais. hehehe Mas ainda estou refletindo sobre isso tudo. Nem fiz um esboço de post com esta discussão ainda porque ainda acho que é algo bem cru ainda, como falei.

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  • 10/05/2011 em 4:21 pm
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    “Se uma única pessoa em todo o mundo descrever uma experiência gratificante real com o game ET para Atari 2600, teremos que, obrigatioriamente, deixar de considerá-lo um jogo ruim porque isso seria desrespeito a este jogador único que viu algo que nós, infelizmente, não podemos enxergar.”

    Cara, foi como um tapa na cara. Seu texto me fez refletir. Obrigado.

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  • 10/05/2011 em 11:55 pm
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    Cresci jogando Final Fantasy, começando pelo IV, depois o VI, e então os três do PSX, sem contar o Tactics. O último que posso dizer que gostei de verdade foi o X.
    O XIII ainda não pude jogar, mas quero fazê-lo algum dia, mesmo sabendo da criticada linearidade dessa versão.

    A versão onde as mais diferentes emoções são expressadas com maior intensidade é, sem dúvida, a VI – ao menos para quem viveu a era SNES. Como se não bastasse, é a versão com a melhor construção de enredo, onde todos os personagens tem histórias bem construídas (tirando Gogo, Umaro e os Moggles, que são bônus… ^^).
    A verdade é que a complexidade e perfeição dessa versão até hoje me impressionam.

    Vale lembrar que, sem uma bela trilha sonora, um jogo que tem tudo para ser emocionante pode ficar entediante. E nesse quesito, FF é imbatível, principalmente a versão VI.

    Vale lembrar que existem outros jogos sentimentais fora Final Fantasy. Tem um que coloco pelo menos no mesmo nível de Final Fantasy VI: Lunar Silver Star Story, versão para PSX. Simplesmente espetacular!

    Obs.: A imagem do Setzer na matéria está com um erro na legenda: ele pertence ao Final Fantasy VI, não ao VII.

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  • 11/05/2011 em 12:16 am
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    Acho que sou meio retrógado (retrô?) nesses assuntos sentimentais. Cresci sendo (bem) educado vendo filmes como Rambo II e Comando para Matar, acho que acabei ficando pouco sentimental, hehe.

    Em casa minha mãe tem vários desses livros sentimentais – que eu gosto de chamar de “Romances Românticos” – uma vez tentei ler um…

    Era um tal de “Monte Carlo”, da conhecida (quem?) Barbara Cartland. Pá, inglesinha pobre, perde o pai e vai trabalhar de pagem na terra dos casinos, conhece o príncipe. Eu até estava gostando, a estória estava se desenvolvendo… mas de repente a vilã morre sem mais nem menos e ela casa com o príncipe e… acabou. Foi uma leitura bem frustrante. Pelo menos percebi que aquela não era minha área.

    Parte do meu preconceito (pre-ludere?) com o Final Fantasy VIII vem disso. Sei que é um bom jogo, mas não me anima a entrar de cabeça. FF IV já me interessa mais, apesar de também ser sentimental, não chega a ser o mote principal do jogo. Não sei se é por ser uma fórmula batida, reutilizada trocentas vezes em filmes, músicas e até jogos. Tudo que é repetitivo demais cansa. Você pode comer cinco sorvetes do seu sabor favorito, o primeiro SEMPRE será o mais gostoso e quando chegar ao quinto já vai estar meio, sei lá, bléh! Não foi uma comparação feliz, mas o fato é que o sentimentalismo, principalmente o barato, é enfiando goela a baixo todos os dias, em todas as mídias. E como os jogos são uma válvula de escape para esse mundo “real” que vive me empurrando isso, acho que criei uma certa ojeriza ao assunto.

    Não que eu não seja sentimental. Por exemplo, gosto muito da estória de Forrest Gump por ter um sentimentalismo que nunca chega a ser piegas porque o filme sempre tem doses homeopáticas de humor que dá uma “quebrada” nisso. Contudo, conta uma estória de amor que dura uma vida inteira.

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  • 11/05/2011 em 12:52 am
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    @fabiofilho
    Eu comecei pelo Final Fantasy V, que é até hoje o meu predileto. Inclusive pelos personagens (só o vilão mesmo que é meio sem graça). Gilgamesh é espetacular. hehehe FFVI vem logo depois pelas mesmas razões que citou.

    Lunar é assim também e é uma boa lembrança. Um ótimo jogo inclusive; só não sei como ficou na versão de PSX porque só joguei as de Sega CD (e um pouco da que saiu para o Saturn).

    Valeu pelo aviso do erro. Foi um typo mesmo que passou despercebido. Vou ver se consigo consertar.

    @Onyas
    huahauhauhauha Testosterona vertendo da tela então! hehe

    Mas esses romances de banca de jornal são meio assim mesmo. Eu li alguns na adolescência (enquanto lia Sidney Sheldon hehe), mas não curti muito também. Existem textos melhores neste sentido, pode acreditar. Tipo, o romance que aparece em Os Miseráveis do Victor Hugo é bem delineado; e mesmo o de Romeu e Julieta é interessante. Tem O Morro dos Ventos Uivantes que admiro bastante e Werther (que já reli umas cinco vezes).

    hehe Sim, isso tem a ver com o pre-ludere! Tem jogos que a gente fica com o pé atrás mesmo. Mas às vezes é bom dar a cara para bater. Pode não ser o melhor jogo do mundo, mas pelo menos tentamos. hehehe Eu joguei FFVIII com meu primo e até que achei legal no começo, mas depois vai ficando morno. As férias acabaram e meu primo terminou o jogo sem mim. hehehe Mas é provável que faça como fiz no FFVII e no FFIX se pegar para terminá-lo: só jogar o jogo normal, sem fazer sidequests, sem pegar magias e armas raras e por aí vai.

    Um exemplo de jogo que comecei com o pé atrás, quase como obrigação, e acabei adorando: Chrono Cross. Espetacular. Tem gente que não gosta muito dele, fala que não tem muito a ver com viagens no tempo e tal, mas eu acho uma sequência digna do nome do clássico de SNES.

    Sem dúvida que a repetição enfiada goela a baixo cansa. Eu gosto bastante do FFV; o FFIV é bom, mas nunca peguei para jogar de novo (sei lá porque). O quinto jogo já terminei umas quatro vezes em versões diferentes. Acho ele o Final Fantasy mais fluido de todos.

    Gosto de Forrest Gump também e, com relação a jogos (incluindo filmes e outras coisas), eu prefiro romance e drama a ação pura (que também é sem graça se for só a mesma coisa o tempo todo). Então, nem ligo muito para esse tipo de coisa em jogos; só acho uma pena quando o romance é bem água com açucar, com frases que soam artificiais e outras coisas parecidas.

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  • 11/05/2011 em 3:48 am
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    Nossa, essa do Forest Gump… O filme é odiado por muitos críticos (excelentes críticos, aliás, sem aquela de “crítico não gosta, então é bom”, pois é uma manipulação extrema. Eles apontam os motivos).

    “Os personagens já estão todos desenvolvidos e atuam sem a intervenção do jogador.”

    Sobre gostar por estar na pele do personagem ou não, eu acho que já foi discutido em outro artigo aqui.

    Uma das coisas que eu acho que os desenvolvedores precisam começar a pensar, é o motivo do jogo. Como no cinema, muitas críticas de filmes não se fecham no principal: o motivo da história.

    E se estes jogos tem públicos alvos (e realmente tem), então é melhor chegarmos aos 30 sem gostar de nenhum deles.

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  • 11/05/2011 em 12:31 pm
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    @Leandro Moraes
    Alguns críticos são interessantes, mas acho que falta tato na maioria deles. Para muitos, criticar é encontrar defeitos e não é bem assim que funciona.

    Mas o motivo dos games atuais é bem óbvio: ganhar dinheiro. 😀 Piadinhas à parte, entendo isso que diz. Também não gosto de definições de público-alvo; se algo “deixa de funcionar” conosco depois de atingirmos uma certa idade, simplesmente paramos de jogar. Mas é um mercado e há a exigência de que isso seja pensado pela própria indústria.

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  • 12/05/2011 em 12:40 pm
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    @O Senil
    Opa, Final Fantasy V também é o meu predileto. E pelo mesmo motivo também, pois foi o primeiro que tive contato. Juro que imaginava ser o único que gostava dele.

    Mas mesmo sendo o primeiro, eu considero ele superior aos outros em vários aspectos. Um deles é que o time se mantém por todo o jogo. O IV e o VI ficam alternando os personagens e num jogo isso é esquisito, principalmente quando você tem que desenvolver cada um deles.

    Outra coisa legal é o conceito de jobs. Eu me sentia livre para experimentar combinações de classes diferentes entre os personagens, e cada classe tinha alguma particularidade. Tudo o que aprofunda o desenvolvimento dos chars me atrai.

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  • 12/05/2011 em 10:58 pm
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    @Fernando Lorenzon
    hehe Eu adoro este game. E apontou os mesmos motivos que eu mesmo. Acho muito bom o fato de o grupo ser fixo. Isso permite que você goste do grupo e não de um ou outro personagem isolado. Fora que, isso nem faz diferença porque as profissões que você escolhe muda seu grupo do jeito que você quiser. Então não fica aquela coisa amarrada do tipo “para vencer o chefão X eu preciso necessariamente ter o personagem Y no grupo por conta da magia Z que só ele pode usar”.

    O sistema de jobs do FFV é o melhor da série porque é simples (diferente do Tactics, por exemplo), sem muitos exageros e é até divertido ficar trocando de profissão o tempo todo. E você acaba definindo mais ou menos como será cada personagem conforme necessidades ou preferências. Até as profissões supostamente banais são interessantes (como dancer e mimic) se você der uma oportunidade a elas.

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  • 13/05/2011 em 8:44 am
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    Shhh (baixinho para ninguém ouvir). Como é que eu consigo o job Mimic em FFV? Eu enfrento o chefe mas ele insiste que eu não estou imitando ele. Normalmente gosto de descobrir as coisas sozinho, mas cansei de apanhar, hehe.

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  • 13/05/2011 em 11:26 am
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    @Onyas
    hehehehe Normal!

    Pelo que me lembre, é só ficar parado, sem fazer absolutamente nada (nem defender). Você percebe que está fazendo certo quando ele começa a falar um monte de coisas com você. Acho que são umas três ou quatro frases; não lembro direito. Assim você estaria imitando ele que não faz nada se você não fizer. hehe

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