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Agora, com o controle de clima recuperado por Wren, Lyle e Rhys tinham diversas razões para saírem de Aridia…

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Aquela nossa passagem por Aridia novamente foi tão cansativa e desgastante como todas as outras vezes… Não pudemos deixar de passar em Hazatak uma vez mais para enchermos nossos cantis com água, por mais apressados que estivéssemos… Agora, éramos dois que precisávamos desse raro líquido na região. Lyle estava ansioso por chegarmos logo em sua terra que, presumíamos, não deveria mais estar congelada e fadada à lenta degeneração. Mieu estava da mesma forma com que sempre esteve; preocupada com todos nós e tentando ajudar no possível. Wren, silencioso como sempre, mantinha a mesma postura sempre… Muito diferente da andróide que estava comigo há mais tempo… E, de uma forma que não entendia, diferente daquela com que topamos uma vez mais no meio do deserto.

E quanto a mim?… Eu estava sentindo tudo isso que eles, à minha maneira… Ansioso por rever minha noiva, preocupado por pensar que teria que entrar em breve em terras layanas, receoso com a tal terra de origem de Lyle (que me fazia duvidar se ele seria um layano ou não…)… Foi uma caminhada silenciosa e ao mesmo tempo pesada, para todos nós. Feitos de carne ou de metal, indistintamente.

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Quando chegamos à caverna que nos levaria para fora de Aridia, não fiquei surpreso ao notar que o casaco que deixara ainda estava lá. Com um leve sorriso, fui apanhá-lo; todavia, a voz de Lyle me interrompeu dizendo, “Você não vai precisar mais disso, meu caro.”. Lembrei-me que era provável que o clima estivesse mais ameno de fato, mas precisava devolver à senhora que nos ajudou e nos cedeu essa vestimenta. Lyle, com uma gargalhada gentil e não vexatória, disse “Não se preocupe! Esteja certo de que ela não precisará mais disso!”. Sem saber muito bem o que fazer, me voltei para Wren que nada dizia com seu rosto e Mieu, nada tinha a me sugerir. Com um suspiro, deixei o casaco ali mesmo e comecei a travessia naquela caverna estranha até que finalmente saímos no local em que antes havia uma fortaleza orakiana.

E não foi com pouca surpresa que deslumbramos a grama verde do lugar onde saímos. Os fortes ventos gélidos que outrora me atingiam os ossos deram lugar a uma brisa calidamente quente que banhou o meu rosto. Lyle também estava exultante e, tão logo o choque da mudança o deixou um pouco, veio agradecer-me uma vez mais e lembrou-me de que teríamos que ir até o seu reino. Somente precisaríamos usar um barco que estivesse ancorado perto de Rysel.

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Não era um lugar totalmente seguro. Os monstros que nos atacavam antes ainda dominavam o território. Mas entre um ataque e outro, eu pude ver a grama molhada e algum gelo persistente derretendo aos poucos. Aquele era o orvalho que o povo de Rysel e de além mar precisavam… Fiquei feliz por ter ajudado… E neste momento, eu me perguntava, angustiado, se estaria seguindo o caminho correto em direção à Maia… Essa dúvida se dissipou tão logo uma da mulheres da cidade nos disse que viu uma mulher e um monstro voarem para Leste. Não sei se minha obstinação era muito evidente, mas logo depois desse aviso, Lyle pôs a mão em meu ombro e disse: “Vamos até lá Rhys. Eu acompanho você.”. E fomos solicitar a ajuda de um senhor que nos oferecera seu barco instantes antes.

Assim que alcançamos a outra margem, nos dirigimos à primeira cidade. Com mesmo temor e calor que experimentei quando entrei naquele mundo da primeira vez, adentrei àquele lugar. Fiquei surpreso ao ser recepcionado por orakianos como eu. Pensei que talvez minhas preocupações (inclusive a respeito de Lyle) tivessem sido infundadas afinal. Ali, em Agoe, eles temiam a cidade layana ao norte que se chamava Shusoran. Alguns de seus habitantes, exaltados, diziam que deviam lutar contra os layanos com ciborgues e máquinas como Orakio teria feito há mil anos atrás.

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Mas achei curioso alguns fatos apontados por alguns de seus soldados… Segundo eles, Shusoran parecia pacífica, mas que sabiam que por trás dessa falsa aparência residia algum mal. Mesmo seu rei e sua rainha temiam um ataque de layanos. De qualquer forma, eu deveria continuar a minha jornada até lá… Sabia que era em direção ao perigo que deveria rumar… Devia ir em direção ao “exército de monstros vis” que tanto os atemorizavam. Certa mulher na cidade assumia ainda que o pior de tudo era que os layanos pareciam com eles! Até me envergonho um pouco ao dizer isso, mas isso reacendeu minha dúvida com relação a Lyle. Será que ele seria daquela família odiada? Afinal, ele não conhecia ninguém em Agoe e dizia que sua casa era por ali em algum lugar… Isso permaneceu para mim como um enigma…

Após descansarmos um pouco, conversamos com o povo que estava na praça da cidade e um deles nos disse que uma jovem havia sido levada ao castelo de Shusoran. Temendo pelo pior, corri o mais rápido que pude em direção ao portão de Agoe. Lyle corria atrás de mim, gritando para que esperasse. Mieu, compadecida dele, imagino, também pedia o mesmo. Somente Wren me seguia imitando minha queitude em vários aspectos. A diferença era que eu ofegava. Estava cansado enquanto percorria aquela planície tranqüila e respirava o ar puro dali… Cansado daqueles layanos que só me traziam problemas desde que soube que existiam de verdade… Cansado de ter que procurar por alguém que há algum tempo estava feliz em meus braços… Cansado de imaginar que ela poderia estar sofrendo algum mal…

Não sabia o que fazer quando chegar em Shusoran… Não sabia o que seria de mim uma vez que pusesse meus pés lá… Mas tinha que ir. Nada me faria mudar de idéia.

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Diário de Bordo: Phantasy Star III – A primeira geração (04)
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2 ideias sobre “Diário de Bordo: Phantasy Star III – A primeira geração (04)

  • 12/05/2009 em 4:17 pm
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    >Não sabia o que fazer quando chegar em Shusoran… Não sabia o que seria de mim uma vez que pusesse meus pés lá… Mas tinha que ir. Nada me faria mudar de idéia.

    R: A primeira vez é sempre assim, e quando cruzamos a fronteira do desconhecido que chegamos e do falso esperado útero da questão, eis que surge mais uma revelação, um inesperado antes, porém, daquilo que tanto esperamos.

    Um ótimo estilo de escrita de diário.

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  • 13/05/2009 em 10:28 pm
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    Valeu! hehe Com esses seus comentários bem escritos fico até com vergonha do meu texto! huahuahua

    Mas a idéia do que penso ao reler essa frase que cunhei (para tentar expressar como Rhys estava se sentindo no momento) é mais ou menos essa… Ele se angustia muito por saber que ele pode cessar sua jornada quando bem entender; mas que é preciso que dê esse salto além, para aquilo em que não tem certeza de nada. É um salto no escuro. Belo, trágico e, em muitos sentidos, humano.

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