Olá amigos do Gagá Games! Aqui é o retrogamer André Breder trazendo mais uma edição do Recordar é envelhecer! Hoje vou relembrar um game do Atari 2600 que mesmo não sendo um clássico do sistema, foi um título que causou muita polêmica na época de seu lançamento: trata-se do game adulto X-Man, que para os que não conhecem o jogo, só ressalto que ele nada tem a ver com o grupo de mutantes comandados pelo professor Xavier. Bem tenham uma boa leitura e até o próximo final de semana!

Introdução

Se até hoje em nosso país os video games são vistos como algo infantil por muita gente, imagina então durante a década de 80. Mesmo que campanhas massivas colocassem os video games como algo para toda a família (como as campanhas feitas pela Atari), a grande maioria que viveu o início dos games domésticos encarava os jogos eletrônicos como algo feito exclusivamente para crianças. Os consoles não passavam de brinquedos mais modernos do que um carrinho movido a pilha. Indo na contramão deste pensamento, uma empresa chamada “Universal Gamex” trouxe para o Atari 2600 no ano de 1983, um game totalmente voltado para o público adulto chamado X-Man. Neste game o jogador assume o papel de um jovem do sexo masculino, que deve percorrer um labirinto até ser capaz de chegar em um quarto, onde uma bela loira o aguarda, para juntos terem uma quente relação sexual.

Hoje em dia, com o sexo praticamente explícito em vários games, a “trama” de X-Man parece algo banal, e na verdade ela é, só que não foi assim que pensaram muitas das pessoas que viviam no ano de 1983. Para muitos, aqueles mesmos que pensavam de maneira errônea que os video games são algo feitos exclusivamente para crianças, ficaram horrorizados com um game que abordasse o sexo de uma maneira tão simples e direta. Mesmo com os dizeres “Adults Only – Sales to minors prohibited” na caixa do cartucho de X-Man, isso não impediu que o game fosse duramente criticado por grupos feministas e banido de várias lojas.

Sobre o game:

Nas próximas linhas vou ao mesmo tempo fazer uma análise deste controverso jogo, e também mostrar que ele na verdade não é um game de mal gosto (bem, pelo menos na minha opinião) como muitos colocam por aí. Como já dito anteriormente, em X-Man a primeira missão do jogador é atravessar um denso labirinto onde no final uma porta o levará ao encontro de uma linda mulher. Chega até a ser cômico a imagem do personagem nesta etapa do jogo: fora o detalhe que ele está usando um chapéu que parece ser do tipo “cowboy”, o personagem está completamente nú, e já com seu pênis ereto, pronto para o “ataque”. Só que aqui como estamos em um jogo, alguns “inimigos” existem neste labirinto para tornar a aventura em algo com um pouco mais de desafio: além de um limite de tempo de 99 segundos para completar o estágio, o “herói” terá que tentar escapar de tesouras, caranguejos e dentaduras, que sairão da porta que leva ao quarto (será que a moça está se fazendo de difícil, e colocando de propósito alguns obstáculos no caminho do jogador?) e ficarão percorrendo o labirinto. Caso um inimigo entre em contato direto com o intrépido jovem, ele fará com que o seu órgão genital seja devidamente inutilizado. Em outra palavras, o jogador perderá então uma vida e terá que voltar ao começo do labirinto, que terá ainda de maneira randônica seu percurso alterado. Ao todo o jogador tem 4 vidas.

Aos “bravos guerreiros” que conseguirem passar por todos os perigos do labirinto, a segunda parte do jogo ficará disponível: será a hora de fazer sexo com a linda e cobiçada loira, que no primeiro “encontro” estará na clássica posição “de quatro”. O garotão terá então 30 segundos para transar com a moça (estamos em um game, por isso o tempo curto). E é nesta etapa que fica claro (para mim, pelo menos) que os produtores do jogo não são uns malditos como muitas mulheres protestavam na época em que X-Man foi lançado: um “Sexual Excitement Meter” dá as caras nesta parte, e ele determina a quantidade de pontos que o jogador será capaz de fazer. Só que ele não mede só o prazer do garotão, mas o que é sentido por ambos durante a transa, e para que se consiga o maior número de pontos é necessário que o jogador consiga fazer com que a mulher também tenha satisfação durante o ato sexual. Isto deixa claro que o jogo não coloca a mulher como um mero objeto que dará prazer ao homem, e sim alguém que irá também receber prazer durante a relação íntima.

Portanto na minha visão X-Man não é um game que desrespeita a mulher, pelo contrário, coloca como mais importante o fato de que ambos, homem e mulher, devem ter satisfação durante o ato sexual. Quantos homens por aí são acusados por suas esposas de apenas se preocuparem em ter seu próprio prazer, e depois viram para o lado e dormem, enquanto a mulherada fica sem seu cobiçado orgasmo? Em X-Man se o protagonista será um cara “mal de cama”, incapaz de dar prazer a sua parceira, isso dependerá unicamente do jogador e de sua performance durante a segunda etapa do game, portanto tanto protesto por parte de grupos feministas que ocorreram na época por causa deste game, só servem para mostrar quão ridículo tudo isto foi. A menos, claro, que as mulheres que colocavam este game como maldito não gostavam de sexo, e o via como uma afronta a elas. Vai saber… Em X-Man a mulher não é estuprada como a pobre índia do game Custer’s Revenge: ela é apenas uma “pessoa normal” que gosta de fazer sexo, só isso.

Como todo game do Atari 2600 que se preze, em X-Man também há uma contagem de pontos. Na parte do labirinto quanto mais rápido for o jogador em sua atravessia, mais pontos ele irá faturar. Já na parte do “vamos ver”, quanto o jogador vai finalmente fazer sexo com sua adorada loira, a chance de obter pontos extras vai depender da performance do protagonista do jogo durante o ato sexual. O “Sexual Excitement Meter” é dividido entre duas letras: “L” (Low) e “H” (High). Quanto mais alto for a satisfação sexual do casal, mais pontos serão obtidos no final. Ao passar pelo primeiro labirinto e ter sua primeira transa, o jogador então irá automaticamente para outro labirinto, onde poderá então ter sua segunda noite de sexo, onde desta vez a loira o estará esperando na igualmente clássica posição “frango assado”. Já no terceiro encontro, a loira irá fazer sexo oral no protagonista. Apesar da variação de posições e formas de sexo, o modo de agir durante estas etapas será sempre a mesma: o jogador deve movimentar o manche direcional de maneira bem rápida para a esquerda e para a direita, de maneira alternada e repetida a exaustão. Só deve tomar cuidado para não “empolgar” muito e ferrar com o controle. Após o jogador conseguir entrar na quarta porta, o protagonista do game então irá a “forra”: de maneira automática, ele irá durante o tempo de 30 segundos, fazer sexo com a loira das três formas mostradas anteriormente, de maneira alternada. A partir disso, o jogo voltará ao seu ciclo normal, ou seja, repetindo de maneira infinita todas as três formas de sexo para aqueles que forem capazes de vencer os labirintos que vão sendo apresentados pelo game.

Os gráficos do game variam de acordo com a etapa em que se esta jogando: nos labirintos tudo é bem simples com personagens bem animados mas pequenos na tela; enquanto que na “etapa sexual” o casal do jogo é representado com gráficos bem grandes na tela, algo que não era nada comum para os jogos do Atari 2600. Apesar de tudo continuar simples, e os objetos gráficos terem nesta etapa uma animação pior do que a vista na anterior (só mesmo a loira mostra alguma reação durante o ato sexual), é interessante notar que os produtores quiseram fazer algo bem detalhado para a época. As cores do game são poucas e em tons médios, nada que seja “berrante” mas que também não seja escuro demais. Apesar do game ser para o público adulto, o design das pessoas e demais “criaturas” que existem no game possuem um tom bem cômico e exagerado. Mas também exigir realismo em um game do Atari 2600 seria pedir demais. Quem sabe um dia não lançam uma versão HD de X-Man…

A parte sonora é também bem simples, e em alguns pontos até bem irritante: o som que o personagem emite ao andar nos corredores da etapa do labirinto é simplesmente horrível… um dos sons mais chatos que já tive o desprazer de ouvir em um game do Atari 2600. Os objetos e “seres” que caminham no labirinto à procura do nosso “herói”, chegam a emitir alguns sons quando mudam de rota, mas é algo bem curto, e não um barulho constante como o do andar do protagonista do game. Não há trilha sonora durante a fase do labirinto, mas quando o personagem é pego por um dos inimigos, ou quando ele adentra uma das portas do labirinto, uma curta música se faz presente. Durante a parte “sexual” do game, não haverá nenhuma balada do Bon Jovi para dar o clima romântico, mas haverá um efeito sonoro que irá aumentando de intensidade a medida que o jogador consegue atingir níveis mais altos no “Sexual Excitement Meter”. Foi algo bem sacado, pois serve para mostrar, de uma maneira sonora, que a transa está realmente esquentando ou esfriando, já que o efeito sonoro volta a diminuir seu volume se o jogador começar a não “dar no couro” durante o ato sexual.

Seguindo o mesmo esquema dos dois quesitos anteriores, a jogabilidade em X-Man é bem simples e direta, sendo que todos os comandos do game são feitos por meio do manche direcional, não tendo a necessidade em nenhum momento de utilizar o botão do controle. Já em relação a dificuldade, o game não é tão simples quanto parece: os labirintos surgem de maneira randônica no game, ficando na sorte (mesmo que Obi Wan Kenobi afirme que não existe esse “lance” de sorte) se o jogador terá algo muito complicado pela frente. Apesar de todo labirinto ter uma área em que o jogador poderá utilizar para “despistar” o seu inimigo, tudo é muito limitado, fazendo com que a resposta do jogador quanto as situações que ele viverá no jogo conte para que ele tenha sucesso em sua “jornada”. A etapa onde ocorre a relação sexual é mais fácil, contudo, não tendo muito mistério na sua execução. Tem que ser muito “noob” para não conseguir se dar bem nesta etapa. O desafio do game está mesmo na parte do labirinto, já na parte do “tico tico no fubá” tudo será bem mais simples e fácil. Será praticamente uma espécie de “fase bônus”.

Conclusão:

Em suma: X-Man é um game divertido, apesar de ser bem limitado. Na minha sincera opinião ele não mereceu ser alvo de tantos protestos na época, pois ele trata de algo que existe praticamente desde que o mundo é mundo: uma normal relação sexual entre duas pessoas. Apesar de muitas mulheres dos anos 1980 o terem visto como algo ofensivo, o jogo em momento algum faz algum tipo de agressão ao sexo feminino, pelo contrário, até mostra, de uma maneira até educativa eu diria, que o mais importante em uma relação sexual é que ambas as partes que estejam participando do ato tenham satisfação e prazer. Quer algo mais feministas do que um game que pregue a igualdade entre ambos os sexos, ainda mais relativo a algo tão importante e delicioso de ser feito quanto o sexo? X-Man é um game que estava a frente de seu tempo!

Recordar é envelhecer: X-Man (Atari 2600)
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