“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Olá crianças!

Com certeza o título do post dessa semana deve ser um tanto intrigante (quiçá preocupante) para muitos de vocês. Espero que parte das dúvidas sejam esclarecidas. Explico melhor a proposta mais ao final deste texto.

O amor é um tema um pouco complicado de se falar a respeito e, imagino, causa certa aversão quando o assunto é videogame. Isso pode se dar por uma série de motivos. Seja por haver excesso de encontros românticos em determinado jogo (qualificado de “açucarado”), ou pelo seu mau uso e constante relação com sensualidade e volúpia. Ao menos a mim incomodam-me os dois quando em excesso e totalmente descontextualizado no âmbito de um game específico.

Ledin, em Langrisser I, começa sua jornada buscando vingar a invasão de seu reino e a morte de seu pai.

A vingança é um tema muito mais doce a jogos eletrônicos que possuem enredo. Estórias pífias ou complexas parecem possuir quase sempre um componente de vingança que, como mel, escorre não pela tela, mas direto na garganta do jogador. Muitas vezes, o que inicia a jornada de algum herói é a busca do assassino de alguém especial em sua vida e fazer justiça com as próprias mãos. Supostamente, isso traz certa “complexidade” ao enredo que seria tosco se não houvesse tal motivo para desbravar o mundo. Vingar-se de alguém que nos fez mal é um tema muito enraizado no ser humano. Vemos histórias disso desde tempos antiquíssimos e, embora alguns poucos grandes homens tenham se colocado contra isso, seu desejo e realização traz muito mais água na boca do que o amor. A diferença, porém, é que a vingança é doce na boca, mas amarga quando chega ao estômago.

O amor é mais difícil de se lidar a princípio por ser essencialmente ambíguo: ao mesmo tempo leve e pesado. Não por ser um fardo a carregar, mas porque é muito mais que algo que sentimos: é uma ação que empreendemos. Kierkegaard fala com muita razão que o amor é um dever e que é por isso que aparece como um mandamento no Novo Testamento; sentimos, claro, alguma coisa quando amamos, mas o que muitos se esquecem é que o amor não é simplesmente algo que nos toma, mas algo que empreendemos e ao qual nos entregamos de boa vontade. Se podemos escolher ou não a taça de ouro da vingança, podemos igualmente beber, ou não, da taça de madeira do amor.

E esse amargor inicial que é tão essencial ao amor torna o assunto um pouco complicado de se tratar em games.

Porque estou falando disso tudo, vocês devem estar se perguntando. A razão é muito simples. No mês de Junho, comemoramos aqui no Brasil o “Dia dos Namorados”. Aqui, diferente de outras regiões do mundo, a data foi criada com uma ideia descaradamente comercial. Nos outros países, esse dia transformou-se em comercial (assim como aconteceu com o Natal), mas já era tradição anteriormente. Ao contrário do que possamos pensar, esse dia não abarca somente os amantes, mas relembra todos os tipos de amor e ocorre no mês de Fevereiro. Embora na tradição americana e inglesa haja notória ênfase no amor romântico nesta data (e, aparentemente, o mesmo acontecia nesta data no período de paganismo de Roma), mas não é somente isso que é amor, evidentemente.

Uma imagem de São Valentim na prisão (ao menos eu acho que é, não encontrei muitas para dizer a verdade).

O dia em questão foi escolhido por ser a data em que se deveria lembrar de São Valentim. Daí o “Dia de São Valentim” que provavelmente já ouviram falar em algum episódio de Chaves. Em 14 de Fevereiro as pessoas trocam presentes e/ou cartões em que exaltam o amor erótico e a amizade. Aqui, houve uma redução somente aos “namorados” e a mudança de mês e dia que já falei. Curiosamente, a Igreja Ortodoxa do Oriente rememora dois santos do mesmo nome e ambos no mês de Junho e isso só amplia a oportunidade deste assunto durante esta época do ano.

Existem muitos santos martirizados chamados “Valentim” e nem mesmo há certeza de que este dia é em memória de um deles, ou de todos os catorze homônimos. Uma das histórias conta que São Valentim realizava matrimônios entre casais durante o reinado de Claudius II, além de ajudá-los a escapar da perseguição porque, nesta época, ser cristão ou caridoso com algum deles era crime. Evidentemente, acabou sendo apanhado e preso. O relato continua e diz que, preso, foi-lhe solicitado pelo carcereiro que orasse pela sua filha cega. Valentim teria feito amizade com a moça e intercedeu por ela até o momento em que teria que sair para ser decapitado e escreveu um pequeno bilhete escrito somente “de seu Valentim” e entregou a jovem. Assim que sua cabeça rolou, a menina abriu o papel e, milagrosamente, teria passado a enxergar. Outras fazem algumas pequenas modificações nesta (como a de que teria se apaixonado pela moça), mas isso basta para os nossos propósitos aqui.

C. S. Lewis tem um livro chamado “Quatro Amores” em que descreve formas diferentes de amor. Ele usa vários exemplos e sua forma de escrever é bem clara por buscar enfatizar cada amor tal qual se mostra. Ele levanta então, os seguintes: afeição; amizade; eros; e caridade. Curiosamente,  Lewis sempre diz em seus textos que não é teólogo e nem psicólogo de profissão e que nem tem a pretensão de sê-lo, ou mostrar-se como autoridade nestas disciplinas. E isso é bom porque ele não cai no erro da maioria dos pesquisadores que é o de buscar explicações antes mesmo de descrever os fenômenos. E ele os descreve muito bem. Embora não admita, ele tem sim certa autoridade no assunto porque sua cadeira era sobre Literatura Medieval e Renascentista, se conseguem se lembrar do período do Ensino Médio (ou Colegial se forem da minha idade, ou mais velhos), sabem que nem tudo que se escreveu na Idade Média era árido e muito se escreveu na época sobre o amor (seja em verso, prosa ou em ensaios).

Uma das capas do livro “Quatro Amores”. Esta é uma das que mais gosto.

Logo na introdução, ele estabelece uma distinção relevante entre “amor doação” e “amor necessidade”. Enquanto que o primeiro leva a alguém a agir em prol do bem-estar futuro (e não necessariamente imediato) de alguém sem se preocupar se, ao doar-se de tal maneira, irá desfrutar de seus resultados ou não. Já o segundo é ilustrado por um criança sozinha e amedrontada a correr para os braços de sua mãe. Este é o mais interessante porque, segundo ele, é o reflexo essencial da natureza humana: nascemos indefesos e precisamos dos outros física, emocional e intelectualmente. Até mesmo para conhecermos melhor a nós mesmos necessitamos de outras pessoas. Ele ressalta ainda que o “amor necessidade” não deve ser confundido com egoísmo, embora tal amor possa ser diluído e aparecer desta forma.

É digno de nota ainda que o amor não deve ser endeusado. Lewis aponta que nós podemos, claro, agir com base nestes sentimentos, mas jamais venerá-los: ao menos “não mais do que um homem venera a coceira ao se coçar”, diz ele. A idolatria ao amor erótico foi o erro da literatura do século XIX. Se for para pensar em algum caráter de deidade no amor, ele aponta que todos os amores humanos podem ser, no máximo, imagens gloriosas de um amor que realmente seja divino.

Enfim, a minha proposta é, durante as terças-feiras do mês de junho dedicar um post a cada um destes tipos de amor usando, como base de exemplos, jogos de videogame. E se me acompanham há algum tempo, sabem que faço uma distinção entre o “estar lá” no jogo e vê-lo de fora, ou desejar que aquilo tudo acontecesse realmente com você. Por essa razão, não vou enfocar nas nossas relações de amor para com elementos do jogo. Talvez comente alguma coisa a respeito, mas o meu foco é justamente em quais games podemos nos entregar à compreensão de cada um desses tipos de amor. Ou seja, o que farei aqui poderia ser transportado para a literatura, cinema, ou qualquer outra arte que possua um elemento dramático sem qualquer problema. Não por serem “a mesma coisa”, mas porque deter-me-ei unicamente em amores que ocorrem em jogo e não na relação do jogador com elementos de jogo.

Um exemplo talvez ajude a compreender isso melhor.

Imaginem alguém que seja perdidamente apaixonado pela, digamos, Samus da série Metroid. Suponhamos ainda que seja um amor erótico. Não é disso que vou falar. Agora, imaginem que, em determinado jogo desta mesma série, a personagem principal acaba tendo um envolvimento de mesmo teor com uma outra pessoa. Isto poderia me interessar para um dos posts que vou escrever nesta série. Na realidade, nunca joguei Metroid com afinco então nem sei se este segundo caso procede ou não; mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça.

Não precisamos sempre sentir algo para entendermos do que se trata. Ao buscarmos compreender um texto (ou, numa expressão mais complicada, fazer a hermenêutica de um texto), é importante que nos deixemos levar por ele e não que nos coloquemos sempre na cabeça do seu autor, ou remontemos todo o período medieval para entender um texto em latim. Por isso, se acontece de aparecer amores, vingança e qualquer outra coisa em um jogo, podemos também nos dar à compreensão.

Gosto bastante dessa imagem. À direita, podem ver Hermes (ou Mercúrio), o “mensageiro dos deuses” cujo nome originou o termo “hermenêutica”.

Para terminar, queria finalizar com uma imagem que reflete um pouco disso tudo que trouxe nesta introdução. Em “A viagem do Peregrino da Alvorada”, um dos livros da série “Crônicas de Nárnia”, Lúcia joga xadrez com Ripchip (um rato extremamente cortês) que, embora ganhasse na maioria das vezes, em outras perdia. Isso acontecia porque ele fazia coisas sem sentido a um enxadrista como usar o cavalo (cavaleiro, em inglês) para proteger a rainha. Ou seja, o valente guerreiro esquecia por um momento que aquilo era xadrez e, enquanto pensava em uma batalha real, fazia o cavaleiro agir como ele próprio faria em seu lugar, “pois tinha o espírito cheio de arrebatamentos de outros tempos, de missões de morte ou glória, de decisões heroicas.”

Bem, é isso que queria trazer para vocês hoje. Espero que gostem desse especial do mês de Junho. Tenho pensado nele há bastante tempo e creio que será proveitoso para todos nós.

Até o próximo post!

Academia Gamer: Quatro Amores – introdução (Parte 01 de 05)
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13 ideias sobre “Academia Gamer: Quatro Amores – introdução (Parte 01 de 05)

  • 31/05/2011 em 8:52 am
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    excelente post como sempre Mestre-Senil. sobre esse negocio de ter sentimentos pelo personagens de games ao ponto de ter ciumes,confessso…..sou gamadão pela Lightning de FFXIII! tipo,eu gosto de mulheres duronas ao mesmo tempo Lindas e que Raramente agem e sentem frágeis. minha admiração por ela(pra não dizer amor) deu quando eu comprei uma revista de games e dei de cara com ela…amor a primeira vista(ai,ai^^)gamei nela e jurei que assim que o jogo estivesse a venda eu ia termina-lo. tanto espero que nesse novo game FFXIII-2 ela não arrume um namorado por lá! minha “segunda amada” seria a pricessa Ashe de FFXII^^ só que claro é mais saudavel se apaixonar por alguem de carne e osso,mas sonhar é de graça e ninguém se machuca XD. os enredos onde um personagem principal inicia sua busca por vingança…não sei dizer, depende do enredo de cada jogo mesmo. até porque eu nem ligo quando o enredo do game envolve isso. a maioria dos jogos que eu zerei ou joguei não tinha isso pelo que me lembre. Langrisser seria um exemplo, mas eu não jogo ele devido ao enredo de vingança, sou mais pelas batalhas e pela arte do game mesmo.

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  • 31/05/2011 em 1:58 pm
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    Não sei você, mas eu nunca joguei Final Fantasy XIII e na verdade nem tinha lá muita vontade de jogar até ler um texto em um site sobre o que uma jogadora achou da relação entre Fang e Vanille, que ela comparava bem com Xena & Gabrielle. Ler seu post me lembrou essa história.

    Como você vai tratar de diversos tipos de amor, dá pra pensar em muita coisa, dos afetivos aos de amizade. As relações entre James e Mary em Silent Hill 2; Solid Snake e Otacon em Metal Gear Solid (que eu acho muito mais interessante que a de Meryl. Prefiro o final “ruim” do jogo); a relação de traição entre Naked Snake e Eva em Metal Gear Solid 3; a relação de pai e filha de Harry Mason a Cheryl em Silent Hill: Shattered Memories.

    Engraçado que quase só me vem Konami à cabeça. Acho que sou um fanboy, haha! Tb não sei se você pretende se ater somente a retrogames ou não.

    Vou acompanhar os próximos posts. Um abraço.

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  • 31/05/2011 em 2:55 pm
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    @leandro(leon belmont)alves
    hehehe Isso é bem comum mesmo, não precisa se preocupar com isso. Tem muitos personagens (femininas, masculinas e até “neutras” hehe) que admiro muito e até poderia pensar como amor (qual tipo de amor mais especificamente poderá dizer conforme passam os posts dessa série especial).

    A vingança é um tema bem comum em games e livros (veja Conde de Monte Cristo, por exemplo) e não é em si mesma ruim. Eu mesmo gosto de muitas obras que têm isso por tema. Mas que é um fato ue as pessoas preferem muito mais uma temática assim do que outras isso é. hehe

    @@d_nho
    Gosto bastante do Otacon e da relação dele com o Snake. A Meryl é meio sem graça mesmo (tanto que só gosto “dela” no Policenauts). Muito bem lembrado aliás. hehehe

    E não se preocupe com só dar exemplos da Konami. hehehe Na verdade, foi até bom porque me abriu os olhos. Eu mesmo vou falar dos jogos que mais me vêm à cabeça na hora. Queria aproveitar os comentários para ouvir outros exemplos de vocês, como estes que você passou. Cada um tem exemplos mais marcantes. Devo até soar repetitivo, porque vou falar de games que me são importantes de uma forma ou de outra.

    Acompanhe sim! E não esqueça de comentar. Adoro ler o que escrevem porque me ajuda a pensar mais e melhor. Até lá!

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  • 31/05/2011 em 10:37 pm
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    Depois de alguns meses volto aos bancos da academia para ouvir as grandes palavras do professor Senil!

    E que satisfação! O tema é muito interessante e não posso deixar de parabenizar pela escrita (estou com a impressão de que melhorou desde a última vez que li, o longínquo texto sobre castelos de areia). Fiquei lembrando o texto inteiro de Final Fantasy VI. Provavelmente é o game que joguei com mais exemplos das diversas formas de amor e ainda com um tema de vingança entremeado. Lembrei bastante também de Final Fantasy Tactics, em que uma relação de amor entre Ramza e Delita muda para uma espécie de história de vingança.

    Na verdade acho que isso acontece em algumas tramas literárias e cinematográficas também. Lembro agora de Coração Valente, que é um outro caso, em que a morte de uma pessoa amada leva a uma vingança e depois a uma luta ainda maior, por um povo inteiro!

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  • 31/05/2011 em 11:49 pm
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    @Gorin
    Valeu pelo elogio!

    Bom saber que sentiu uma melhora na escrita. É sempre bom aperfeiçoar alguma habildiade. E como me dedico à redação mais do que a qualquer outra coisa, é sempre uma imensa satisfação sentir que estou refinando o estilo!

    Final Fantasy VI é bem emblemático neste sentido sim. Um ótimo exemplo, sem dúvida. Vingança e amor aparecem juntos em muitas obras pela força que ambos os temas têm.

    Coração Valente é espetacular. Preciso assistir de novo, porque faz algum tempo que não vejo. Vou anotar em algum lugar aqui para fazer isso em breve. hehehe

    Continue acompanhando! Teremos o mês de Junho inteiro para conversar sobre isso!

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  • 01/06/2011 em 5:05 pm
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    Lembro quando joguei Final Fantasy IV (ou II se for americano). Não terminei o jogo, mas durante entram um casal de gêmeos no grupo chamado Porom e Parom, ou coisa assim. Lembro que tinha pegado certa afeição por eles, fiquei até chateado quando os perdi. Mas no final acho que eles voltam, não sei. É um jogo que um dia voltarei a jogar e pode ser um bom exemplo para este post. Outro Final Fantasy, o Tactics, teve um final muito melancólico para mim, acho que por todas as horas de jogo, em alguns casos, você cria uma certa afeição aos personagens, mesmo que, às vezes, eles não tenham muita personalidade.

    Você falou que no século XIX houve uma idolatria pelo amor erótico, acho que perdura até hoje. Ou amor proibido aos diabéticos (cheio de açúcar…). Creio que o amor tenha muitas facetas para ser limitado desse jeito. Como o amor paterno de Silent Hill, outro bom exemplo, onde um homem atravessa um inferno atrás de sua filha, um amor de doação, sem dúvida.

    Existem inúmeros exemplos. Vou pensar em outros e vou postando a medida em que eu me lembrar. Este assunto dá pano pra manga.

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  • 01/06/2011 em 8:43 pm
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    Só avisando uma coisinha aos leitores: vou viajar amanhã para Curitiba (vou participar de um congresso) e só devo responder os comentários que fizerem após o Domingo (que é quando eu volto).

    @Onyas
    Eu gosto desses dois também. hehehe É um bom jogo este, mas, não sei bem porque, só o terminei uma vez. O Tactics eu joguei muito pouco (não faz meu estilo de jogo de estratégia – prefiro algo como Langrisser e Shining Force mesmo).

    Sim, isso perdura até hoje. A diferença é que hoje há certo ranço com relação a isso e consideram qualquer obra que trate desse amor como um texto “menor” que outros. Alguns são realmente água com açucar (principalmente aqueles de banca de jornal), mas isso não quer dizer que todos sejam assim. Pelo menos eu espero que não. 🙂

    Os exemplos vão acabar sendo as coisas mais legais destes posts. Isso porque eu mesmo vou citar poucos em cada um e vou querer ler quais vocês acham que se encaixaria em cada tipo de amor.

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  • 04/06/2011 em 2:59 pm
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    Boas recomendações. Fiquei bem interessado por este livro de C. S. Lewis.

    De qualquer forma, caso ainda não tenha jogado, recomendo: Dragon Quest V. Você acompanha três gerações do herói, recheado de questões como vingaça, sacrifício e amor. E recomendo mais ainda que utilize o Party Talk a todo e qualquer momento, pois é exatamente onde você pode observar o desenvolvimento das personagens. Sem falar que é um jogo bem divertido, claro.

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  • 06/06/2011 em 1:27 pm
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    Acho que em termo de amor, romance e derivados, o RPG é o gênero mais prolífero neste quesito. Phantasy Star, de novo, é um jogo que serve como belo exemplo. No primeiro jogo, a vingança de Alis pela morte de seu irmão. No terceiro o jogador tem que fazer escolhas, com quem casar – quem você ama mais? Se é que o amor pode ser quantificado. Além dos relacionamentos com as próximas gerações. Shadow of Colossus é outro bom exemplo, mas estes dois últimos eu não conheço muito bem. Ico é outro jogo interessante neste sentido, com dois personagens totalmente diferentes, que sequer falam a mesma língua, mas que criam um vículo de confiança entre os dois apesar disso. Ico é um baita jogo neste sentido, um dia quero jogar, assim como Shadow.

    O que eu acho legal nos jogos que eu citei, e na maioria na área de games, não acabam caindo na pieguice. Já Final Fantasy VIII eu acho piegas, algo que pode ser bom ou ruim, dependendo do gosto, e eu não gosto. No livro “Além do Bem e do Mal”, Nietzsche desvalorisa o amor, dizendo que o amor foi inventado pela igreja para desestimular a promiscuidade. Segundo ele, amor nada mais é do que “estímulo sexual”. Bom, gosto dos textos dele, mas também acho que ele não deve ser levado muito a sério – pô! um dos capítulos do livro “Ecce Homo”, uma autobiografia, tem o seguinte título: “Por que sou tão inteligente?” – mas concordo em parte porque hoje há uma supervalorização do amor. Só que do amor piegas, falso, travestido com máscaras, pessoas perfeitas que não existem. Tipo o que é retratado em novelas e em filmes de holywood, o “viveram felizes para sempre”.

    Não que não haja esse tipo de representação em games, só não têm tanta atenção a ponto de ser tema principal.

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  • 07/06/2011 em 12:32 am
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    @Versiani
    É um dos melhores livros dele. Foi editado pela Martins Fontes e é bem fácil de achar. “A Abolição do Homem” é outro bem legal também (e bem curtinho).

    Excelente sugestão. Eu já joguei Dragon Quest V e avancei bastante na versão de SNES, mas nunca finalizei. Está certamente em minha “lista de retomadas” porque eu achei ele muito divertido. Tem algum remake dele, ou algo do tipo?

    @Onyas
    Sem dúvida. Em RPGs e jogos mais recentes; aqueles que se aproveitaram do sucesso que a “tal de história” estava fazendo e resolveram colocar algo do tipo em todo e qualquer jogo que lançassem.

    Phantasy Star é bem rico neste sentido e, com certeza, vai aparecer em alguns dos exemplos que vou dar durante os posts. A minha ideia é dar só algumas sugestões de jogos que me vêm fácil á cabeça e discutir com vocês pelos comentários.

    Duas coisas que citou que eu realmente acho tediosas: o amor piegas e o amor pensado somente como atração sexual. Vou criticar isso em cada post um pouquinho conforme possível. Isso leva a uma confusão danada e, infelizmente, muitas vezes não fica só no âmbito da discussão de conceitos. O Nietzsche que citou é muito próximo do Freud neste sentido; e ambos vacilaram bastante nisso, pelo menos é o que eu acho. Existem filósofos da existência e psicólogos mais ricos conceitualmente que eles.

    Sem dúvida a representação dos filmes e tal peca bastante. Mas aprendi a não me incomodar com o “felizes para sempre” dos contos de fada. Acho que eles trazem bastante riqueza se pensarmos a felicidade não como alegria atrás de alegria, mas uma vida complicada, mas ainda assim prazerosa de ser vivida. Em games isso até aparece; diria até que o apelo erótico é bastante acentuado (o que acho válido em certos jogos em que isso faz sentido, mas desprezível em outros).

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  • 07/06/2011 em 8:32 am
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    @O Senil
    Tem sim, para Nintendo DS. Os gráficos são ótimos, a tradução é impecável. Além disso, há algumas mudanças e adições – mais monstros recrutáveis, Débora como uma terceira e hilária opção para casamento, além do jogo não tentar lhe fazer sentir a pior pessoa do mundo se você não escolher Bianca.

    De qualquer forma, obrigado pela dica. Sua coluna sempre me faz conferir um livro ou jogo que eu não conhecia.

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  • 08/06/2011 em 1:04 pm
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    @Versiani
    Que barato! Não sabia desse remake. Eu joguei pouco a série Dragon Quest, mas este foi o meu preferido. Vou ver se consigo jogar.

    Fico feliz que tem ajudado você a buscar livros e jogos diferentes! É sempre bom esse tipo de coisa; muitas vezes as sugestões que me dão por aqui através de comentários também são muito bem aproveitadas. 🙂

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