“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

 

Olá crianças!

Hoje é o último post dessa série especial do mês de Junho. Gostei bastante de revisitar o livro do C. S. Lewis e tentar fazer aproximações com games. É um exercício interessante e, acredito, serviu para a proposta da coluna que é discutir. É o mais rico dele por recuperar tudo que foi trabalhado antes e trazer uma série de reflexões novas e instigar seus leitores a agir (afinal, não basta “sentir” o amor). Tenho ciência de tudo aquilo que não falarei, mas saibam que o fiz unicamente para economizar espaço. Recomendo a leitura do livro, se quiserem maiores detalhes. Mas chega de enrolação e vamos lá!

Bem, segundo Lewis, os amores naturais (os três de que falamos até agora) não bastam a si mesmos: há algo a mais que “precisa vir em socorro do mero sentimento para que o sentimento mantenha a própria doçura”. Isso não significa que os subestime, mas pretende indicar onde está sua verdadeira plenitude. Usa a analogia de um jardim que só continua belo (e sendo o que é) se alguém se esforça para mantê-lo assim podando, cercando e regando. É verdade que as ferramentas de um jardineiro são mortas e estéreis em comparação ao jardim; e mesmo quando este alcança toda sua glória, o trabalho dele ainda é quase imperceptível. Afinal, ele somente estimula determinadas coisas e desestimula outras. Ainda que sua participação na beleza geral do jardim seja pequena, é uma tarefa indispensável e difícil.

Se entre Ryu e Ken há amizade e/ou afeição, é difícil dizer de pronto. Mas, será que há caridade neste amor entre eles?

A princípio, podemos descrever esta ação do jardineiro que sustenta o jardim como “decência e bom senso”, depois como bondade e, enfim, como toda a vida cristã. É preciso relembrar que Lewis converteu-se ao cristianismo (por meio de conversas com seu grande amigo Tolkien) para poder compreender melhor tudo que ele quer dizer com esse último amor. Imaginem que foi-nos dado um jardim e que devemos cuidar dele de acordo com nossa própria vontade; as ferramentas precisam ser usadas porque não atuam por si mesmas. Parte do objetivo dessa ética é liberar todo o esplendor de cada tipo de amor (ou seja, tornar cada um deles pleno) e não ser arrogante, estóico, e evitá-los. 

Ele critica argumentos teológicos que declaram ser preciso evitar dar nosso coração a coisas do mundo (a pessoas, por exemplo) porque elas morrem. Seguindo a argumentação, ele concorda que é algo lógico e que preza pela nossa segurança pessoal (feridas não são só na pele, não é verdade?), mas que isso acusa como erro em sua própria consciência. Segundo ele, isso é um resquício pagão por ser muito mais próximo do estoicismo e do misticismo neoplatônico do que da caridade.

Lewis afirma que não existe método seguro no que tange ao amor: “amar é sempre ser vulnerável. ame qualquer coisa, e seu coração certamente vai doer e talvez se partir”. Se alguém deseja mantê-lo intacto, não pode entregá-lo a ninguém (nem mesmo a animais), guardando-o em seus hobbies e luxos, evitando envolvimentos e guardá-lo em seu próprio egoísmo. Porém, nesse bunker o coração muda: não se parte, mas se torna indestrutível, impenetrável e irredimível. Isso significa que, sem meias palavras, “a alternativa à tragédia, ou pelo menos ao risco de uma tragédia, é a condenação. O único lugar além do Céu onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os riscos e perturbações do amor é o inferno”. Com isso em mente, afirma que até amores mais desgovernados estão mais próximos da vontade de Deus do que a sua ausência; engana-se quem pensa que a entrega a Deus ocorre para evitar sofrimentos intrínsecos ao amores –  na realidade, é o único caminho que nos afasta totalmente dEle. Embora, para Lewis, “o melhor amor, de qualquer tipo, não é o cego”.

Todos aqueles que lutaram pelas “ruas de fúria” com “punhos nus” certamente se amam de alguma forma. Mas teriam algo de eternidade neles, devido à caridade?

 

Sendo Deus amor, Ele é primordialmente um amor-doação: não existe nEle qualquer necessidade a ser preenchida, somente abundância doando-se a si própria. E é nisso que está a essência da caridade: é por esse amor-doação que nos é dado pela Graça possui o nome do amor que estamos pensando hoje. [Nota em off: podem relembrar um pouco o que é amor-doação e amor-necessidade lendo o primeiro post  sobre este tema clicando aqui]

E é por meio desse amor que nós, seres humanos, podemos também amar aquilo que não é naturalmente amável: criminosos, inimigos, idiotas, ressentidos, arrogantes e cínicos. Ou seja, podemos doar amor aos que não nos são amáveis naturalmente. Mas a caridade também envolve uma porção de amor-necessidade. Às vezes, precisamos da caridade de outros que, possuindo este mesmo Amor Absoluto, ama o não-amável. Precisamos deste amor, mas não o queremos; afinal desejamos ser amados por nossa inteligência, beleza, generosidade, bondade e utilidade. É um choque quando alguém o nos oferece. Por esta razão que, segundo Lewis, muitas pessoas maldosas fingem caridade por saberem que ela nos fere naturalmente: “Essas palavras não seriam ditas com falsidade para ferir se não ferissem quando verdadeiras.”

Será que Rhys, ao encontrar Mieu pela primeira vez, amou-a com caridade?

 

É muito difícil receber e continuar recebendo dos outros um amor que não depende de nossos atrativos. Ele usa um exemplo extremo para ilustrar isto. Imagine que logo depois de casar você contrai uma doença incurável que o permitirá viver bastante, mas inútil, impotente, repulsivo, dependente da renda de sua mulher, dominado por ataques de fúria e exigências imperativas. Ao lado disso tudo, sua esposa tem compaixão e dedicação inesgotáveis. Certamente que aceitar e receber tudo isso e abster-se de autodepreciações e exigências de carinho e consolo é algo que o amor-necessidade em sua condição natural não seria capaz (assim como o amor-doação desta esposa dedicada). Receber, neste caso, é mais difícil do que dar. Seja afeição, amizade, ou eros (ou os três).

Todos nós recebemos caridade e há algo em cada um de nós que não pode ser amado naturalmente: não é um defeito que outros não nos amem. Mas ainda assim recebemos perdão, misericórdia e amor por esta mesma caridade. Bons pais, esposas, maridos e filhos sabem que a recebem gratuitamente com certeza: “não estão sendo amados por ser amáveis, mas porque o Amor Absoluto está naqueles que os amam.”

Para Lewis, aceitar a Caridade divina é necessário para que haja esta transformação dos amores naturais. Porque, insuficientes a si mesmos, são chamados para serem modos da caridade, ao mesmo tempo em que continuam sendo o que sempre foram. E, nisso, tudo é transformado: um jogo, uma piada, um drinque entre amigos, uma caminhada e o ato sexual. Tudo isso pode ser modo de perdoar, de aceitar perdão, de consolar, de reconciliar, de “não buscar nossa própria glória”. Contudo, a transformação total é muito difícil e talvez nenhum homem decaído a atinja com perfeição. Uma pena é a existência daqueles que pedem perdão desnecessariamente, ou que perdoam orgulhosamente. A verdadeira obra da caridade (e, portanto, de todo amor natural transformado por ela) deve ser secreta e, se possível, até para nós mesmos. Às vezes jogar cartas e dormir podem ser as melhores obras do amor.

Nei, ao ser acolhida por Rolf, amou e foi amada com caridade?

O convite a esta transformação nunca é omitido no nosso dia a dia: aparece sempre em nossas frustrações com que nos deparamos em cada amor natural, quando vemos que não são suficientes. A necessidade de praticar paciência, tolerância e perdão é o que nos obriga a tentar transformar nossos amores em Caridade. Por isso, aborrecimentos são sempre benéficos: quem não sofre no amor, não pode percebê-lo. A citação do grande poeta Donne que abre o livro pode ser alargada para todos os amores e sintetizar isto muito bem: “que nossas afeições não nos matem, nem morram.” Os amores naturais só podem ter esperança de caridade na medida em que se permitirem ser assumidos pela eternidade da caridade.

E quanto a formas de pensarmos isso aplicado aos games? Os exemplos aqui serão limitados (e pouco fortes) porque, como vimos, a execução verdadeira da caridade é rara e muito difícil, mesmo no mundo real. Mas podem servir de ilustração, pelo menos.

O primeiro, e o mais emblemático que me vêm à mente, é o amor entre Rolf e Nei em Phantasy Star II. Embora seja possível especular se houve afeição, amizade ou eros (ou todos eles), a caridade me parece evidente. Se tiveram a oportunidade de jogar o Text Adventure da Nei, verão que Rolf ajuda Nei apesar dela ser uma mescla entre biomonstro e humano. Não é porque viu “algo de bom nela, apesar de tudo”: doou seu amor a ela sem qualquer “razão” justificável. Ou seja, talvez tenha havido caridade dele com base no amor-doação e, por parte dela, de amor-necessidade (pois ela precisou aceitar este amor que recebia de graça e não pelas suas qualidades).

Elwin, ao escolher proteger Liana, fê-lo por amor. Mas estaria este banhado pela caridade?

 

Outro que me ocorre é o amor entre Elwin e Liana em Langrisser II (ou Der Langrisser). Elwin a ajuda, não por ser uma amiga de infância sua (como justifica Hein para si mesmo) e, acredito, não pela sua aparência. Mas por ela não poder se virar sozinha (o que seria um “defeito”) e precisar de ajuda. Ele doa seu amor a ela que, por sua vez, o aceita. Claro que a certa altura ela passa a ser companheira e luta a seu lado, mas se a caridade era real, ela sustentaria a eternidade de seu amor natural, seja ele qual fosse (afeição a princípio e amizade em seguida, pelo que pude perceber).

Estes são os que me parecem mais claros dentre todos os que comentamos durante os três outros amores. Coloquei imagens de algumas de suas sugestões (escolhidas ao acaso – e conforme a facilidade de encontrar boas figuras) e outras de jogos que citei (ou pensei) durante os posts como formas de interrogação. Se perceberam as legendas, coloquei-as mais para pensarmos juntos e discutirmos durante os comentários como sempre temos feito.

Bem, é isso por hoje. Até o próximo post!

Academia Gamer: Os Quatro Amores – Caridade (parte 05 de 05)
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12 ideias sobre “Academia Gamer: Os Quatro Amores – Caridade (parte 05 de 05)

  • 28/06/2011 em 9:30 am
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    Senil, quando você diz caridade,quer dizer pena? se for isso que dizer que por exemplo a amizade nasce pela piedade da outra? tipo, aquele cara popular ficar amigo do nerd da sala, não acredito nisso. o carinha nerd pode ter uma conversa que agrade o bonzão do colégio. e sobre o amor nesse quesito se a caridade é comparada a piedade…ninguém aceitaria um amor a base de pena. se eu e a minha namorada viajassemos de carro e no percurso,nos sofremos um acidente que eu ficasse paráplegico. claro que o namoro terminaria. afinal, não quero forçar ninguém a ficar ao meu lado.

    e ainda bem que eu não sei dirigir e não tenho carro. he,he. 🙂

    voltando ao assunto. sobre Der Langrisser, Elwin ajuda a Liana talvez por amor mesmo, mas se fosse qualquer um(ou héroi)se tivesse condições de enfrentar aquele exercito para proteger a vila, claro que ajudaria. independente de sentir algo por alguém ou não. por exemplo, uma vez salvei uma menina de ser atropelada por um carro(não foi muito heroico) e a mãe dela me agradeceu. isso foi há 4 ou 5 anos atrás, nunca mais vi aquela senhora e a sua filha,mas eu não a salvei para bancar o héroi ou me promover ou porque sentia algum sentimento pela menina ou sua mãe, foi pelo instinto mesmo. acredito que apesar da raça humana possuir inúmeros defeitos,há algumas qualidades que nós torna aquilo que somos…humanos.

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  • 28/06/2011 em 10:47 am
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    @leandro(leon belmont)alves
    Não, não! De modo algum.

    A pena (ou dó) tem a ver com um dos modos ruins de caridade (ou uma falsa caridade) como, por exemplo, as pessoas que ajudam outras para se mostrar superiores e não porque querem realmente dar amor a alguém que não pode ser naturalmente amável. Depende muito mais da intenção da pessoa do que aquilo que vemos do exterior. No exemplo que o Lewis usa do cara que contrai uma doença após casar, pode haver verdadeira caridade e não pena. Não é um “tá bom vai… eu ajudo” é mais um silencioso e sincero estender de mão e, do lado do doente, não é um “sou um inútil mesmo”, mas um sorriso e a aceitação do apoio por saber de suas limitações e também que necessita de outra pessoa.

    A caridade não é oposta ao amor, mas é um tipo de amor que, por ter algo de eternidade, tem por objetivo transformar o eros, a amizade e a afeição em “modos de caridade”. No caso do Elwin ajudando a Liana, há amor ali sim e a questão é: estaria este amor (afeição, provavelmente, em um primeiro momento) já transformado pela caridade, ou não?

    Certamente que possuímos qualidades. Mas quando olhamos para certas pessoas, não as vemos. A ideia da caridade é doar amor (seja qual tipo for) a alguém em quem não vemos estas boas características e/ou por estas. Por exemplo, é fácil amar alguém que é simpatico, sensível e que se presta a nos ouvir. Agora, alguém antipático, rude e falastrão não é; é aí que a caridade pode agir.

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  • 28/06/2011 em 12:52 pm
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    Vejo que Lewis faz várias referências ao cristianismo. Não me lembro direito, mas ele não era ateu? Se não me engano foi o Tolkien que deu a dica para ele seguir uma religião, mas Tolkien ficou meio incomodado pelo fato de Lewis não ter escolhido o judaísmo.

    Era isso mesmo?

    Outra coisa, seria a caridade uma forma de altruísmo?

    Lembro-me de um filósofo que defendia não haver um altruísmo verdadeiro, pois ajudar o próximo seria uma forma de nos sentirmos melhor, e portanto caracterizaria a ação como egoísmo. Mais tarde, parece que alguém flagrou este filósofo dando esmola a um mendigo.

    Talvez a caridade seja um ato derivado da compaixão, que se manifesta irracionalmente e por isso não seria um egoísmo, por não ser algo premeditado.

    Ou não.

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  • 28/06/2011 em 1:35 pm
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    @Fernando Lorenzon
    Eu gosto bastante dessa história entre eles. Vou tentar dar uam resumida aqui. O Lewis era ateu mesmo (desde muito cedo em sua vida). O Tolkien e um outro amigo deles (que também fazia parte dos Inklings, mas que esqueci o nome…) tinham como assunto comum “mitos” e conversavam bastante sobre isso. Para o Lewis, a ideia de Deus ter vindo ao mundo e morrer pela humanidade era muito semelhante a outros mitos. Tolkien teria respondido certa vez: “mas é um mito que aconteceu realmente”. Com o tempo, Lewis foi se convencendo de que realmente era algo diferente dos outros mitos por ter tido um lugar na História. Daí, em algum momento, ele passou do ateísmo ao teísmo e, posteriormente, ao cristianismo. Vale notar que ele sempre foi muito exigente com argumentação lógica (e usa muito isso em seus textos), então não foi uma decisão puramente emocional como se pode imaginar.

    O Tolkien, na verdade, ficou chateado porque o Lewis não passou a congregar nas igrejas protestantes (presbiteriana, batista, metodista etc. – não sei em qual o Tolkien ia) e se tornou membro da Igreja Anglicana (que é um meio termo entre o catolicismo romano e o protestantismo).

    No primeiro post da série, comentei que o amor-doação é aquele em que pensamos no futuro de outra pessoa sem esperar obter algum benefício futuro (nem mesmo um “sentir-se melhor”); o amor-necessidade é assumir que precisamos de ajuda e carinho muitas vezes. Ambos existem em todos os tipos de amores e, geralmente, ao mesmo tempo. A caridade, para Lewis, modifica a “ordem natural das coisas” ao tornar possível exercitar esse amor mesmo com relação a seres que não amamos naturalmente.

    É algo muito diferente de egoísmo, embora os amores possam tomar essa forma (deixando de ser amor e, definitivamente, deixando de ser caridade).

    O problema é que a palavra “caridade” hoje tem um sentido muito raso e se resume a “ajudar os necessitados” (em geral dar esmolas a mendigos e coisas semelhantes). O que Lewis tenta fazer é a mesma coisa que fez com a amizade: pensar seu sentido mais original e vivo e não o pedante e fraco de sua época.

    Em certo sentido, a caridade se aproxima da compaixão, mas não totalmente. Pathos (paixão) não é amor, embora faça parte dele. Pathos significa sofrimento e “compaixão” seria algo como “sofrer junto” e a caridade não implica nisso. O próprio Lewis fala, com relação ao cristianismo, que buscar a Caridade divina não significa buscar o fim de todo sofrimento; portanto, o pathos existe mesmo na caridade, mas não se resume a ele. Há alegria também na verdadeira caridade quando ela banha o eros, a afeição e a amizade.

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  • 28/06/2011 em 4:38 pm
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    @Fernando Lorenzon
    Acredito que o tal filósofo era Nietzsche. Ele defendia o egoísmo, não como uma coisa negativa, mas como algo que é natural do ser humano, como um sentido de alto preservação ou algo assim. Então, dizia, que ao agir de forma altruísta, o fazia porque aquilo poderia representar um benefício a si próprio. Acho que é isso, não posso dizer que entedi muito bem os livros dele que eu li.

    Aliás, um parênteses, pelo que o Senil passa sobre o Lewis – nunca li nada deste autor – ele e o Nietzsche são bem antagônicos. Eles foram contemporâneos um do outro?

    Outro parênteses: bem raro um ateu deixar de sê-lo.

    Realmente, é difícil puxar de cabeça exemplos de caridade em jogos. Não consegui me recordar de nenhum diferente dos citados. E não, não considero que haja caridade entre Ryu e Ken, vejo uma afeição que tornou-se uma amizade. Porém, claro, as estórias de jogos de luta sempre são tão vagas. Se você se basear no filme (a animação, por favor, não aquela coisa com o Van Damme), quando eles se enfrentam no final, Ryu evita a luta ao ver seu amigo sendo controlado. Poder-se-ia considerar isso caridade…

    Aproveito para dar os parabéns por essa seqüência de posts. São assuntos dificílimos de se relacionar com games pelo que já foi discutido. Mesmo assim nos fez pensar, que, creio eu, seja o objetivo deste tópico.

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  • 28/06/2011 em 4:56 pm
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    @Onyas
    Não sei se ele tinha pensado no Nietzsche ou não, mas isso é algo bem dele mesmo.

    Não foram exatamente contemporâneos não. Um filósofo ateu que de vez em quando o Lewis cita de sua época (e geralmente só em seus ensaios sobre literatura) é o Sartre. Ele estudava mais literatura medieval e renscentista, então boa parte de suas referências são em latim, grego e inglês antigo (tanto Old English como o Middle English). Lia coisas contemporâneas, mas não muito (sei que leu Freud, por exemplo – e que critiva em vários textos).

    Um filósofo pouco anterior ao Nietzsche (o Kierkegaard) diz que o raro mesmo é alguém que se diz cristão sê-lo de fato. hehehe Para ele, é mais fácil alguém de fora do cristianismo se converter do que alguém que nasceu em um país ou família dita cristã realizar o mesmo salto de fé. Há (poucas) evidências de que Nietzsche tenha lido algo do Kierkegaard, mas aparente o elogiou em algum momento sobre sua proposta de uma ética cristã. Li isso uma vez, mas não lembro onde…

    Sem dúvida que o Ryu e o Ken começaram com uma afeição que se modificou em amizade. A questão éq ue a caridade poderia ter modificado ambos, deixando-os como eram. Ou seja, ainda seriam amigos (pela amizade) e a caridade estaria na amizade deles e não fora. Diferente dos outros amores naturais, este quarto amor só transforma os outros três e os leva a sua plenitude.

    Com certeza são temas difíceis para relacionar com games. Mas a ideia era mesmo fazer pensar (que é a proposta da coluna). Tenho outros temas mais reflexivos em mente, vamos ver se consigo trazê-los porque é interessante esse tipo de tópico em que trago um assunto, dou algumas indicações de exemplos e o que vale mesmo é a discussão nos comentários. Foi mais uma tentatia de tentar valorizar o que vocês dizem aqui (aproveitando, claro, um autor que admiro bastante e a temática do amor – algo pertinente em um m~es como Junho).

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  • 28/06/2011 em 6:18 pm
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    Ainda que não tenha tanto a ver com o tema amor caridoso (e de certa forma tenha), isso lembrou-me de Sharon Stone, anos atrás, que estava solteira e foi perguntada sobre o perfil de homem que queria – já que todos só queriam uma Sharon-super-máquina-sexual-safadona. E ela rebateu “quero alguém que assista desenhos animados comigo, vestindo pijama”.
    Perdão pela interrupção, continuem a discussão.

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  • 28/06/2011 em 7:01 pm
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    @Iceman
    Aqui não tem interrupção não! hehehehe Se pensou nisso lendo o post ou os comentários, é totalmente relevante.

    Essa resposta é interessante porque mostra que um relacionamento fundamentado somente no eros não é lá muito bom. Amizade e afeição são cruciais e necessárias em vários momentos. E, naqueles momentos em que não sentimos nenhum, é preciso que haja caridade (seja como doação ou necessidade) para mantê-los vivos. Mesmo a mais amável das criaturas a nossos olhos em certo momento pode parecer deplorável durante alguns segundos; e é justamente nestes instantes em que podemos exercitar a caridade.

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  • 29/06/2011 em 8:47 pm
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    Dos temas expostos esse foi o que eu menos identifiquei. Do modo que foi proposto só uma divindade, como Deus para Lewis, seria capaz de demonstrar. Acho que quanto humano sempre haverá algum interessem, mesmo que pequeno. Só para constar, sou ateísta e adepto da Psicologia Evolutiva.

    PS: É possível “amar” uma não pessoa? Amo a SEGA, coisa que por muitas vezes ignora a razão 😛

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  • 29/06/2011 em 9:16 pm
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    @Guilherme
    Para o Lewis, a caridade pode ser exercida por seres humanos, só que ela depende da Graça (e, claro, de certo esforço pessoal).

    O que quer dizer por “psicologia evolutiva”? Só para entender melhor, porque eu não quero comentar algo sem saber exatamente o que quis dizer.

    Na introdução de “Os quatro amores”, o Lewis comenta sobre amar e gostar de coisas de modo mais geral. É uma boa pergunta, porque não me lembro com detalhes o que ele diz…

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